Todas as Formas, Regina Lima
Todas as Formas, de Regina Lima, veio parar-me às mãos assim meio inesperadamente: um amigo meu tinha lido e achou que eu seria capaz de gostar, e sendo curtinho acabei por incluí-lo na minha lista de leituras do mês passado. Em geral foi uma leitura bastante positiva, embora me pareça que há bastante margem de progressão.
Ainda antes de falar sobre a história em si, é importante referir que se trata de um livro lançado através de uma editora em regime de auto-publicação (ou pelo menos híbrido), o que faz com que o processo de edição não seja tão coeso quanto numa editora tradicional. Mesmo que haja um momento para a revisão de texto e paginação, na maior parte das vezes não há um acompanhamento por parte de um editor, cujo trabalho é o de ajudar a melhorar o enredo em si, não necessariamente a forma como está escrito. E, aqui, senti que era um daqueles livros em que a presença desta figura teria melhorado significativamente o resultado final.
Teresa está prestes a fazer trinta anos e não gosta de fazer festas, mas aceita fazê-lo com uma condição: desde que, até ao momento em que se corta o bolo, todos os convidados finjam que ela é invisível. É uma premissa muito interessante e gostei de acompanhar esta personagem a andar pela casa, a olhar para os convidados e a recordar coisas que viveu com eles — amigos, família, ex-namorados. Pareceu-me um mecanismo muito interessante de aceder a algumas memórias da personagem e de compreender as relações e dinâmicas com essas pessoas.
Senti que havia aqui um grande potencial para explorar ainda mais estas personagens e os seus passados, para desenvolver a história de uma forma mais coesa até à grande revelação final — infelizmente, percebi logo o que se estava a passar nas primeiras páginas, então não houve o efeito surpresa desejado. Espero que um próximo livro da Regina nos dê um bocadinho mais, porque achei esta premissa muito interessante.
E vocês, já se tinham cruzado com este livro?