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Rita da Nova

Qui | 31.08.23

The Prisoner, B. A. Paris

A minha primeira experiência com B. A. Paris veio na sequência de um episódio do Livra-te, quando tivemos a Lénia Rufino como convidada para nos falar de thrillers. Behind Closed Doors, de que já vos falei aqui pelo blog, foi uma das recomendações dela para nós e eu fiquei completamente agarrada ao livro logo a partir do primeiro capítulo.

 

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Por isso, quando vi que The Prisoner estava a um preço jeitoso na loja do Kobo, decidi dar-lhe uma oportunidade na esperança de que me viciasse tanto quanto o outro. E embora se leia bastante bem, uma vez que os capítulos são curtos e estão montados de forma a que queiramos sempre saber o que vai acontecer a seguir, a verdade é que não foi — nem de perto, nem de longe — semelhante à experiência que tive com Behind Closed Doors.

 

O livro é contado alternadamente entre presente e passado, e começa com o rapto de Amelie, uma jovem órfã que foge de Paris quando fica sozinha e, em Londres, consegue construir uma vida. A protagonista acorda numa sala escura e percebe que a prenderam — não tendo a certeza de quem está por detrás desta captura, começa a sentir-se mais segura ali do que junto do marido Ned. A premissa até parecia interessante, mas não sinto que a autora tenha sido capaz de criar o mesmo terror psicológico que senti com o primeiro livro que li dela.

 

We aren’t remembered for long after our deaths, only by those who carry us in their hearts.

 

É certo que B. A. Paris parece ter tendência a escrever thrillers que se passam essencialmente na dinâmica de casais — e não há mal nenhum nisso —, mas aqui nem Amelie e Ned são propriamente um casal, nem as personagens e os acontecimentos estão construídos de uma forma que pareça assim tão credível. Até pode ser um page turner, mas mais porque é um livro bastante fácil de ler, onde acontecem mil e uma coisas. Se depois essas coisas estão bem encadeadas umas com as outras e fazem sentido para a história? É outra questão.

 

Não sinto que tenha sido uma perda de tempo, porque entreteve, mas o veredicto final é o de que The Prisoner está a anos-luz de Behind Closed Doors — por isso, se ainda não se aventuraram nos livros desta escritora, comecem antes por esse (PT: Ao Fechar a Porta). Que outros thrillers psicológicos me recomendariam?

Qua | 30.08.23

We Had to Remove this Post, Hanna Bervoets

O destaque de autores nacionais é das secções que mais gosto de conhecer quando visito livrarias no estrangeiro, já que me dá uma noção daqueles que são mais conhecidos ou traduzidos. Fiquei contente quando, ao visitar a The American Book Center em Amesterdão, encontrei uma estante dedicada a autores holandeses e recordei um livro que já havia andado no meu radar há algum tempo: We Had to Remove this Post, de Hanna Bervoets.

 

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Acabei por lê-lo todo enquanto estava pelos Países Baixos, uma vez que é mesmo muito curto, diria até que está algures entre a novela e o conto. Conta-nos a história de Kayleigh, que trabalha numa empresa que se dedica a monitorizar conteúdos nas redes sociais — a função dela é retirar conteúdos ofensivos, teorias da conspiração, etc., de acordo com um conjunto de guidelines que devem ser seguidas à risca. Ao início tudo corre bem e a protagonista consegue fazer amigos e, até, encontrar uma namorada dentro da empresa. Porém, quando a namorada Sigrid começa a ficar fragilizada, como consequência de todas as coisas horríveis que o trabalho a obriga a ver, Kayleigh apercebe-se de que talvez ninguém do seu ciclo próximo esteja propriamente bem.

 

Maybe falling in love isn’t filling up a loyalty card with feelings and actions so much as just adding two things together: desire plus fear. The desire had appeared fairly suddenly—ever since that first kiss, really. The fear, on the other hand, grew gradually: fear that she wouldn’t be coming to the sports bar that night, fear that we wouldn’t end up kissing, fear that she’d change her mind. Those were pretty much the stages of falling in love for me.

 

A meio da leitura fui ao Goodreads e vi que o rating deste livro é bastante baixo (menos de 3), o que honestamente não compreendi. É certo que é bastante curto para o potencial que tinha — podia perfeitamente ter sido mais explorado —, mas achei um bom entretenimento e gostei da maneira como a autora construiu o ambiente que se vive na empresa. Não é um daqueles livros que muda a vida de alguém, longe disso, mas tem uma premissa bastante original, que me fez lembrar uma mistura entre um episódio de Black Mirror e a série Severance.

 

Entretanto já fui ler algumas coisas sobre a autora e percebi que tem mais livros traduzidos para inglês, todos dentro desta onda mais distópica que ultimamente me tem interessado bastante. Por isso, digam-me: já leram coisas dela? Se sim, o que me recomendariam?

Ter | 29.08.23

Last Summer in the City, Gianfranco Calligarich

Descobri este livro na Waterstones de Piccadilly, em Londres, por alturas da viagem literária que fiz com a Joana (e sobre a qual falámos neste episódio do Livra-te). Nunca tinha ouvido falar do livro ou do autor, mas vi que tinha um prefácio de André Aciman e que o comparavam com Call Me By Your Name — e achei a receita perfeita para um livro de Verão.

