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Rita da Nova

Qui | 30.03.23

Música para o mês // Abril

O que é que aconteceu, que de repente já estamos a entrar no segundo trimestre do ano? Também sentem que está tudo a andar demasiado depressa ou é de mim e das correrias em que tenho andado metida? Março foi um instante, mas um instante muito bom: desde a divulgação do meu livro à preparação da viagem para o Japão, sobrou pouco tempo para assentar.

 

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Por falar em Japão, é por causa dessa viagem que vos trago a música de Abril um pouco mais cedo do que o habitual — quero poder aproveitar a viagem sem estar preocupada com partilhas de posts, agendamentos e coisas que tais. Estou muito entusiasmada com a viagem e cheia de vontade de parar um pouco e apreciar o país e as pessoas com quem vou. Por isso mesmo, o blog vai parar um pouquinho (entendam-no como umas férias de mim também 😌).

 

Falando da música que trago — na realidade o álbum inteiro —, ela vem de uma das coisas que tive tempo de fazer em Março: ver toda a série Daisy Jones & The Six, inspirada no livro da Taylor Jenkins Reid de que já vos falei aqui no blog também. Pode não ser a adaptação mais perfeita que já vi na vida, mas liguei-me emocionalmente à série de uma forma que não aconteceu com o livro — já para não falar de toda a promoção incrível que foi feita à volta da série, desde o álbum, passando por merchandise, etc.

 

O álbum tem estado diariamente na minha cabeça e eu agora vou passar para as vossas, que tal? Fiquem com Look At Us Now (Honeycomb), a mais conhecida:

 

 

Now where do we stand?
Baby, baby, baby,
No one knows who you are
And if this was your plan,
Tell me tell me why
You’ve been crying in the dark
We unraveled a long time ago
We lost and we couldn’t let it go
I wish it was easy, but it isn’t so 

 

Já viram a série? O que acharam? E o que vos reserva Abril? Contem-me tudo, já sabem que sou cusca!

Ter | 28.03.23

Lonely Castle in the Mirror, Mizuki Tsujimura

Lonely Castle in the Mirror, de Mizuki Tsujimura, faz parte da minha lista de leituras pré-viagem ao Japão. Depois de ter visto as reviews positivas de várias pessoas em cuja opinião confio, achei que não havia como não gostar de o ler. Devo confessar que não foi amor à primeira página, mas revelo já que acabei completamente desfeita.

 

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Como sempre, comecemos pela premissa: Kokoro, uma menina que falta constantemente às aulas, vê o espelho do seu quarto a brilhar. Quando se aproxima, é “sugada” lá para dentro e descobre um castelo onde estão outras seis crianças e uma rapariga com uma máscara de lobo. Esta Queen Wolf explica-lhes que existe uma chave escondida no castelo, chave essa que abre um quarto onde apenas um deles poderá concretizar um desejo. Aquele espaço tem algumas regras: quando esse desejo se tornar real, as memórias de tudo o que se passou no castelo serão apagadas; se eles não regressarem às respectivas casas todos os dias antes das cinco da tarde, serão comidos pela Queen Wolf; e o grupo tem um ano para descobrir a chave.

 

À medida que estas sete crianças se vão conhecendo, a autora explora vários temas — principalmente o bullying e a saúde mental infantil, dois problemas muito presentes na sociedade japonesa. Estamos perante um livro com bastante realismo mágico, mas não foi isso que me demoveu ao início. Os capítulos são bastante grandes e senti que a história estava a avançar muito lentamente, pelo que fiquei com a sensação de que poderia perfeitamente ter menos 100 páginas. Comentei isso mesmo com uma amiga minha e ela disse-me: “tudo faz sentido no fim”.

 

A hypothetical reality seemed preferable to present reality, and the more she fantasized about how great it would if certain things could come true, the more reality that world seemed to take on.

 

Confiei nela e dou-vos o mesmo conselho, se este livro fizer parte da vossa lista. Não se deixem demover pelo início da história porque realmente as pontas ficam todas bem atadas e a história vai deixar-vos com o coração destruído e quentinho ao mesmo tempo. A narrativa ganha velocidade e força a partir de meio do livro e não vão conseguir largá-lo até descobrirem como é que termina. Mistura a realidade e os contos de fadas e fala da importância de não nos deixarmos engolir pela solidão.

 

Acho que não está traduzido para português, mas não posso deixar de o recomendar. Mesmo que realismo mágico não seja a vossa praia, mesmo que tenham pavor a capítulos grandes, mesmo que não costumem ler autores japoneses. Juro que vale a pena! Convenci-vos?

