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Rita da Nova

Qui | 08.02.24

Tudo Pode Ser Roubado, Giovana Madalosso

Gostei tanto de ler Giovana Madalosso em Suíte Tóquio, que Tudo Pode Ser Roubado veio parar cá a casa poucas semanas depois de ter sido lançado pela Tinta-da-china. Mas só agora, com a vontade redobrada de dar conta da minha TBR infinita, consegui pegar nele — e só pensava que devia mesmo tê-lo feito mais cedo.

 

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Apesar de ter sido publicado depois em Portugal, este livro é, na realidade, anterior a Suíte Tóquio. Sendo expectável que vamos sempre gostando mais dos títulos mais recentes dos autores, por demonstrarem evolução na escrita, eu tenho de confessar que Tudo Pode Ser Roubado me encheu mais as medidas. Começa logo pela protagonista e pela sua forma de estar no mundo: é empregada de restaurante, mas faz mais dinheiro a roubar roupas ou acessórios a pessoas ricas. Não há nela nenhuma dúvida acerca se deve fazê-lo ou não, porque sabe que só assim conseguirá ter dinheiro suficiente para pagar as coisas que ambiciona, nomeadamente a entrada para um apartamento.

 

Esta mulher, de quem nunca sabemos o nome, consegue gerir muito bem esta faceta criminosa até ao dia em que um homem suspeito pede para falar com ela. A proposta é a seguinte: a troco de uma boa quantia, ela deve aproximar-se de um professor universitário e roubar-lhe uma edição antiga e rara de um livro importante. Esse exemplar será, depois, entregue a um magnata que se dedica a colecionar objetos valiosos pelo prazer de os ter em sua posse. Este pedido vai precipitar uma série de acontecimentos e reflexões, fazendo a protagonista questionar-se: será que tudo pode mesmo ser roubado? Ou certas coisas ficariam melhor como estão?

 

A história é interessante, mas o que me conquistou mesmo — mais uma vez — foi a escrita sarcástica de Giovana Madalosso. Pejada de crítica social e extremamente visual, tem a capacidade de nos levar para dentro daqueles cenários, de nos fazer questionar o que faríamos se estivéssemos naquela situação.

 

Embora compreenda a mensagem que a autora quis passar com o fim que escolheu, admito que me pareceu um pouco apressado. Tudo Pode Ser Roubado é um daqueles livros que poderia perfeitamente ser um pouco mais extenso e demorado, não apenas porque se lê muito bem, mas sobretudo porque o enredo assim o exigia. De qualquer dos modos, é uma leitura muito interessante e eu recomendo bastante — até porque o final pode ser do vosso agrado.

 

E vocês, conhecem mais obras desta autora? E que outros escritores brasileiros me recomendam, dentro deste género?