Foi Assim, Natalia Ginzburg
Nunca tinha ouvido falar de Natalia Ginzburg até começar a falar mais de Turim, a propósito do lançamento do meu Quando os Rios se Cruzam. Alguns leitores recomendaram a obra da autora, que não tendo nascido nessa cidade acabou por viver lá grande parte da sua vida, e eu lembrei-me que tinha recebido um livro dela de oferta. Foi Assim entrou então na minha lista de leituras e posso dizer que foi uma agradável surpresa.
Adorei logo a forma como começou: uma mulher que confronta o marido com as suas mentiras e, não satisfeita com as respostas, acaba a dar-lhe um tiro no meio dos olhos. Prendeu-me logo, como podem imaginar, e fiquei nesse estado até ao final da leitura — até porque o livro não chega a ter 100 páginas, pelo que se lê de uma assentada. Depois de dar um tiro no marido, esta mulher sai de casa e, já num jardim, acaba a recordar todos os acontecimentos que levaram até àquele momento.
É uma história sobre amor, sim, mas também sobre a solidão em que o casamento nos pode deixar quando não estamos junto da pessoa certa — ou quando a pessoa com quem estamos está mais focada noutras coisas. E, até, sobre as tragédias que atacam os casais e das quais parece quase impossível recuperar. Dessa forma, a protagonista é introspetiva e tem até alguns laivos de loucura, algo que vai sendo justificado ao longo do livro.
Fiquei agradavelmente surpreendida com a escrita de Natalia Ginzburg, em certos momentos fez-me lembrar a de Elena Ferrante, pelo que quererei certamente ler mais coisas da autora brevemente. Se já leram, deixam-me as vossas recomendações?