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Rita da Nova

Sex | 12.04.24

Da Meia-Noite às Seis, Patrícia Reis

Ora aqui está mais uma das minhas compras da Feira do Livro de Lisboa do ano passado, o ano em que decidi comprar só livros de mulheres — e maioritariamente de autoras portuguesas. Fiquei interessada em Da Meia-Noite às Seis, de Patrícia Reis, por ser um romance sobre os tempos de pandemia. Bem sei que há muita gente que não gosta de ler sobre esses tempos, mas interessa-me muito perceber a universalidade da experiência por que todos passámos em tempos recentes.

 

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Começamos por conhecer Susana, uma radialista que perdeu o marido como consequência da Covid-19. Acompanhamos o seu fluxo de consciência, os pensamentos desta personagem que não pôde despedir-se do marido e que, então, recorda o modo como se conheceram e apaixonaram. E, depois, quando Susana consegue emprego noutra estação de rádio, para fazer o programa que dura da meia-noite às seis da manhã, conhece Rui, um jornalista com quem comunica apenas por e-mail.

 

No fundo, é uma história sobre a vivência partilhada que foi a pandemia da Covid-19: a tragédia, a necessidade de reestruturarmos as nossas vidas (a níveis mais ou menos profundos), a procura pela ligação humana quando não podemos tê-la, a esperança que surgiu dos sítios mais inesperados.

 

Gostei bastante da escrita da autora — até porque sou muito fã deste estilo que imita o que vai dentro da cabeça das personagens —, bem como da estrutura do livro. Saltamos entre pontos de vista, entre passado e presente, até compreendermos como é que as diferentes personagens se vão cruzando e como têm impacto na vida umas das outras. Ainda assim, houve duas coisas que não adorei: a primeira foi o facto de a autora se referir sempre às personagens pelo nome completo, o que acabou por me tirar da leitura algumas vezes; a segunda foi o final dado a uma das personagens e a ligação, a meu ver um pouco forçada, que tentou fazer.

 

De resto, foi uma experiência mesmo muito positiva e deixou-me com bastante vontade de explorar mais a escrita de Patrícia Reis. Há por aí leitores dela? Se sim, que outros livros me recomendam?