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Rita da Nova

Sex | 25.10.24

Brutes, Dizz Tate

Apaixonei-me pela capa e pela sinopse quando vi este livro na Feira do Livro de Lisboa deste ano — e, não sendo uma compra planeada, acabou por ser uma boa adição à minha lista de livros para ler, bem como uma excelente leitura para esta altura do ano. É que Brutes, de Dizz Tate, é um daqueles livros estranhos e viciantes em igual medida.

 

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Estamos em Fall Landings, na Flórida, uma área com parques de diversões e lagos pantanosos, quando coisas estranhas começam a acontecer. É um grupo de raparigas adolescentes quem narra este livro, e é através delas que sabemos que Sammy, uma rapariga mais velha e fascinante, desapareceu de forma misteriosa. Sempre nas margens desta narrativa, este narrador coletivo vai-nos contando tudo o que sabe sobre Sammy e sobre as relações que ela foi estabelecendo, sobretudo com Eddie, o rapaz por que estava apaixonada. Fruto de uma observação quase obsessiva, este grupo de raparigas vai desenrolando o fio a um mistério que se vai provar bem mais profundo do que se achava.

 

Brutes! How can you girls be such brutes?” They cried. We cried, too, because we felt they were saying we were wrong. We felt foul and fatherly and frightened of ourselves. We tried to make ourselves small. We were coiled up but we were not broken. And we knew our mothers’ idea of goodness was not measured by morals but by how much noise we made. And we quickly grew tired of trying to be good in their way.

 

Adorei a escrita de Dizz Tate, é muito diferente e vem bastante em linha com outros livros mais estranhos que tenho lido, como Penance, Bunny ou até The Virgin Suicides. Lembrou-me muito este último, principalmente no narrador escolhido para contar esta história, e tem alguns laivos de mistério e terror porque, sejamos honestos, há poucas coisas tão assustadoras quanto raparigas adolescentes. Também gostei bastante que fossemos acompanhando duas linhas temporais e que o ponto de vista mudasse: no passado são as raparigas enquanto grupo que nos revelam o que aconteceu, mas no presente vamos sabendo delas individualmente e na primeira pessoa.

 

Não diria que este livro mudou a minha vida ou que vai para a lista dos favoritos deste ano, mas sem dúvida que foi uma experiência muitíssimo agradável e que me diverti muito a lê-lo. Infelizmente, ainda não está traduzido para português, mas acho que seria uma boa adição ao catálogo da Euforia (👀). Desse lado, têm outras recomendações dentro deste género que me possam recomendar?