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Rita da Nova

Qui | 11.07.24

Soldier Sailor, Claire Kilroy

Estes últimos meses estão a trazer-me várias leituras que prometem afirmar-se como favoritas do ano e, quem sabe, da vida. É o caso de Soldier Sailor, de Claire Kilroy, um dos nomeados ao Women’s Prize for Fiction — um prémio que costumo acompanhar de perto e que, por norma, me traz sempre boas leituras. Assim que li a sinopse deste livro soube que iria adorar e ainda bem que não me desiludi.

 

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Soldier Sailor é uma carta de uma mãe (Soldier) para o seu filho (Sailor) sobre as grandes dificuldades de ser mãe pela primeira vez. Escrito em forma de fluxo de consciência, esta mulher vai explicando todas as coisas dolorosas por que passou com o nascimento do filho, mas fá-lo com um carinho extremo — acho que nunca tinha lido nada que mostrasse tão bem a dualidade de sentimentos que invadem uma mulher numa altura destas. Por um lado, há a felicidade de ser mãe, a ligação profunda que esta mulher tem ao filho; por outro, há a exaustão, as horas que passam sem que saiba bem para onde foram, a perda de identidade, a falta de partilha desta carga com outra pessoa.

 

I tell my husband about my childhood and he tells me about his but it isn't the same. We can never know each other as we were then. But I know you. I will see the child you were in the man you will become. So come to me. When you need me, come. When you are lost, when are you low: come. When the birds have stopped singing, or you have stopped hearing, because they never stop singing. They are birds.

 

Não é um livro com um enredo intrincado ou até linear, mas também me parece que esse não foi o intuito da autora. Até porque, como depois perceberão, esta carta é escrita num momento extremo e, por isso mesmo, faz sentido que estes pensamentos saiam de forma meio atabalhoada. De qualquer das formas, a grande beleza de Soldier Sailor está na escrita poética e na maneira como Claire Kilroy expõe todos estes dilemas internos da protagonista.

 

Diria que qualquer pessoa se pode apaixonar por este livro, mas mulheres que tenham passado pela maternidade ainda vão identificar-se mais. No que me diz respeito, fiquei deliciada com a escrita da autora e tenho vontade de ler os outros romances que publicou no passado. E vocês, já conheciam este livro?