The Human Origins of Beatrice Porter and Other Essential Ghosts, Soraya Palmer
Quando este livro me chegou cá a casa, numa daquelas caixas que entregam livros-surpresa (mas que eu já não subscrevo porque vinham do Reino Unido e deu-se o Brexit), lembro-me de olhar para a capa e de pensar que talvez não fosse o livro certo para mim. Pensei que fosse mais dentro do género da fantasia, mas tive uma agradável surpresa mal comecei a ler.
Neste romance de estreia, Soraya Palmer conta-nos a história de duas irmãs, com origens na Jamaica e em Trinidad, que vivem uma situação familiar tensa em Brooklyn: a mãe está grávida e doente, o pai é violento e tem uma segunda mulher, e há uma série de segredos que, se descobertos, poderão abalar para sempre a estrutura familiar. Zora fecha-se na escrita e Sasha redescobre a sua identidade através da sexualidade — e as duas irmãs acabam por se ir afastando apesar de serem o porto seguro uma da outra.
See once upon a time there was a woman. And this woman conjured stories from ghosts and gave them to her daughters. This conjure woman's name was Beatrice. The daughters loved her stories, and when she died it was all that she left them. Little did they know that this book had a life before me. You see, I, Your Faithful Narrator, will always carry the burden of knowing how my stories will end.
O mais interessante nesta narrativa é que a autora tece esta história através de múltiplos pontos-de-vista — não apenas o das irmãs, mas o de um narrador muito diferente do habitual — e entrelaça-a com o folklore da Jamaica e de Trinidad a partir das histórias que os pais vão contando às filhas ao longo da vida. De certa forma, estas lendas e contos fazem com que as diferentes culturas desta família perdurem, dão uma grande diversidade ao livro e ajudam a compreender as atitudes de todas as personagens, mesmo que não concordemos com elas.
Não consigo especificar apenas um tema central de The Human Origins of Beatrice Porter and Other Essential Ghosts, acho que há vários pontos interessantes e há espaço para que todos sejam explorados. Ainda assim, se tivesse de escolher, diria que tudo gira à volta das histórias — as que contamos aos outros, as que contamos a nós próprios, as que deixamos esquecer. Confesso que os primeiros dois terços do livro funcionaram melhor para mim do que o final, mas ainda assim acho que é uma excelente leitura e foi uma grande surpresa para mim!
Já conheciam o livro ou a autora?