Escolhi este livro para setembro no Clube do Livra-te porque uma amiga minha (oi, Francisca! 🙋♀️) leu e disse-me que achava que eu ia adorar. A verdade é que A Malnascida, de Beatrice Salvioni, já andava debaixo de olho por causa da capa e este selo de aprovação foi só o empurrão de que precisava para avançar para a leitura — levando muitos ouvintes do Livra-te comigo, claro.
A sinopse prometia influências de Elena Ferrante e Natalia Ginzburg, e apesar de ser percetível que a autora se inspirou nessas e noutras escritoras, também notei que Beatrice Salvioni teve a capacidade de pegar nesse legado e criar uma coisa só dela. Sobre a história: começa em 1936, no momento em que Francesca, com apenas 13 anos, está deitada no chão com o peso de um homem morto em cima, homem esse que tentou violá-la. Com a ajuda da amiga Maddalena, consegue soltar-se e é então que começa a recordar os acontecimentos que, ao longo do ano anterior, fizeram com que se aproximasse daquela menina a que todos chamam “a Malnascida”.
Apaixonei-me por este livro do início ao fim, primeiro que tudo pela amizade entre as duas meninas, que cresce mesmo quando toda a gente avisa Francesca de que coisas más acontecem na presença d’a Malnascida. Esta vontade de conhecermos aquilo de que nos tentam afastar está muito bem representada neste livro, tal como o desenvolvimento desta relação e as interações entre as duas. Sendo muito influenciada pelo contexto político e social da altura, achei que Beatrice Salvioni colocou muito bem estas protagonistas no centro da Itália fascista, e que nos foi dando as informações históricas necessárias para conseguirmos perceber como se vivia aos olhos das duas meninas.
Se calhar era isto que significava ser crescida e mulher: não era o sangue vir uma vez por mês, não eram os comentários dos homens ou os vestidos bonitos. Era encontrar os olhos de um homem que te dizia “És minha” e responder-lhe: “Eu não sou de ninguém.”
Diria que foi uma leitura muito emocional para mim, por esta capacidade quase imediata de me ligar às personagens e de conseguir imaginar-me em naquele bairro em Monza, a acompanhá-las de perto. Creio que todo o imaginário já criado na minha cabeça por conta d’A Amiga Genial de Elena Ferrante, tanto a tetralogia de livros quanto a série televisiva, ajudou muito a que houvesse esta entrada rápida na narrativa. O único defeito que aponto a este livro é o facto de ser tão curto e de terminar num momento alto do enredo — queria mesmo saber o que podia acontecer de seguida e senti o fim meio anticlimático.
Também se juntaram a nós para ler A Malnascida ou já tinha lido antes? Se sim, o que acharam?
----------
O que é o Clube do Livra-te?
É o clube do livro do podcast Livra-te — calma, não precisam de acompanhar o podcast para participar nas leituras. Todos os meses, cada uma de nós escolhe um livro para ler em conjunto convosco e vocês podem optar por ler a escolha da Joana, a escolha da Rita ou ambas. Depois, podem deixar a vossa opinião no grupo do Goodreads ou no Discord. Podem juntar-se a qualquer altura, venham daí!
Tento começar esta review e dá-me a sensação de estar mais uma vez perante uma daquelas publicações que iniciam com a ressalva de este não ser o meu género de leituras habitual. Tinha muita curiosidade em ler qualquer coisa do Miguel d’Alte, e fazia tenção de começar por O Lento Esquecimento de Ser, que está mais dentro da ficção literária, mas acabei por comprar Os Crimes do Verão de 1985 na Feira do Livro para o ter autografado e achei que fazia todo o sentido ler, mesmo sendo um policial.
Dando-vos um resumo desta história: Ademar Leal é um jornalista caído em desgraça. Depois de ter sido responsável por desmantelar uma rede de pedofilia, a carreira parece não ter mais por onde ir e ele acaba por depender do álcool. Decide, então, regressar a uma ilha ao largo de Lisboa, de onde é originário, para morar na casa dos falecidos pais — e é nesse contexto que se lembra de revisitar os crimes do verão de 1985. Vinte e sete anos antes, uma rapariga de 15 e duas crianças, de quem tomava conta, desapareceram numa noite de tempestade e os corpos nunca foram encontrados. Apesar de terem prendido um suposto culpado, Ademar Leal não se conforma e, com a ajuda de Elias Rufino, um documentarista interessado no caso, voltam a abrir a investigação.
Não vos conto mais sobre o enredo, porque tem as reviravoltas a que estamos habituados e não quero estragar a experiência de leitura a ninguém. Como disse, não leio muitos policiais ou thrillers, mas por norma é um género cujo mistério ou investigação acaba por conseguir prender-me e fazer-me querer sempre saber o que aconteceu. Ora, não foi esse o caso com Os Crimes do Verão de 1985, principalmente porque detetei alguns pormenores no enredo que tiveram o efeito oposto — lembraram-me constantemente de que estava a ler uma história inventada e não algo que poderia mesmo ter acontecido.
