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Rita da Nova

Qui | 26.01.23

AS COISAS QUE FALTAM é o meu primeiro livro de ficção!

Bem sei que ontem anunciei a novidade pelo Instagram, depois de alguns dias a lançar um ou outro teaser, mas não podia deixar de escrever umas palavrinhas no blog sobre o meu novo livro, As Coisas que Faltam. Fui partilhando algumas coisas sobre o processo por aqui — e planeio falar um pouco mais sobre o tema, quem sabe respondendo a questões que vocês tenham —, mas por agora nada como deixar aqui registado que… consegui!

 

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As Coisas que Faltam entrou ontem, dia 25 de Janeiro, em pré-venda e começará a chegar às livrarias (e às casas de quem comprar antes) a partir de dia 15 de Fevereiro. Ser escritora sempre foi uma ambição minha e vejo este livro como o primeiro passo nesse caminho.

 

A história da protagonista, Ana Luís, é mais do que a vida de uma mulher em busca de um pai desconhecido. É, sobretudo, um livro sobre como aquilo que nos falta ser capaz de definir o que somos. Porque é que a ausência faz mais mossa do que a presença? Quem somos se nunca conhecermos completamente quem nos deu vida? Tentei que fossem estas perguntas, bem como experiências de vida (minha e de pessoas à minha volta) a guiar a escrita.

 

 

Deixo-vos a sinopse:

Quando tinha oito anos, Ana Luís pediu pela primeira vez para conhecer o pai. Era muito comum a mãe dizer-lhe que não a tudo - não, não podia ir para casa das colegas porque tinha de estudar; não, não podia comer gelados porque eram só gelo e açúcar. De todas as respostas negativas que estava habituada a receber, porém, aquela foi a que doeu mais.

Ana Luís cresce a sentir que lhe falta algo e que não pertence a lado nenhum. A convivência com a mãe, uma mulher fria e dominadora, aprisiona-a num lugar solitário.

É na figura do pai que deposita todas as suas esperanças: ele é a peça do puzzle que falta e, quando o conhecer, a sua vida vai finalmente fazer sentido e sentir-se-á completa.

As Coisas que Faltam, o tão aguardado romance de estreia de Rita da Nova, traz-nos a história de uma mulher à procura do seu lugar no mundo.

Numa trama de densidade emocional crescente, a autora explora com destreza a complexidade da identidade humana, a importância do círculo familiar e as histórias que se repetem, às vezes de geração em geração.

 

Se ficaram com vontade de o ler, podem sempre aproveitar a pré-venda nos locais habituais: Bertrand, Fnac e Wook. Resta-me agradecer a todas as pessoas que acompanham o que vou escrevendo por aqui e que ficaram genuinamente felizes por me ver avançar neste caminho.

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As fotografias que acompanham este post foram resultado de uma sessão em parceria com a Mafalda Beirão (direcção criativa e produção), a Márcia Soares (fotografia) e a Raquel Batalha (maquilhagem). 

Ter | 24.01.23

All the Light We Cannot See, Anthony Doerr

Quem lê o blog há mais tempo sabe do meu ódio de estimação em relação a Janeiro, o mês mais longo e mais sofrido do ano. Parece que nada avança (embora avance) e que nada de bom acontece (embora aconteça). Dito isto, ler All the Light We Cannot See, de Anthony Doerr, foi como ter Janeiro num livro.

 

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All the Light We Cannot See passa-se durante a II Guerra Mundial e conta, alternadamente, a história da francesa Marie-Laure, uma menina cega que acompanha muitas vezes o pai no seu trabalho no Museu de História Natural, e o alemão Werner — um rapaz órfão, com muito jeito para construir coisas, que acaba por se alistar nas forças alemãs. Estas duas histórias decorrem em paralelo e mostram-nos que, neste contexto, nem tudo foi preto no branco. É um livro sobre as pequenas coisas, sobre os gestos que facilmente nos passam despercebidos em alturas de grande tumulto, mas que continuam a fazer com que a humanidade valha a pena.

 

When I lost my sight, Werner, people said I was brave. When my father left, people said I was brave. But it is not bravery; I have no choice. I wake up and live my life. Don't you do the same?

 

Já o tinha há algum tempo para ler e fiquei muito feliz por ser a escolha da Joana para o Clube do Livra-te de Janeiro, mas claramente não foi a melhor altura para o ler. Não sei se foi pelo mês em que estamos, se foi porque ando a mil e este livro exige bastante concentração para que entremos mesmo na história. Sei, sim, que havia aqui muito potencial para ser um favorito e simplesmente não consegui lá chegar. Tive de alternar entre livro físico, e-book e audiolivro para me motivar a ler, mas foi um caminho penoso.

