Pod, Laline Paull
Tinha este livro no radar deste o Women’s Prize for Fiction do ano passado. Pod, de Laline Paull, fez parte da shortlist do prémio, mas não foi o vencedor — ainda assim, a premissa e a perspetiva diferente do comum fizeram-me adicioná-lo logo à minha lista de livros para ler. Deem-me uma história contada do ponto de vista de um animal, que eu vou querer ler.
Em Pod, acompanhamos um grupo de golfinhos-rotador e a dinâmica que estabelecem no oceano — não apenas entre espécies de golfinhos, mas com os restantes animais. E fazêmo-lo principalmente através de Ea, que sempre se sentiu diferente dos outros golfinhos. É que ela sofre de um tipo de surdez que a impede de ouvir todas as comunicações entre golfinhos, assim como dificulta a arte de rodar, uma parte importantíssima da vida daquela espécie. Quando percebe que talvez seja a culpada da desgraça que atinge a sua família, Ea decide fugir e recomeçar a vida sozinha — nessa aventura, conhece outras espécies de golfinhos e outros animais (uns amigáveis, outros nem tanto).
Her many faults were so plain that everyone felt more gracious by comparison. How could they not have seen that cruel pride in themselves?
Tal como já tinha acontecido com The Bees, gostei muito da maneira como a autora introduziu elementos e informações sobre a espécie de modo que fizessem sentido para o enredo. Por exemplo: os golfinhos são animais hipersexuais, o que faz com que a reprodução seja uma parte muito importante da dinâmica entre espécimes. Ea não tem grande interesse nisso, o que também contribui para que seja posta de parte no grupo. Ao mesmo tempo, caracterizou os diferentes tipos de golfinhos, fazendo com que as suas idiossincrasia funcionassem como motivo de discordia.
Gostei muito do livro, só senti alguma dificuldade em entrar na história e em compreender as regras deste mundo que Laline Paull criou para a narrativa. De resto, deixou-me apenas com mais vontade de ler The Ice, que tenho cá por casa e é o único da autora em que ainda não peguei. E vocês, também apreciam histórias com pontos de vista diferentes?