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Rita da Nova

Ter | 09.05.23

The Invisible Life of Addie LaRue, V. E. Schwab

Sabem aqueles livros que já foram tão badalados, que até dá medo de lhes pegar porque sentem que se vão desiludir? The Invisible Life of Addie LaRue, de V. E. Schwab, estava a ganhar pó na minha lista de livros para ler precisamente por causa disso — tinha muito medo de não gostar, até porque algumas pessoas próximas de mim não gostaram assim tanto. Por sorte, a minha amiga Sofia incluiu-o na minha lista de livros a ler durante a nossa viagem ao Japão e só posso agradecer-lhe que o tenha feito.

 

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Talvez eu já fosse à espera de não gostar assim tanto — e nós sabemos o quanto a nossa expectativa pode influenciar a experiência de leitura —, mas apaixonei-me imediatamente por esta história. Em 1719, Addie LaRue encontra-se num momento de desespero e faz um acordo com o Diabo: poderá ser imortal e viver quantas vidas quiser, mas toda a gente se vai esquecer dela assim que ela deixar de estar no seu campo de visão. Addie anda pelo mundo durante quase 300 anos quando, subitamente, tudo muda — cruza-se com um homem numa livraria e ele lembra-se dela.

 

What she needs are stories. Stories are a way to preserve one's self. To be remembered. And to forget. Stories come in so many forms: in charcoal, and in song, in paintings, poems, films. And books. Books, she has found, are a way to live a thousand lives—or to find strength in a very long one.

 

Não só achei uma premissa interessante e bem desenvolvida, como me rendi à escrita de V. E. Schwab logo a partir do primeiro capítulo. Passado entre a França do século XVIII e Nova Iorque dos dias de hoje, a autora conseguiu mesmo levar-me para dentro da história e fazer-me torcer pela Addie a cada página. Eu leio bastante, mas nem sempre consigo mergulhar completamente num livro como aconteceu com este — e, por estar a gostar tanto, até consegui ignorar uma série de coisas que podem não estar tão bem explicadas no enredo ou algumas repetições.

 

Sei perfeitamente que estabeleci uma relação completamente emocional com este livro, e que é provável que nem toda a gente goste tanto dele quanto eu, mas quero bem é que essas pessoas guardem as suas reviews menos boas num saquinho com pedras e atirem ao rio. The Invisible Life of Addie LaRue tocou em vários temas sobre os quais eu gosto de ler, como o luto e a depressão, e fê-lo de uma forma tão bonita, que não há como não gostar dele. É um livro sobre as marcas que deixamos no mundo, mas, acima de tudo, sobre a importância de realmente deixarmos algo de nós quando já não estivermos cá.

 

Estou prontíssima para as vossas opiniões acerca deste livro, quero saber em que lado da barricada estão!

Sex | 05.05.23

Japão // Tokyo (dias 4, 5 e 6)

Mais uma sexta-feira, mais um post sobre a nossa viagem ao Japão. Se, por acaso, só chegaram agora, saibam que já há duas publicações antes desta: uma em que resumo aquilo que precisam de saber no momento de planear uma viagem a este país e uma em que falo dos primeiros três dias em Tokyo.

 

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Tinha pensado em juntar a experiência na capital num só post, mas estava com receio de que fosse demasiada informação e, então, optei por dividir em dois. Não me quero alongar muito porque já expliquei um pouco da vibe da cidade, então passemos directamente para o nosso plano nos dias 4, 5 e 6 por Tokyo:

 

DIA 4 — NAKAMEGURO, SHIBUYA & HARAJUKU

Não nos fazia sentido estar no Japão na altura das cerejeiras em flor e não aproveitar toda e qualquer oportunidade para ver estas árvores pintadas de cor-de-rosa. Por isso mesmo, neste dia, depois de um pequeno-almoço no nosso sítio favorito (7-Eleven, claro!), fomos directos a zona de Nakameguro porque sabíamos que havia uma concentração de cerejeiras junto a um rio. É uma zona mesmo muito bonita, que recomendo visitarem se também forem nesta época ao Japão. Claro que aproveitámos para passar não numa, mas em duas Tsutaya Books e seguir caminho até Shibuya.

 

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Esta é, provavelmente, uma das zonas mais caóticas de Tokyo, conhecida pela Shibuya Crossing, aquela passadeira enorme, com passagem até na diagonal. Ainda antes de irmos atravessá-la, passámos na Sakura Street, outra rua que se enche de flores de cerejeira nesta altura do ano. Depois da confusão na rua, a confusão dentro de portas — ou, melhor, a confusão numa das lojas onde perdi mais a cabeça em toda a viagem. Chama-se Loft e… como dizer? É uma loja de tudo e mais alguma coisa, com objectos para a casa, tecnologia, comida, cosmética, material de escritório, entre outros. Se tiverem tempo, vale a pena uma visita!

