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Rita da Nova

Sex | 24.02.23

We All Want Impossible Things, Catherine Newman

Se ouviram o episódio de Livra-te em que eu e a Joana falamos da desgraça que a viagem a Edimburgo foi para as nossas carteiras, se calhar recordam-se de eu ter comprado alguns livros na WHSmith do aeroporto. Um deles, We All Want Impossible Things, de Catherine Newman, foi uma compra de impulso — gostei da capa, gostei da sinopse e verifiquei num instante que tinha boa cotação no Goodreads.

 

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O livro conta a história de duas melhores amigas desde a infância. Edith está em cuidados paliativos porque sofre de um cancro terminal, mas é Ashley quem narra na primeira pessoa, o que me pareceu uma forma muito interessante de explorar o que é ter alguém tão importante para nós numa situação que é inevitável e apenas “uma questão de tempo”. O enredo é bastante realista e desde as primeiras páginas que sabemos que esta não é uma daquelas histórias em que, por milagre, a personagem de Edi sobrevive apesar de medicamente isso ser bastante improvável.

 

Posso dizer-vos que adorei este livro, envolvi-me com todas as personagens e sofri com todas elas: Ash e Edi, claro, mas também as respectivas famílias e amigos, já que todo o conjunto de personagens deste livro está a tentar lidar com a impotência de não conseguir fazer nada por Edith. As personagens têm falhas, são humanas. Por vezes também são irritantes, mas isso faz parte, até porque estão todas a navegar neste luto antecipado.

 

Além de ser um livro sobre perda e sobre o luto que, muitas vezes, tem de ser feito quando a pessoa ainda está viva, é também uma ode às amizades que são histórias de amor. Ashley e Edith são a pessoa uma da outra e essa relação de amizade está extremamente bem construída — elas não estiveram sempre bem uma com a outra ao longo das suas vidas, mas estiveram sempre juntas.

 

Everyone dies, and yet it’s unendurable. There is so much love inside of us. How do we become worthy of it? And, then, where does it go? A worldwide crescendo of grief, sustained day after day, and only one tiny note of it is mine.

 

Eu ainda não perdi nenhum familiar próximo, então a morte e o luto são temas quase magnéticos para mim, como se, ao ler estas histórias, eu estivesse de alguma maneira a preparar-me para o que pode acontecer. We All Want Impossible Things mostrou-me diversas perspectivas e, acima de tudo, fê-lo com uma escrita trágica e sarcástica em medidas iguais — um equilíbrio super difícil de conseguir.

 

A escrita de Catherine Newman não me convenceu nos primeiros capítulos, mas depois consegui entrar e fui só eu a lidar com as emoções até ao fim do livro. É uma novidade deste ano, mas gostava mesmo muito que traduzissem para português brevemente porque acho que pode correr bastante bem cá!