Sex | 24.03.23

Pizza Girl, Jean Kyoung Frazier

Comprei este livro de impulso e li-o da mesma forma: não estava nas leituras planeadas para Março, mas senti que precisava de um intervalo entre tantas histórias passadas no Japão e na Coreia. Embora o meu objectivo fosse ler o máximo de autores asiáticos antes de ir de viagem, não queria que as histórias começassem a misturar-se na minha cabeça.

 

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Peguei em Pizza Girl, de Jean Kyoung Frazier, e devia ter adivinhado que, mesmo não sendo esse o enredo principal, a personagem central é filha de emigrantes coreanos. Tentei fugir, mas não consegui fazê-lo completamente. Falando-vos então da premissa deste livro: em Los Angeles, uma rapariga de 18 anos está grávida e sente-se completamente perdida. A mãe e o namorado estão muito felizes com a gravidez e apoiam-na em tudo, mas nada parece ajudar a que ultrapasse a morte do pai e a surpresa de ter uma criança a caminho. Até ao dia em que, no trabalho, tem de levar uma pizza a uma senhora mais velha, por quem fica completamente obcecada.

 

Esta obsessão faz com que a protagonista (só sabemos o nome dela mesmo no fim) veja na relação com Jenny — a tal mulher mais velha — a solução para os seus problemas e para a falta de rumo da sua vida. A partir daí, fará uma série de más decisões, o que faz com que este livro tenha uma série de acontecimentos inesperados. Obviamente que não vou dizer quais, porque não quero estragar a leitura a ninguém.

 

A protagonista não é uma personagem fácil de gostar, mas é possível compreender a razão das suas atitudes. Há momentos de diálogo muito bons e várias observações que misturam humor com tragédia, duas coisas que a autora consegue combinar muito bem. Apesar de não ter ficado presa logo nos primeiros capítulos, fui gostando progressivamente mais até ao fim e recomendo muito a leitura a quem goste de livros centrados no desenvolvimento de personagens.

 

Também acho que também pode ser uma boa leitura para pessoas que se sintam perdidas na vida, que não saibam muito bem que caminho seguir. Esse é o grande conflito da personagem principal e acredito que toda a gente seja capaz de se identificar — afinal, raras são as pessoas que nunca se sentiram dessa forma. E agora, contem-me: já tinham ouvido falar deste livro?

Qui | 23.03.23

Almond, Won-Pyung Sohn

Não sei há quanto tempo tinha este livro debaixo de olho, mas sei que fui adiando a compra sem nenhum motivo aparente. Até que, na ida a Edimburgo, decidi que estava na altura certa e trouxe-o da Topping & Company. Confesso que sabia pouco sobre a história, porque não gosto assim tanto de ler sinopses, mas tinha a noção de que contava a história de uma personagem com Alexitimia — a incapacidade de identificar e expressar emoções.

 

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Yunjae cresce sem conseguir sentir emoções, como a raiva ou o medo. A mãe e a avó tentam prepará-lo o melhor possível para a vida em sociedade, com vários truques que o ajudam a reagir da melhor forma em contextos sociais. Porém, um certo dia, perde ambas num acontecimento violento e tem de viver e orientar-se sozinho. Porém, a amizade com um rapaz chamado Gon, por mais improvável que seja, prova-se essencial para a sua sobrevivência.

 

Não vos consigo explicar o quão delicado e bonito é este livro — desde a forma como está escrito, à maneira como nos faz viver os acontecimentos de um ponto-de-vista que, à partida, não será natural para nós. Emocionei-me várias vezes com as demonstrações de amor da mãe e da avó, com o esforço que Yunjae faz para ser uma pessoa “normal”, com a lição de empatia que esta história nos dá. Ultimamente tenho-me informado mais sobre a cultura coreana e acho que este livro não seria tão bem construído se fosse passado noutro país.

 

Books took me to places I could never go otherwise. They shared the confessions of people I'd never met and lives I'd never witnessed. The emotions I could never feel, and the events I hadn't experienced could all be found in those volumes.

 

Parece que quanto mais gosto dos livros de que falo aqui, quanto maior a ligação emocional, mais complicado se torna fazer uma review estruturada, que apresente as coisas boas e menos boas da leitura. Com este, porém, só me sinto na capacidade de resumir desta forma: quem diria que um livro sobre a dificuldade em sentir emoções era capaz de me deixar tão destruída. Se isto não é tudo o que precisam de saber antes de ler, então não sei.

 

Infelizmente ainda não está traduzido para português, mas se estiverem à vontade com a leitura em inglês, deixo-vos com a informação de que é bastante acessível. E agora, digam-me: ficaram com vontade de o ler?

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