 

 

Depois de almoçarmos qualquer coisa bem rápido — e por “qualquer coisa” eu quero dizer o frango do Lawson que é incrível —, fomos ainda ao Meiju Jingu, um dos templos mais conhecidos de Tokyo. Sendo adjacente ao Parque de Yoyogi, acaba por estar integrado no meio da natureza, embora fique bem perto de Harajuku. Esta zona foi a nossa última paragem do dia e é conhecida por ser o centro da cultura de cosplay na cidade.

 

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Regressámos à zona de Shinjuku, onde ficava o nosso hotel, e ainda passei na principal Kinokuniya Books do bairro — vocês já sabem que eu não dispenso entrar em toda e qualquer livraria. O jantar foi um belo de um barbecue no Shokuniku Center Kiwame.

 

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DIA 5 — VIAGEM A NIKKO & ASAKUSA

Uma das vantagens de comprar o JR Pass é a de podermos fazer day trips a localizações mais pequenas, que fiquem relativamente perto das grandes cidades. Foi com isso em mente que decidimos guardar um dos dias em Tokyo para conhecer Nikko, de que já nos tinham falado muito bem. Claro que nem todas as viagens de transportes podiam correr incrivelmente bem e, depois de uma pequena confusão acerca da linha certa a apanhar, lá nos orientámos e chegámos a Nikko por volta da hora de almoço — ainda são cerca de 3h até lá.

 

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Nikko é uma lufada de ar fresco e de tranquilidade depois de Tokyo, já que é essencialmente um local de natureza e templos. Ainda antes de visitarmos os principais pontos, passámos pelo Yonekichi Akira Sushi, pareceu-nos ter bom ar e almoçámos um óptimo sushi. A seguir vimos, então, a Ponte Shinkyo e passeámos até aos templos Tosho-gu e Futarasan jinja. Foi, definitivamente, uma boa maneira de passar um dia mais tranquilo, a descansar da confusão e estímulos constantes da capital.

 

 

O sol já se tinha posto quando regressámos e a maioria dos estabelecimentos já estava a fechar, mas decidimos ir na mesma à zona de Asakusa, que ainda mantém o espírito de uma Tokyo mais antiga, com ruas mais estreitas, bancas de comida de rua e lojas de artesanato. Infelizmente vimos muito pouco desta vida, mas ainda conseguimos passar pelo Sensoji, um templo budista popular entre os turistas, que fica muito bonito à noite. Acabámos por jantar lá mesmo, num Izakaya chamado Torasuzu, que mais não é do que um sítio onde se pode pedir bebida e uns petiscos para acompanhar.

 

 

 

DIA 6 — SHINJUKU & PARTIDA PARA KYOTO

O nosso sexto (e último) dia em Tokyo foi também aquele em que partimos para Kyoto, mas quisemos deixar a manhã livre para fazer check-out com calma e ainda visitar algumas coisas na zona de Shinjuku que ainda não tínhamos conseguido encaixar nos planos. Começámos o dia no Metropolitan Building, para vermos a cidade a cerca de 200 metros de altitude e recomendo muito que o façam, uma vez que a sala do observatório tem um piano onde qualquer pessoa pode tocar e apanhámos duas crianças demasiado talentosas.

 

 

Antes de partirmos para a Tokyo Station, para apanhar o comboio até Kyoto, ainda conseguimos ir visitar o Shinjuku Gyoen, que estava nos nossos planos do primeiro dia, mas, infelizmente, estava lotado. Compensou não desistir dele, porque foi uma das minhas partes preferidas de Tokyo — e acredito que seja especialmente bonito por causa das cerejeiras em flor.

 

 

O nosso almoço desse dia foi na própria da estação de Tokyo, enquanto esperávamos pelo nosso comboio para fazer as cerca de 2h que separam a capital de Kyoto.

 

Regressámos ainda à capital no final da viagem, para uma última noite, mas contarei tudo sobre o que fizemos mais à frente. Por enquanto, podem deixar as vossas questões habituais nos comentários e esperar o post da próxima semana, onde falarei então sobre Kyoto e Hiroshima.

Qui | 04.05.23

Transcendent Kingdom, Yaa Gyasi

Yaa Gyasi era uma das autoras que eu queria muito explorar este ano, como mencionei num episódio do Livra-te dedicado à literatura no feminino, por isso decidi escolher Transcendent Kingdom (Reino Transcendente na tradução) para o Clube do Livra-te em Abril. Admito que não sabia muito bem o que esperar, mas bastou-me um capítulo para ficar completamente rendida: à escrita, ao tema e à dinâmica entre as personagens.

