We Used to Live Here, Marcus Kliewer
Este ano, por alturas do Halloween, o TikTok encheu-se de vídeos a recomendar dois livros aparentemente incríveis: Incidents Around the House, de Josh Malerman, do qual já vos falei por aqui, e We Used to Live Here, de Marcus Kliewer. Tendo gostado bastante do primeiro, decidi embarcar em mais uma leitura de terror com o segundo — e fi-lo numa leitura conjunta com a Sofia e o Guilherme (🫶).
We Used to Live Here começou por ser um conto publicado no Reddit e que, depois de uma receção incrível, o autor decidiu estender para um livro maior. Apesar de a experiência de leitura ter sido maioritariamente positiva, consigo perceber que esta extensão não foi assim tão bem concretizada quanto isso. Mas vamos por partes: neste livro, conhecemos Charlie e Eve, um casal que costuma remodelar casas e que encontra uma casa perfeita para o seu próximo projeto. Um dia, enquanto Charlie está fora, batem à porta e Eve abre. Do outro lado, está uma família — o pai afirma ter vivido naquela mesma casa anos antes, e pergunta se pode mostrar a casa à mulher e aos filhos. Embora tenha um mau pressentimento em relação àquelas pessoas, Eve deixa-as entrar.
Já estão a ver o que acontece de seguida, certo? Uma série de fenómenos estranhos começam a seguir-se uns aos outros, e a família parece não perceber que está na hora de saírem lá de casa. Não vos conto mais sobre o enredo em si — até porque esta é uma daquelas leituras em que é preferível ir às cegas —, mas posso dizer que um dos pontos fortes do livro é, sem dúvida, a construção de um ambiente de tensão. Ao mesmo tempo que sentimos o desconforto de Eve com a presença daqueles estranhos, também, como ela, há uma parte de nós que tenta ser racional e que nos diz que não há verdadeiras razões para suspeitar deles.
Essa foi a minha parte favorita de We Used to Live Here, embora tenha sentido que o livro demorava bastante tempo a arrancar na ação. Quando a narrativa ganhou algum dinamismo, senti que o autor abriu imensos caminhos e possibilidades, e que, na realidade, acabou por se embrulhar um bocadinho naquilo que seriam as explicações para tudo o que acontece. Consigo entender que essa parte do livro tinha muito potencial, e que Marcus Kliewer se entusiasmou a escrever, mas cheguei ao fim com a sensação de que ficaram bastantes pontas por atar.
A premissa e todo o ambiente criado pelo livro foram, sem dúvida, promissores, mas não adorei a forma como chegou a uma conclusão. Não preciso de sentir que percebi tudo de um livro para o apreciar, mas preciso de sentir que percebi alguma coisa — e, neste caso, terminei a leitura com a ideia de que ficar sem entender nada era o que o autor queria que acontecesse aos leitores. Apesar de não ter sido uma má experiência, também não foi tão boa quanto antecipava, e continuo a preferir Incidents Around the House.
Ficaram com curiosidade em ler este livro, ainda assim?