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Rita da Nova

Ter | 21.02.23

Hex, Jenni Fagan

Li este livro depois de voltar de Edimburgo e ainda não sei bem como falar sobre ele — é que é um tipo de leitura tão específico, que gostaria de vos dizer as coisas certas, para que fiquem com vontade de o ler também. Começo por dizer que é uma reinterpretação de uma história conhecida no folklore escocês: a história de Geillis Duncan, uma mulher condenada à morte por bruxaria.

 

hex-jenni-fagan.JPG

 

Neste pequeno livro, Jenni Fagan apropria-se dessa personagem, mas dá um twist bastante interessante à lenda: a 4 de Dezembro de 1591, na última noite da sua vida, antes de ser executada, Geillis Duncan recebe uma visita inesperada. Trata-se de Iris, uma mulher contemporânea, que a contacta de 2021. A partir daí, desenvolve-se uma dinâmica super interessante entre as duas: Geillis conta a sua história, enquanto Iris lhe oferece conforto.

 

- Do you know, Geillis, I like tho think about what would happen if the women of now went out to march for the women of then. And if… the women of then marched with the women of now.
- I would do that, Iris, we all would.
- Would you?
- Aye, all the witches in the faraway world you come from and here too, all together, marching.

 

A conversa entre as duas e a reflexão que decorre dessa conversa são a parte mais interessante deste livro, já que abordam a forma como a violência contra as mulheres continua a ser um tema, mesmo passados tantos séculos. Gostei muito deste paralelismo que de desenvolve da “caça às bruxas”, isto é, da perseguição da sociedade a mulheres inteligentes, fortes e independentes. Não prometo que não sintam alguma revolta durante a leitura, até porque acho que esse era um dos objectivos da autora, mas garanto que vão querer guardar várias citações.

 

Antes que perguntem: não, não precisam de estar familiarizados com a história de Geillis Duncan para compreenderem este livro. Se quiserem ficar a par, basta uma pequena pesquisa na Internet, mas o livro vive bem por si só e contextualiza o suficiente para que percebam tudo. Também não está traduzido, mas se tiverem facilidade com o inglês, podem apostar porque a escrita é relativamente simples.

 

Vamos lá a saber: ficaram com vontade de o ler?