After Sappho, Selby Wynn Schwartz
Há uns tempos subscrevia uma caixinha de livros escritos por mulheres, mas tive de cancelar quando as taxas alfandegárias das encomendas provenientes do Reino Unido começaram a ser incomportáveis. After Sappho, de After Sappho, Selby Wynn Schwartz, chegou-me numa dessas caixas e eu não lhe liguei grande coisa — pu-lo perto dos outros livros para ler e ignorei-o até há bem pouco tempo.
Selby Wynn Schwartz é académica, estudou literatura comparativa e ensina escrita na Universidade de Stanford. Daí que eu tenha achado, pela sinopse do livro e pelas primeiras páginas, que este livro se tratava de uma espécie de estudo feminista e não de uma obra de ficção. Depois de ler um pouco sobre ele, percebi que era a primeira tentativa da autora dentro da ficção — uma tentativa ambiciosa, a meu ver. Isto porque, mais do que uma narrativa com princípio, meio e fim, After Sappho é um conjunto de fragmentos, que dão palco a diferentes vozes, cujo propósito é reimaginar as vidas de um grupo de feministas entre o final do século XIX e o início do século XX.
Have you forgotten that a poet lies down in the shade of the future? She is calling out, she is waiting. Our lives are the lines missing from the fragments. There is the hope of becoming in all our forms and genres. The future of Sappho shall be us.
Todas estas mulheres existiram, mas algumas não tiveram o palco que mereceram na altura. Sarah Bernhardt, Colette, Eileen Gray, Lina Poletti, Virginia Woolf, e Romaine Brooks são apenas alguns dos nomes que podemos acompanhar neste livro. No fundo, é uma tentativa de celebrar todas estas vozes, artistas mas não só, fazendo pontes entre o passado, o presente e o futuro da luta feminista.
Posso dizer que a minha experiência de leitura foi um pouco estranha, como acredito aliás que seja a intenção da autora. Acho que é um daqueles livros para ser lido aos poucos, uma vez que não tem uma linha narrativa para ser seguida e, se tentarmos encontrá-la, facilmente ficaremos frustrados. As reflexões são super interessantes e assustadoras em certa medida, quando percebemos que ainda nos confrontamos com muitas das mesmas barreiras que aquelas mulheres.
Para finalizar, digo apenas que fiquei com muita vontade de conhecer melhor a poesia de Sappho. E vocês, já conheciam este livro ou a autora?