Blue Nights, Joan Didion
Quis ler Blue Nights, de Joan Didion, assim que me apaixonei por The Year of Magical Thinking. Sabia, contudo, que era melhor dar algum tempo para não estar constantemente a compará-los: é que em The Year of Magical Thinking, a autora fala da morte do marido e em Blue Nights aborda a morte da filha, cerca de dois anos depois.
Uma das coisas de que mais gosto nos livros de Joan Didion é o facto de a memória ser um tema recorrente, seja nestes memoirs mais dedicados a um acontecimento da sua vida, seja em colectâneas de ensaios sobre temas diversos. Há exploração das memórias da autora, com um tom nostálgico sem ser melancólico, que resulta sempre muito bem para mim enquanto leitora. Neste livro em concreto, Joan Didion começa naquele que seria o aniversário de casamento da filha, Quintana Roo, e aproveita a recordação desse dia para começar a falar sobre ela.
“You have your wonderful memories," people said later, as if memories were solace. Memories are not. Memories are by definition of times past, things gone. Memories are the Westlake uniforms in the closet, the faded and cracked photographs, the invitations to the weddings of the people who are no longer married, the mass cards from the funerals of the people whose faces you no longer remember. Memories are what you no longer want to remember.
É óbvio que a escrita deste livro foi a forma que Joan Didion encontrou para lidar com a morte da filha, que adoptou e de quem, anos depois, sente que não conseguiu cuidar da melhor forma. Também aqui, como em The Year of Magical Thinking, a escritora nunca romantiza a morte, nem perde tempo com sentimentalismos — existe sempre uma faceta crua na maneira como descreve os acontecimentos e aquilo que sentiu. Não é fácil avaliar um livro destes, que depende tanto da vivência de pessoas reais, mas tenho a certeza de que os fãs desta autora irão certamente gostar de a conhecer um pouco melhor através destas páginas.
Sinto que estou finalmente pronta para me iniciar na ficção escrita por Joan Didion — tenho cá Play It As It Lays, mas tenho curiosidade em saber que mais livros dela me recomendariam! Deixam-me sugestões nos comentários?