There Are Rivers in the Sky, Elif Shafak
De vez em quando, surgem-nos nas leituras autores que nos fascinam — seja pela escrita, pela forma de pensar e estruturar o enredo ou pelos temas que decidem abordar nos livros. Para mim, Elif Shafak tem-se tornado uma daquelas escritoras que reunem tudo isto de forma magistral, e só tenho pena de ainda só ter lido dois livros dela: The Island of the Missing Trees (PT: A Ilha das Árvores Desaparecidas), que amei, e este There Are Rivers in the Sky.
A história começa com uma simples gota de água, que permanece a mesma com a passagem dos séculos, lançando desde logo o mote deste livro — a importância que a água tem para as civilizações e para as pessoas, seja através da chuva, das lágrimas ou dos rios. Aqui, Elif Shafak volta, então, a trazer um elemento da natureza como fio condutor da história, mas desta vez foi ainda mais ambiciosa na estrutura narrativa que montou.
Acompanhamos quatro linhas narrativas, e tudo começa na antiga cidade de Nínive, na Mesopotâmia, onde vamos assistir à escrita da epopeia de Gilgamesh. Esse poema vai unir três vidas em alturas diferentes da história: a de Arthur, nascido na Londres de 1840; a de Narin, uma rapariga turca de dez anos, que em 2014 é diagnosticada com uma doença rara que lhe causará surdez; e a de Zaleekah, uma hidrologista que se muda para um barco no rio Tamisa, depois de se ter divorciado em 2018.
The world would have been a much more interesting place if everyone was given a chance to meet their ancestors at least for an hour in their lifetime.
Embora saltemos várias vezes de perspetiva, de ano e de rio — e passada a estranheza inicial —, creio que este livro é bastante fácil de acompanhar. Não é uma leitura para ser feita de ânimo leve, pois cada personagem traz consigo um mundo de temas a serem explorados. Contudo, aquilo que mais me surpreendeu foi a forma magistral como Elif Shafak conseguiu unir tudo no fim, não deixando nem uma ponta solta. E deixo uma última palavra para a escrita da autora, como não poderia deixar de ser, que está ainda mais bonita do que me lembrava de ter lido em The Island of the Missing Trees (PT: A Ilha das Árvores Desaparecidas).
There Are Rivers in the Sky estará, sem qualquer sombra de dúvidas, na minha lista de livros favoritos do ano. E é daqueles que eu gostaria de reler, sabem? E vocês, já se apaixonaram por Elif Shafak? Contem-me tudo nos comentários!