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Rita da Nova

Ter | 23.01.24

I Who Have Never Known Men, Jacqueline Harpman

Incrível como nunca tinha ouvido falar deste livro de 1995 e, de um momento para o outro, comecei a vê-lo em todo o lado. Começou aqui no blog, a propósito de distopias, e depois apareceu-me no TikTok, no Instagram e nas livrarias que visitei em Londres. Como me vinha muito bem recomendado, soube que teria de o trazer comigo.

 

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I Who Have Never Known Men, da autora belga Jacqueline Harpman, foi publicado originalmente em francês — não havendo tradução para português de Portugal, acabei por ler em inglês. Nele, acompanhamos uma jovem enclausurada juntamente com outras trinta e nove mulheres. Sabe que foi presa quando ainda era criança e por lá foi crescendo, numa cela vigiada por guardas que nunca comunicavam e que não permitiam qualquer tipo de contacto físico entre elas. Até ao dia em que, depois de soar um alarme, os guardas desaparecem e as mulheres conseguem libertar-se.

 

I was forced to acknowledge too late, much too late, that I too had loved, that I was capable of suffering, and that I was human after all.

 

Admito que a primeira parte do livro estava a ser um pouco aborrecida, mas sei que é necessária para que se estabeleçam as regras deste mundo. Nesse sentido, achei a escolha da protagonista muito interessante: ela vê tudo como nós porque, sem memórias de um tempo fora dali, descreve-nos os acontecimentos sem conhecimento prévio. Tudo mudou a partir do momento em que as mulheres conseguem sair daquela cela: a relação entre elas muda e embarcamos numa descoberta. Embora seja um livro bastante curto, consegue construir muito bem todo o cenário e dinâmica entre as personagens — é muito visual, sem ser exaustivo nas descrições.

 

Tem pensamentos muito interessantes sobre a solidão e a nossa necessidade de sermos seres sociais, de estarmos em grupo, de nos conhecermos através dos outros. Na minha cabeça, foi uma mistura da série Yellowjackets com The Handmaid’s Tale e A Alegoria da Caverna — sei que pode parecer estranho, mas acho que faz sentido!

 

Recomendo muito esta leitura, sobretudo a quem gosta de ficção especulativa. Quem já leu?