Ainda assim, gostei muito da capacidade que o autor teve de inventar uma ilha perto de Lisboa e de lhe dar vida — foi, sem dúvida, o meu aspeto favorito do livro e isso deixa-me curiosa para o ler mais dentro da ficção literária. Sinto que vou gostar muito mais e já tenho debaixo de olho tanto O Lento Esquecimento de Ser como A Origem dos Dias, o livro que vai lançar agora no final de setembro.
Quem desse lado já se aventurou na escrita de Miguel d’Alte?
Pois é, parece que de vez em quando surge por aqui uma ou outra review de livros de fantasia. Desta feita venho falar-vos de The Priory of the Orange Tree (PT: O Priorado da Laranjeira), de Samantha Shannon, uma leitura que é completamente fora da minha zona de conforto e que, talvez por isso, tenha acabado por ter tido tanto impacto em mim.
Estamos perante um mundo completamente inventado, mas com alguns elementos que normalmente associamos ao género fantástico — dragões, alquimia, magia, entre outros — e vamos desbravando este universo através de duas linhas narrativas principais. Há a de Tané, que treinou para ser cavaleira de dragões desde criança, mas que acaba por tomar uma decisão que pode pôr tudo em causa; e há a de Ead, que vive disfarçada como dama de companhia da Rainha Sabran, da House Berethnet, para a proteger.
That one day, you will forgive yourself. You are in the spring of your life, child, and have much to learn about this world. Do not deny yourself the privilege of living.
Não contando mais sobre o enredo em si, até porque é bastante complexo e envolve diferentes narradores originários das quatro coordenadas do mapa, posso dizer que precisei de ler esta história com calma, caso contrário (pelo menos no início) sabia que iria sentir-me perdida. The Priory of the Orange Tree obrigou-me a ler de forma mais ponderada e consciente do que acontece com outros géneros literários, e só por isso já valeu a pena. Gostei de ir descobrindo mais sobre estas personagens, de ir percebendo as regras do universo criado pela autora.
Por falar nisso, acho que a construção é o ponto forte do livro: embora às vezes se perca um pouco de ritmo para se ganhar profundidade, a verdade é que tudo me soou coeso e muito interessante. Nota-se que foi pensado ao pormenor e que tudo se conjuga para nos transportar para lá. Também gostei muito das personagens, mas acho que, por ter lido com mais ponderação e racionalidade, acabei por não me envolver emocionalmente com a história — não sei se isto faz sentido.
De um modo geral posso afirmar que foi uma experiência bastante positiva e que me vejo a ler mais livros deste género de quando em vez. Que recomendações têm para mim?
SETEMBRO, O MEU MÊS FAVORITO! O mês do meu aniversário, o mês dos recomeços, o mês da chegada do outono (a minha estação preferida)… nem sequer vou estar aqui com o habitual questionamento sobre a passagem do tempo porque estou mesmo feliz com a entrada nesta altura do ano. Espero que, desse lado, também partilhem deste reforço de energia para abraçar o último quadrimestre do ano.
Não posso é avançar para as coisas que setembro me reserva — são algumas, já lá vamos —, sem partilhar convosco o quão bem agosto me tratou. Há muito tempo que não aproveitava verdadeiramente o verão, que não apanhava tanto sol, que não dava tantos mergulhos. Sinto que o meu corpo, a minha mente e a minha saúde agradecem ter tirado férias a sério, sabem? Claro que “férias”, para mim, também significa limpar e organizar a casa de uma ponta à outra, mas isso também é importante. Terminei o mês com uma passagem inesperada no MEO Kalorama para ver Olivia Dean, que adoro, e sinto que foi o evento perfeito para encerrar agosto.
Falando de setembro, por onde começar? Se tudo correu como planeado, este post está a ser publicado já no Porto, onde escolhi passar uma semana para finalmente escrever as primeiras páginas do meu terceiro livro. Termino este pequeno retiro com uma passagem pela Feira do Livro do Porto, onde nunca fui como autora, o que me enche de felicidade porque a adoro. Tenho também duas sessões na Festa do Livro de Belém, uma a título pessoal e outra com o Clube das Mulheres Escritoras — podem encontrar a minha (pequena) agenda de eventos para o mês no meu Instagram.
Além de ser mesmo o mês em que vou começar a escrever, é também em setembro que regressam os meus dois podcasts e o Terapia de Casal veio de cara lavada. Estou apaixonada pelo rebranding, espero que vocês também. Mas porque nem tudo é trabalho — ou, pelo menos, eu tento equilibrar da melhor maneira possível — visto que chego aos 33 anos este mês (😨) tenho já uma viagem planeada. É a um destino onde costumo ir várias vezes, e o meu favorito da vida, mas depois falo-vos sobre isso.
E música, Rita? Verdade, nada como partilhar convosco o álbum que não pára de tocar deste lado. Apaixonei-me por Short n’ Sweet, de Sabrina Carpenter, assim que ouvi a primeira vez e é daqueles álbuns with no skips, mesmo. Como só posso escolher uma para aqui, e como adoro o videoclip, trago-vos Taste:
Já sabem que vou querer saber tudo o que esta rentrée vos reserva, certo?