Black Cake, Charmaine Wilkerson
Sabem aqueles livros que vão sendo recomendados um pouco por toda a parte e que, por isso, acabam a fazer parte da lista de livros que estão no nosso radar — mas que, ainda assim, não constituem uma wishlist? Black Cake (PT: Bolo Negro), de Charmaine Wilkerson, fazia parte desse conjunto de livros para mim, até ao dia em que me calhou num blind date with a book comprado em Roma, no fim-de-semana do meu aniversário. Achei engraçado que me calhasse um título de que já tinha ouvido falar tanto, pelo que decidi escolhê-lo para o mês de Dezembro no Clube do Livra-te.
Antes de ler, sabia apenas que era uma saga familiar e que acompanharia dois irmãos — Byron e Benny — nos dias após a morte da mãe, Eleanor, que lhes deixou um bolo negro (uma receita ancestral) e uma mensagem gravada, o ponto de partida para que se comecem a desvendar vários segredos. Na gravação que os espera, Eleanor é perentória: deverão comer o bolo juntos, mas só “na altura certa”. A partir daí, a narrativa anda sempre entre o passado e o presente, entre a história da mãe e a história dos filhos.
I have lived long enough to see that my life has been determined not only by the meanness of others but also by the kindness of others, and their willingness to listen.
Black Cake tinha tudo para ser um favorito: dinâmicas entre irmãos, segredos desvendados, conflitos familiares que devem ser resolvidos. Ainda assim, tive alguma dificuldade em ligar-me ao livro — não pela história ou pelas personagens, mas pela maneira como está estruturado. O facto de andarmos, em capítulos alternados, a saltitar não apenas entre o presente e o passado, mas também entre os pontos-de-vista das diferentes personagens, faz com que informações valiosas sejam reveladas ou muito cedo ou demasiado tarde (perdendo impacto em ambos os casos). E confesso que me senti mais ligada à linha temporal do passado, uma vez que teve um pouco mais de desenvolvimento.
Não me interpretem mal: eu gostei bastante das personagens, acho que estão bem desenvolvidas (algumas um pouco caricaturais, ainda assim, admito), e sei que teria gostado mais do enredo se tivesse sido apresentado de outra forma. É, de qualquer das maneiras, uma leitura com muitas reflexões interessantes sobre ancestralidade e identidade cultural, sobre linhas familiares e sobre o papel que a comida pode ter no meio disto tudo. Acredito que seja uma experiência positiva para muitas pessoas, por isso podem partir para a leitura sem medos!
Desse lado, quem é que já leu este livro? E quem é que, como eu, quer ficar com atenção a futuros livros de Charmaine Wilkerson?
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O que é o Clube do Livra-te?
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