Foi só no início deste ano que me estreei na escrita de Claire Kegan, mas soube imediatamente que quereria ler outras coisas dela — até para perceber se é sempre incrível ou se a minha primeira experiência tinha sido um caso especial. Ora, depois de ler Foster, posso dizer que estou ainda mais apaixonada.
Ainda mais pequeno do que Small Things Like These, este livro traz-nos a história de uma pequena rapariga, que é deixada pelo pai com os Kinsella, uma família de acolhimento numa área rural da Irlanda, sem saber muito bem quando ou se regressará a casa. Com o casal que a acolhe, a menina descobre um amor e um carinho que não é comum na sua família — além da pobreza em que está habituada a viver, o nascimento de vários irmãos mais novos faz com que a mãe tenha pouco tempo para lhe dedicar. Só que a convivência com o casal rapidamente revela alguns segredos sobre o passado deste homem e desta mulher — e a rapariga percebe que talvez não possa ficar com eles durante muito tempo.
I feel at such a loss for words but this is a new place, and new words are needed.
Mais do que ter um enredo super detalhado — até porque o formato acaba por estar mais próximo de um conto —, este livrinho está escrito de uma forma tão bonita, simultaneamente triste e enternecedora, que estive à beira das lágrimas várias vezes. Claire Keegan consegue materializar as emoções da personagem principal de uma forma humana, que eu dei por mim a querer abraçá-la a cada parágrafo.
Enquanto escrevia este post apercebi-me também de que Foster foi adaptado no ano passado para filme, com o título The Quiet Girl, e vou querer ver brevemente. Por enquanto, pergunto-vos: ficaram com curiosidade em ler este pequeno livro? Acho que ainda não está traduzido para português, mas como sucesso de Small Things Like These, pode ser que venha a estar num futuro próximo.
Felix Ever After, de Kacen Callender, foi o resultado de um blind date with a book que comprei na Strand, em Nova Iorque, sabendo perfeitamente, pela sinopse, que seria este livro. Como o tinha há imenso tempo debaixo de olho, na altura achei que fazia todo o sentido apostar nele, mas depois foi ficando perdido na pilha até que a Elga me disse que iria lê-lo no seu Desafio 2023 e eu decidi pegar no exemplo dela como motivação.
Ao longo destas páginas conhecemos Felix Love que, apesar do nome, nunca esteve apaixonado. Mais do que ser difícil encontrar alguém por quem possa apaixonar-se, sente que é discriminado por ser quem é: um rapaz trans, negro e queer. Felix é super orgulhoso da sua identidade e não a esconde, mas vê a sua confiança abalada quando alguém afixa mensagens transfóbicas no curso de verão que frequenta. Quando começa a delinear um plano perfeito para descobrir quem está por detrás destas mensagens de ódio, Felix descobre muito mais do que apenas um culpado.
It can be easier, sometimes, to choose to love someone you know won't return your feelings. At least you know how that will end. It's easier to accept hurt and pain, sometimes, than love and acceptance. It's the real, loving relationships that can be the scariest.
Devorei este livro num dia, não apenas pelo facto de a escrita ser muito acessível, mas sobretudo porque adorei a forma como o autor criou um grupo de personagens e um contexto onde diferentes identidades e formas de amar são a norma — embora não deixe de haver casos de discriminação e agressão entre essas pessoas. O autor nunca precisou de explicar que Felix é uma pessoa trans, nem de definir que é ser trans: bastou contar a história do ponto de vista deste adolescente em busca de amor e aceitação, quer por parte de um par romântico, quer por parte da família e amigos.
Felix ensina-nos (ou pelo menos recorda-nos) que a nossa identidade não tem de ser uma coisa fixa, que pode ir sendo definida ao longo do tempo ou que pode, inclusivamente, nunca obedecer a etiquetas e nomenclaturas definidas.
Tudo isto ganha uma dimensão ainda mais emocional e intimista quando, no final, compreendemos que o próprio autor demorou bastante tempo a encontrar uma identidade com que se sentisse confortável. Não sei quanto a vocês, mas os livros ganham sempre um significado especial para mim quando percebo de onde vêm. Já conheciam este livro?
Chegámos finalmente a Fevereiro e eu já posso falar de todas as coisas que este mês me reserva sem quaisquer segredos! Mas, antes o fazer, gostava de começar por vos agradecer toda a onda de amor que se gerou à conta do anúncio do meu livro — As Coisas Que Faltam — que chegou entretanto à 2ª edição! Fico muito lamechas quando falo nisto porque escrever livros é o que eu quero realmente fazer da vida e é à conta do vosso apoio que isso é possível.
Pronto, já limpei a lagrimita que apareceu aqui no canto do olho, e agora vamos mas é falar de Fevereiro e da agenda preenchida que vai ser aqui por estes lados: vai haver Terapia de Casal ao vivo em seis cidades, vai haver um lançamento oficial d’As Coisas Que Faltam e umas quantas sessões de autógrafos, vai haver uma série de combinações para ajudar a promover o livro. A melhor forma de estarem sempre a par de tudo isto é através do meu Instagram, onde vou deixando as novidades à medida que as posso divulgar.
No meio disto tudo, saiu um álbum novo de Sam Smith (Gloria) e o videoclip do single I’m Not Here to Make Friends — e é assim: se eu já estava entusiasmada com o concerto dele no Alive, agora ainda estou mais. Vi-o ao vivo há uns anos (2015, acho) e foi aí que passei a gostar mais dele e da forma como se conecta com o público. Por isso, vamos lá passar Fevereiro com este álbum na cabeça:
If you want it bad tonight Come by me and drop a line Put your aura into mine Don’t be scared if you like it I could fill you up with life I could ease your appetite Know you’ve never been this high Don’t be scared if you like it
Já sabem que vou querer saber tudo o que Fevereiro vos reserva e podem deixar tudo ali nos comentários!