Stoner, John Williams
Sabem aqueles livros que toda a gente diz serem a vossa cara? Stoner, de John Williams, era uma dessas leituras que, volta e meia, as pessoas me recomendavam por acharem que teria tudo que ver comigo. Se, por um lado, isso me assustava um pouco — já aconteceu ir toda contente e depois odiar —, por outro, achei que fazia todo o sentido trazê-lo para o Clube do Livra-te. Desse modo, leríamos todos em conjunto e passaríamos pela experiência juntos.
Entendo as pessoas que dizem que Stoner é o sad hot girl book original, já que é um livro cheio de melancolia, que nos obrigada a procurar a beleza nas coisas mais mundanas e tristes. Mas começando pela premissa: nascido em 1891, William Stoner é filho de agricultores e consegue ingressar na universidade para fazer um curso de agricultura, o que lhe permitiria ajudar os pais na quinta. Contudo, quando tem de frequentar uma disciplina obrigatória de Literatura, apaixona-se e decide prosseguir os estudos na área — e isso faz com que passe a vida dedicado à academia. E assim seguimos a vida de Stoner: o casamento, o nascimento da filha, o confronto com a guerra, etc.
In his forty-third year William Stoner learned what others, much younger, had learned before him: that the person one loves at first is not the person one loves at last, and that love is not an end but a process through which one person attempts to know another.
Sim, bem sei que parece um livro com pouco enredo e, na realidade, é. Ou seja, Stoner conta-nos a vida desta personagem e fá-lo sempre com uma certa distância, como se a escrita fosse uma forma de nos mantermos afastados dos sentimentos dele. Ainda assim, creio que este mecanismo é propositado e que acaba por ter o efeito oposto: quanto mais o autor nos tenta afastar, mais temos vontade de saber um pouco mais sobre este homem e sobre as coisas que lhe vão acontecendo na vida. É um livro repleto de humanidade, mas não de forma grandiosa ou heróica. É, no fundo, uma ode às pequenas coisas da vida: às conquistas e desafios, aos problemas e dilemas. E é por ser tão real, por imitar tão bem a vida, que não conseguimos deixar de nos relacionar com William Stoner.
Admito que, ao início, achei que não ia gostar tanto quanto toda a gente previa, muito devido à forma diferente e estranha que o autor tem de narrar os acontecimentos, mas dei por mim a devorar este livro numa questão de horas. Por isso, não deixem que as primeiras páginas ditem logo a vossa opinião — acreditem que é provável que ela vá mudando ao longo da leitura.
Quem desse lado já conheceu Stoner? O que acharam?
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O que é o Clube do Livra-te?
É o clube do livro do podcast Livra-te — calma, não precisam de acompanhar o podcast para participar nas leituras. Todos os meses, cada uma de nós escolhe um livro para ler em conjunto convosco e vocês podem optar por ler a escolha da Joana, a escolha da Rita ou ambas. Depois, podem deixar a vossa opinião no grupo do Goodreads ou no Discord. Podem juntar-se a qualquer altura, venham daí!