Family Meal, Bryan Washington
Estava há muito tempo para ler mais coisas de Bryan Washington, e fiquei super feliz com o lançamento de Family Meal. Tinha adorado Memorial — foi um dos meus favoritos de 2021 —, pelo que as expectativas estavam em altas para esta leitura. Nem sequer li a sinopse antes de começar, e ainda bem que assim foi, já que sinto que aproveitei melhor a experiência por ir às cegas.
À semelhança de Memorial, temos uma história contada em diferentes perspetivas: Cam, que vive sozinho desde que o namorado, Kai, morreu; Kai, que surge como um fantasma que não deixa Cam seguir em frente; e TJ, amigo de Cam, com quem já não tem assim tanta relação, mas em tempos foram melhores amigos. É uma história sobre luto, sobre magoarmos as pessoas que nos são mais próximas, sobre encontrarmos a nossa própria família e, também, sobre o papel que a comida tem no meio disto tudo. Se espremermos bem, talvez não haja aqui grande enredo: são só estas três pessoas, bem como as que andam à sua volta, a tentar lidar com as coisas que lhes acontecem. Isso não quer dizer que seja um livro vazio, muito pelo contrário: há, nestas páginas, muita complexidade humana, muitas interações que parecem demasiado reais.
Maybe we can only do what we can, I say. And we try to hurt as few people as possible.
There's no way not to hurt anyone, says Emi. Even if you really try. You'll only end up burning yourself.
Notei alguns pontos em comum com o primeiro romance do autor, nomeadamente a influência japonesa — seja através do background das personagens ou dos locais para onde elas vão. Ainda assim, notei uma grande evolução, não apenas na escrita, mas também na forma como temas pesados como o luto são retratados. Gostei especialmente que Bryan Washington continuasse a explorar formatos diferentes com a sua escrita, dependendo da personagem cujo ponto de vista acompanhamos.
Sei que não é para toda a gente, especialmente por nos trazer histórias mais focadas em personagens do que num enredo, mas eu continuo fã deste autor e fico curiosa com o que escreverá daqui para a frente. Ainda tenho LOT, uma coletânea de contos, debaixo de olho. E vocês, já leram alguma coisa dele?