Topics of Conversation, Miranda Popkey
Lembro-me do dia em que vi este livro pela primeira vez, exposto na Rizzoli Bookstore em Nova Iorque. Adorei a capa e o conceito de ser todo escrito a partir de conversas entre mulheres, tanto as que têm umas com as outras, como as histórias que partilham. Nessa viagem ainda tentei fugir a este Topics of Conversation, de Miranda Popkey, mas acabei por comprá-lo.
Embora seja uma narrativa mais ou menos cronológica, em que acompanhamos a mesma personagem principal, os capítulos correspondem a vários saltos temporais e a conversas ou situações que tiveram lugar em diferentes anos e cidades. Vamos conhecendo mais sobre ela pela forma como conversa com outras mulheres e através das coisas em que pensa — nesse sentido fez-me lembrar bastante a estrutura dos livros de Rachel Cusk.
To indicate interest is already to expose oneself to humiliation. To admit the existence of a desired object is to admit that to be rejected by the desired object, to admit that the desired object's disappearance, one of the two always inevitable, even if only in death, will be painful.
É certo que pode não ser um livro para toda a gente, mas fez-me boa companhia durante uma viagem de comboio entre Turim e Roma. Tem muitas reflexões interessantes sobre ser mulher, amizade feminina, maternidade, as convenções das relações amorosas tradicionais. Diria que a personagem principal não é propriamente detestável, mas também não a adorei — parece-me que, mais do que uma personagem bem definida, foi criada com o propósito de dar espaço a todas estes pensamentos e ideias que a autora quis trazer para o livro. E não há mal nenhum nisso, precisam só de saber que é um género muito próprio de literatura.
Do ponto de vista do conteúdo foi uma experiência bastante positiva, mas admito que não adorei a forma. Para um livro publicitado pelas conversas entre mulheres, senti que havia menos diálogo do que eu esperava — gostava de ter visto mais dinâmica de discussão entre as várias mulheres que nos são apresentadas. Creio que a própria escrita contribui negativamente para isso, já que nos dá poucos indícios (seja visuais ou de ritmo) de que as conversas estejam efetivamente a acontecer.
De qualquer das formas, não sinto que tenha perdido tempo ao lê-lo; mas algo me diz que quem não seja fã de autoras como Sally Rooney ou Rachel Cusk provavelmente não vai gostar deste Topics of Conversation. Quem desse lado já ouviu falar deste livro?