Rebecca Serle é uma das minhas autoras de leitura imediata. Estava louca para ler este Expiration Dates mal ela anunciou o lançamento, e agarrei-me a ele logo no dia em que saiu. Estava à espera de gostar bastante, depois de a autora dizer que era muito parecido com The Dinner List (o meu favorito até agora) e posso dizer que não desiludiu.
Sempre que Daphne conhece um homem — com quem irá ter algum tipo de relação amorosa — recebe um papel com o nome dele e um prazo de validade para o seu tempo juntos, mas tudo muda no dia em que lhe chega apenas um nome, sem data. Esta é a premissa da história e não vou contar mais porque, de uma forma ou de outra, acabo sempre a dar-vos spoilers dos livros da Rebecca Serle.
Vou dizer, isso sim, que me fez pensar sobre a tendência de estarmos sempre em relações e sobre procurarmos nos outros aquilo que deveríamos procurar em nós. Talvez não seja a protagonista dela com que mais me relaciono, mas a verdade é que consegui identificar-me com vários pontos da narrativa — e gostei de ver a abordagem deste livro às relações, sejam de amor ou de amizade.
But life took a detour. And since we veered off course I haven’t spent a lot of time thinking about what I would have wanted if we hadn’t. Does it matter? There is only this life. This very one we are living. And in this one, children never made their way in. I kept expecting them to — to wake up one day ant think: I need this. Now. But it hasn’t happened yet.
Com a Rebecca Serle acontece-me uma coisa que não costuma acontecer muito nas minhas experiências de leitura, que é: eu suspendo completamente as minhas crenças e deixo-me simplesmente ir na história como ela a está a contar. Isso é muito raro, já que há sempre uma parte de mim que tenta compreender o escritor por detrás do livro, que analisa intenções e se preocupa com a forma como as coisas estão pensadas. Como consequência disso, acho que acabo por ser mais surpreendida pelos twists da história — e, confesso, sabe muito bem haver autores com que conseguimos ser leitores mais ingénuos.
Isto tudo para concluir que, como sempre, a autora me proporcionou uma leitura 100% de conforto: dá para refletir sobre alguns temas, mas em geral é um daqueles livros para nos deixarmos envolver e para não pensarmos em mais nada. Já leram alguma coisa dela? Se sim, de qual gostaram mais?
Aqui está uma review que estava muito entusiasmada por trazer-vos: a de Sinais de Fumo, de Alex Couto. E não é porque o livro tem uma frase minha na badana, nem porque conheço o Alex há algum tempo — é mesmo porque me diverti muitíssimo a lê-lo e espero que possa acontecer o mesmo convosco.
Sinais de Fumo conta a história de um grupo de amigos que, confrontados com a impossibilidade de a erva chegar ao Bairro do Viso, em Setúbal, decidem ser empreendedores e levar eles a droga até ao bairro. Criam inclusivamente uma startup, a Green, e entram em todo esse mundo do empreendedorismo que invadiu o nosso país ali por volta de 2014/15. O livro passa-se, aliás, durante os tempos da Troika e tem várias referências a essa altura — sobretudo à forma como os interesses políticos sempre se tentaram (e ainda hoje tentam) apropriar de ideias alheias.
Ná, tu não tens noção. Quando o bairro tremeu e o fumo acabou, o pessoal do Canto das Sereias ficou bem à toa. Não havia ninguém com uma cinca que não a estivesse a vender por dez, quinze béus. Só por causa das tosses, o Charlie Brown começou a pensar fora da caixa e a tentar fazer as cenas mais a sério, start-up ou lá como eles lhe chamam. O que aconteceu depois disso é que foi bem inesperado ya, surpresa das surpresas.
É difícil encaixar o estilo do Alex em caixinhas e acho que é isso que faz deste livro uma experiência tão agradável. Adorei o narrador coletivo, uma espécie de coro que vai narrando as coisas que se passam e que mostra a impossibilidade de largar completamente o bairro — embora consiga ver os acontecimentos com alguma distância, não deixa de estar envolvido na vida daquela comunidade. E isso leva-me a outro dos temas principais deste livro: a reflexão sobre o direito à autodeterminação, principalmente quando falamos de pessoas que nascem em contextos como o que é representado em Sinais de Fumo. Será que o sítio em que nascemos tem mais impacto no nosso futuro do que aquele que gostaríamos?
Ainda uma nota para a linguagem: o autor serve-se da gíria de Setúbal para nos puxar para dentro daquele bairro, mas nada temam porque no final há um glossário que explica o significado de todas as expressões que forem encontrando. E, agora, contem-me: já se cruzaram com este livro? Se sim, já faz parte da vossa lista de leituras futuras?
E estamos finalmente em Abril, um mês tão bonito. Bonito porque se celebra a liberdade e a democracia, bonito porque tenho o grande prazer de ver publicado mais um livro meu. Se ainda não sabem nada sobre isso, podem sempre espreitar o post em que falo do lançamento do meu segundo romance, Quando os Rios se Cruzam.
Pois bem, Março foi um mês de afinar pormenores e detalhes para que o livro possa estar cá fora. Não me queixo porque, a par de escrever, esta é a fase de que mais gosto: dá-me muito gozo pensar em como posso comunicar os meus livros da melhor forma e, felizmente, tenho tido sempre o contributo de pessoas incríveis, que me ajudam a tornar o resultado final deste “plano de marketing” ainda melhor. Além disso, comecei mais um freelance de trabalho, que se tem juntado às minhas tarefas diárias, mas que me tem dado muito prazer.
Abril trará muitas coisas boas, acredito, e uma delas é a festa de lançamento do meu novo livro. Será no dia 20 de Abril, pelas 18h, na Casa do Comum, em Lisboa. Prometo que será também a primeira de várias, que já sabem que eu gosto é de andar de Norte a Sul para falar dos meus livros. A outra coisa incrível que chega é o novo álbum da Taylor Swift, The Tortured Poets Department, para o qual estou demasiado entusiasmada.
Como ainda demora uns dias a chegar, deixo-vos com uma das novas músicas da Beyoncé, do álbum Cowboy Carter, que tem backingvocals da Taylor… só para ficar temática.
So sweet I give you kisses in the backseat I whisper secrets in the backbeat You make me cry, you make me happy, happy (Happy) Leave my lipstick on the cigarette Just toss it, and you stomp it out, out, out Inhalin' whiskey when you kiss my neck We've been hurtin', but it's happy hour, oh, hour Oh, oh, oh
E agora, contem-me: que coisas têm planeadas para este mês? Vejo alguns de vós no dia 20?