 

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Gifty, a personagem principal, está a fazer um doutoramento em Neurociências, com foco na maneira como os circuitos neuronais são afetados em casos de vício e depressão. Pode não parecer a premissa mais interessante do mundo, mas rapidamente compreendemos que ela se interessa por este tema porque isso a faz compreender melhor a mãe, que tem depressão, e o irmão, que era viciado em drogas. O livro leva-nos, então, a conhecer a história desta família, que se mudou do Gana para os Estados Unidos, através da forma como Gifty estuda estes temas e se relaciona com a mãe, que está numa depressão profunda após a morte do filho.

 

It took me many years to realize that it’s hard to live in this world. I don’t mean the mechanics of living, because for most of us, our hearts will beat, our lungs will take in oxygen, without us doing anything at all to tell them to. For most of us, mechanically, physically, it’s harder to die than it is to live. But still we try to die. We drive too fast down winding roads, we have sex with strangers without wearing protection, we drink, we use drugs. We try to squeeze a little more life out of our lives. It’s natural to want to do that. But to be alive in the world, every day, as we are given more and more and more, as the nature of “what we can handle” changes and our methods for how we handle it change, too, that’s something of a miracle.

 

Este livro traz-nos também reflexões muito interessantes acerca da dicotomia entre religião e ciência, já que a mãe de Gifty é extremamente religiosa e a Igreja sempre esteve muito presente na educação dos filhos. Será possível que uma mulher das ciências seja também religiosa? Qual é que pode ser o papel da espiritualidade na vida de Gifty, a partir do momento em que decide estudar ciência?

 

Pela sinopse, parecia que este livro era uma saga familiar mais tradicional — ou seja, achei que iríamos acompanhar as diferentes gerações da família cronologicamente —, mas fiquei muito feliz com as escolhas da autora no que diz respeito à estrutura da narrativa. Acho mesmo que será difícil não gostarem deste livro, mesmo que a vossa experiência não seja semelhante à da personagem principal.

 

Também acompanharam esta leitura do Clube do Livra-te ou já o tinham lido antes? Se sim, qual é a vossa opinião?

 

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O que é o Clube do Livra-te?

É o clube do livro do podcast Livra-te — calma, não precisam de acompanhar o podcast para participar nas leituras. Todos os meses, cada uma de nós escolhe um livro para ler em conjunto convosco e vocês podem optar por ler a escolha da Joana, a escolha da Rita ou ambas. Depois, podem deixar a vossa opinião no grupo do Goodreads ou no Discord. Podem juntar-se a qualquer altura, venham daí!

Ter | 02.05.23

Música para o mês // Maio

Abril foi uma brisa. Com a quantidade de coisas que tive de fazer antes e depois da quinzena passada no Japão, por um lado sinto que passou demasiado depressa, mas por outro chego a Maio com a sensação de que consegui mesmo descansar e desligar o cérebro. Entrou mesmo neste novo mês cheia de vontade de me agarrar à escrita e ver se é desta que flui.

 

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Já sabem que irei continuar a falar-vos do Japão aqui pelo blog, não apenas para partilhar a minha experiência convosco, mas sobretudo para reviver uma viagem que me marcou de formas que ainda não consegui interiorizar completamente. Como já fui dizendo, regressei com a sensação de que estive do outro lado do mundo, tanto geográfica como mentalmente, e isso só pode trazer as suas vantagens.

 

Maio promete ser um mês de alguma paz — e não falo apenas da agenda, que espero realmente que acalme um pouco para que eu consiga centrar-me e focar-me no meu segundo livro. Terei alguns programas culturais, o casamento de dois grandes amigos e uma escapadela para celebrar o aniversário do Guilherme, mas tudo com bastante calma e tempo para respirar.

 

Acho que a música que trago para receber Maio vai um pouco nesta onda. Andei a pensar se traria uma música mais animada, para celebrar os dias de sol e calor, mas quero atrair mais uma vibe tranquila — e a música The Alcott, dos The National com a Taylor Swift, parece-me ideal para me acompanhar nesta missão.

 

 

It's the last thing you wanted
Tell me which side are you on, dear
It's the first thing you do
Give me some tips to forget you
You tell me your problems
Have I become one of your problems?
And I tell you the truth
Could it be easy this once?
It's the last thing you wanted
Everything that’s mine is a landmine
It's the first thing I do
Did my love aid and abet you?
I tell you that I think I'm falling
Back in love with you

 

Acho que todo o novo álbum dos The National (First Two Pages Of Frankenstein) será uma excelente companhia nestes dias, assim como o novo álbum da Jessie Ware (That! Feels Good!) — que, se ainda não ouviram, recomendo muito também! E agora, contem-me lá: como se avizinha o vosso mês de Maio? Há alguma coisa que vos entusiasme particularmente?

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