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Rita da Nova

Sex | 02.06.23

Stone Blind, Natalie Haynes

Não é a primeira vez que vos falo de Natalie Haynes aqui no blog, mas hoje faço-o com a certeza de que esta mulher tem tudo para se tornar uma das minhas autoras favoritas. A minha primeira experiência com a escrita dela foi com Pandora’s Jar, um livro que mostra um lado desconhecido das mulheres representadas na mitologia grega — onde se incluía a Medusa, a protagonista do livro Stone Blind, de que vos quero falar hoje.

 

stone-blind-natalie-haynes.JPG

 

Stone Blind é uma reinterpretação do mito da Medusa, mas inclui pontos-de-vista de várias figuras que têm impacto no seu destino. O que Natalie Haynes pretende fazer nesta obra de ficção é, precisamente, mostrar-nos a mesma história, mas de uma perspectiva completamente diferente. É uma das três górgonas e conhecida como um monstro com a capacidade de transformar em pedra todas as pessoas e animais que olha. Não vou adiantar mais sobre o mito, pois pode haver quem não o conheça e não quero estragar a experiência de leitura.

 

Além de ter uma escrita viciante, com uns laivos de humor muito bem inseridos, Natalie Haynes consegue fazer justiça a esta figura mitológica. O facto de usar pontos-de-vista invulgares para contar a história foi, sem dúvida, uma das coisas de que mais gostei neste livro. Acho que nunca tinha lido uma reinterpretação mitológica tão original em tantos aspectos e, por isso, tornou-se rapidamente um dos meus livros favoritos dentro deste género. Fez-me várias vezes questionar a definição de “monstro” e a forma como rapidamente julgamos os outros apenas pelo que aparentam.

 

I’m wondering if you still think of her as a monster. I suppose it depends on what you think that word means. Monsters are, what? Ugly? Terrifying? Gorgons are both these things, certainly, although Medusa wasn’t always. Can a monster be beautiful if it is still terrifying? Perhaps it depends on how you experience fear and judge beauty.

 

Escolhi-o para o Clube do Livra-te em Maio e, confesso, estava um pouco receosa de arrastar toda a gente comigo para esta leitura — uma vez que é um tipo de livro muito específico —, mas a opinião geral foi bastante positiva. Aliás, mesmo quem não costuma ler coisas dentro deste género achou que era uma boa porta de entrada, uma vez que Natalie Haynes consegue contextualizar muito bem todas as personagens e a sua importância para a narrativa.

 

Por isso, se quiserem experimentar uma leitura diferente mas muito viciante, recomendo que se agarrem a este Stone Blind (ou Olhar da Medusa, na tradução portuguesa). Já o leram? Que outros retellings de mitologia me recomendariam?

 

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O que é o Clube do Livra-te?

É o clube do livro do podcast Livra-te — calma, não precisam de acompanhar o podcast para participar nas leituras. Todos os meses, cada uma de nós escolhe um livro para ler em conjunto convosco e vocês podem optar por ler a escolha da Joana, a escolha da Rita ou ambas. Depois, podem deixar a vossa opinião no grupo do Goodreads ou no Discord. Podem juntar-se a qualquer altura, venham daí!