 

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Last Summer in the City conta a história de Leo Gazarra, um homem que passa os dias entre bebedeiras e tertúlias com amigos ricos e cultos — que acabam por sustentá-lo, já que, com trinta anos, ainda não encontrou um caminho. Está constantemente entre empregos, entre relações, entre interesses. Todas as pessoas à sua volta parecem encaminhadas, com objectivos claros, mas Leo é um homem sem ambições, cujo único propósito é perder-se nas ruas de Roma.

 

Rome by her very nature has a particular intoxication that wipes out memory. She's not so much a city as a wild beast hidden in some secret part of you. There can be no half measures with her, either she's the love of your life or you have to leave her, because that's what the tender beast demands, to be loved. …If she's loved she'll give herself to you whichever way you want her, all you need to do is go with the flow and you'll be within reach of the happiness you deserve. You will have summer evenings glittering with lights, vibrant spring mornings, cafe tablecloths ruffled by the wind like girls’ skirts, keen winters, and endless autumns…Every now and again, someone did get the hell out.

 

A cidade de Roma é quase uma personagem neste livro, já que o narrador a descreve com a intensidade de quem está apaixonado. É um daqueles livros em que não interessa tanto o enredo — já que não se passa assim tanta coisa —, mas mais a escrita e as passagens que falam da cidade, bem como os diálogos que Leo vai tendo com os amigos e, sobretudo, com uma mulher que conhece no início da história. Percebo que comparem Last Summer in the City com Call Me By Your Name e também com The Great Gatsby ou The Catcher in the Rye, embora eu não tenha gostado particularmente deste último.

 

Diria que é uma boa leitura para quem tenha chegado há pouco tempo à casa dos 30 (e sinta que toda a gente à sua volta já é adulta), bem como para quem esteja a planear ir a Roma brevemente — que é o meu caso, mas falo-vos sobre isso brevemente! Por enquanto, digam-me: ficaram com vontade de o ler?
 
Seg | 28.08.23

Quatro livrarias em Amesterdão

Regressei de Amesterdão há uns dias, depois de lá ter ficado para um fim-de-semana de passeio, três dias de escrita e um concerto. Se acompanham o blog desde essa altura, saberão que foi a cidade onde inaugurei a minha tradição de viajar no meu aniversário e uma daquelas onde me imaginava a viver durante uma temporada. Mas nunca lá tinha passado tanto tempo seguido e, uma vez que fui com a Joana (minha companheira de Livra-te), é óbvio que acabamos por visitar uma série de livrarias.

 

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Como sei que também há desse lado quem goste de conhecer livrarias quando viaja, deixo-vos quatro que têm livros em inglês:

 

Pantheon Bookstore

Foi a primeira que visitámos e, não sendo muito grande, tem uma selecção bastante interessante de livros em inglês — foca-se essencialmente em novidades, ficção literária e alguma não ficção. Também havia uma zona dedicada a livros com representação LGBTQ+, mas não sei se está sempre ou se era um destaque a propósito do mês Pride.

 

 

Ainda estávamos a pesquisar e a começar, por isso aqui não comprei nada.

 

 

The American Book Center

De longe, a minha favorita de todas as que conhecemos. São três andares cheios de livros apenas em inglês e com uma grande variedade de capas e edições — o que pode ser bom se gostarem de capas americanas, visto que as que nos chegam são quase sempre as do Reino Unido. Demorámo-nos algum tempo por lá, para explorar tudo com calma, e gostei particularmente da secção de livros com desconto. Ao início ainda achei que estariam danificados, mas não: estão em perfeitas condições e a preços bastante apelativos.

 

 

Tive de ser racional nas minhas compras, uma vez que só tinha mala de cabine, e trouxe apenas dois: Joan is Okay, de Weike Wang, e We Had to Remove this Post, de Hanna Bervoets, uma autora holandesa. Entretanto li ambos durante a viagem, pelo que podem esperar reviews em breve.

 

 

Waterstones

Bastante perto da The American Book Center existe uma Waterstones que, sendo honesta, não é muito diferente das do Reino Unido — por isso não me surpreendeu assim tanto. Ainda andámos à caça de boas oportunidades nos livros com a etiqueta buy one, get one half price, mas não houve nada que saltasse à vista.

 

 

New English Bookstore

Incluimos esta livraria no nosso roteiro porque sabíamos que tinha blind dates with a book, que gostamos de comprar para depois abrir enquanto estivermos a gravar episódios. Além de termos trazido dois para abrir quando gravarmos um episódio sobre esta viagem, também encontrámos You Made a Fool of Death with Your Beauty, de Akwaeke Emezi, com uma capa bonita e um preço interessante — e veio na mala.

 

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Não posso terminar este post sem fazer duas menções honrosas: a primeira vai para a The Book Exchange, uma livraria dedicada à venda de livros em segunda mão e em inglês, onde supostamente se encontram boas oportunidades, mas que, infelizmente, nunca conseguimos apanhar aberta. A outra vai para a Broese Booksellers, em Utretch, cidade que visitámos no domingo. É enorme, mistura livros em holandês e em inglês, e também tem uma secção de música bastante interessante.

 

Gostaram deste pequeno roteiro de livrarias? Que outras acrescentariam?

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