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Rita da Nova

Qui | 08.08.24

As Pequenas Chances, Natalia Timerman

Já tinha visto este livro aqui e ali — as capas da Tinta-da-china chamam sempre por mim —, mas nunca me tinha convencido a pegar-lhe até que a editora mo enviou. Entre um livro de memórias e a auto-ficção, As Pequenas Chances é uma bonita reflexão acerca do luto, mas também da forma como os lugares contribuem para a construção de um legado familiar.

 

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Natalia, ao mesmo tempo a escritora e a narradora, encontra o antigo médico do pai no aeroporto e esse acontecimento é o ponto de partida para que nos conte como foi perder o pai. Não foi uma morte repentina e inesperada, mas sim um processo longo de cuidados paliativos, que supostamente daria tempo para que toda a família se habituasse à ideia — só que não é assim que funciona. Gostei muito de todos os pensamentos e da forma como a autora representou o pai, e em resumo acho que é um livro sobre aquilo que fica de alguém, sejam as saudades ou todo o legado familiar que essa pessoa transportou consigo.

 

Apesar de ter apreciado bastante a forma como Natalia Timerman encadeou os episódios que escolheu narrar, para mim o livro vale ainda mais pela escrita, pelo equilíbrio entre a emoção e um certo desprendimento (algo que me parece muito complicado de atingir). Gostei muito das linhas ténues entre a verdade e a invenção, e de a autora ter levantado um pouco o véu no final sobre esse processo de escrita.

 

Acho que vale muito a pena a leitura, principalmente se gostam de relatos comoventes e de livros sobre luto e dinâmicas familiares. Já tinham ouvido falar dele ou da autora?