A Corrente, Filipa Amorim
Vou começar este post com uma mensagem de felicidade: felicidade por ver mais uma mulher a ser publicada em Portugal, felicidade por ver que a autora pôde estrear-se nos thrillers, o género que mais aprecia, felicidade por ver o panorama literário português a mudar aos pouquinhos. Estava muito entusiasmada por ler A Corrente, da Filipa Amorim, e nem as suas mais de quinhentas páginas assustaram.
Quando, após nove anos de ter desaparecido, o corpo de Francisco é encontrado numa campa do Cemitério de Santa Cruz, num espaço supostamente livre, é retomada a investigação policial — e o que era entendido como um desaparecimento passa a ser encarado como um homicídio. Este desenvolvimento no caso faz com que Daniel, Gabriela, Mariana e Alexandre — os amigos de sempre de Francisco — tenham de se reunir e reviver acontecimentos do passado que os marcaram tanto.
O reencontro e a nova investigação do caso vão reforçar as dinâmicas entre os amigos, e a partir daí será apenas um desenterrar de segredos e assuntos mal resolvidos — e o leitor terá de perceber em que medida é que se relacionam com o desaparecimento de Francisco há nove anos. Em geral gostei bastante do livro, embora thrillers não sejam de todo a minha praia, e adorei que desenvolvesse uma dinâmica de grupo de amigos. As personagens do grupo estão bem desenvolvidas e senti-me como parte daquela amizade, a descobrir intrigas à medida que eles também o faziam.
Acho que é um excelente livro de estreia e tenho muita curiosidade em ver o que é que a Filipa trará no futuro — a escrita é limpa, direta ao assunto, como se quer num livro onde a trama é o mais importante. A única coisa que não me convenceu a 100% foi alguma repetição de elementos ou ideias que, enquanto leitora, achei desnecessários e acabaram por resultar numa certa sobre-exposição. Gostaria que a história tivesse sido um pouco mais concisa, mas consigo perceber a decisão de não ser.
Quem já leu A Corrente? O que acharam?