 

Isto não quer dizer que eu não recomende este livro, até porque, na realidade, é daqueles que consegue ficar no coração. Quer apenas dizer que a escrita não é fácil, a forma como está construído exige um grande esforço de concentração e recomendo que escolham uma altura mais leve para lerem — ou, pelo menos, uma altura em que possam dedicar-lhe toda a vossa atenção.

 

Posto isto, digam-me: já o leram ou planeiam ler? Que opiniões há desse lado?

 

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O que é o Clube do Livra-te?

É o clube do livro do podcast Livra-te — calma, não precisam de acompanhar o podcast para participar nas leituras. Todos os meses, cada uma de nós escolhe um livro para ler em conjunto convosco e vocês podem optar por ler a escolha da Joana, a escolha da Rita ou ambas. Depois, podem deixar a vossa opinião no grupo do Goodreads ou no Discord. Podem juntar-se a qualquer altura, venham daí!

Sex | 20.01.23

Three Women, Lisa Taddeo

O meu primeiro audiolivro do ano não foi um daqueles que eu já queria ouvir há algum tempo. Na realidade, eu sabia pouco sobre Three Women, de Lisa Taddeo, até ao momento em que vi que estava disponível no Scribd — pareceu-me bem, vi que tinha boas reviews e lá fui.

 

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Lisa Taddeo acompanhou três mulheres no decurso das suas vidas durante quase uma década, com o objectivo de acompanhar de perto a forma como encaram a sua sexualidade. No livro, conhecemos então Lina (casada e mãe, cujo casamento perdeu a chama e dá por si a reencontrar uma paixão antiga), Maggie (uma adolescente que parece estar numa relação de contornos estranhos com um professor) e Sloan (dona de um restaurante, que está num casamento feliz com um homem que gosta de a ver a ter sexo com outras pessoas). Claro que Lisa Taddeo poderia ter escolhido relatar a vida sexual de várias outras mulheres, mas este parece-me um exercício de empatia muito mais profícuo — será que conseguimos mesmo compreender os motivos que levaram estas mulheres a tomar decisões que, por vezes, nos parecem reprováveis?

 

One inheritance of living under the male gaze for centuries is that heterosexual women often look at other women the way a man would.

 

Tive alguma dificuldade com a forma como o livro está estruturado porque a autora vai alternando as histórias das mulheres a cada capítulo, mas compreendo a escolha porque assim acompanhamos a evolução das três ao mesmo tempo. Mais do que as histórias, o que realmente me impressionou foi a forma como está escrito. Lisa Taddeo consegue a proeza de nos apresentar estas histórias de uma maneira que parece ficção, mas sem nunca perder a objectividade e sem deixar de narrar os factos.

 

Acho que pela primeira vez nesta minha incursão pelo mundo dos audiolivros, encontrei um título que preferia ter lido em vez da versão áudio, talvez pela estrutura do livro — porque seria bom poder andar mais facilmente entre capítulos para recordar o percurso das três mulheres. Ainda assim, é uma leitura que recomendo muito, não apenas se tiverem interesse em explorar diferentes perspectivas sobre a sexualidade feminina, mas também se gostarem de acompanhar histórias reais de pessoas comuns.

 

Já tinham ouvido falar sobre este livro ou ficaram com vontade de o ler/ouvir?

Ter | 17.01.23

Terminei o meu primeiro diário a 5 anos

No final de 2017, numa das minhas (demasiadas) idas à Tiger, encontrei um Five-Year Diary, cujo propósito é o de escrever um pequeno parágrafo por dia durante cinco anos. Decidi comprar, comecei a usá-lo no início de 2018 e terminei-o no final do ano passado. E, sim, gostei tanto da experiência de registar um pouco dos meus dias, que no dia 1 de Janeiro de 2023 estava a inaugurar o meu novo diário a cinco anos.

 

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Mas porque é que achei que deveria escrever-vos aqui sobre isso? Porque, mais do que o acto de escrever um pequeno resumo do meu dia, todos os dias, o que eu ia gostando mais era de verificar o que tinha acontecido naquele mesmo dia, mas em anos passados. E, enquanto o fazia, fui-me apercebendo de alguns padrões — tanto na minha disposição, como nos planos que ia fazendo. Por exemplo: dei por mim a combinar jantares com um certo grupo de amigos mais ou menos na mesma semana ou a sentir-me desanimada com o trabalho nas mesmas alturas do ano.

 

Além disso, também é uma forma de analisar as coisas e pessoas que realmente interessam e que foram merecendo destaque nestes meus resumos diários. Ou de relembrar que às vezes as coisas parecem importantes ou graves, mas não são assim tão determinantes quando olhamos com alguma distância.

 

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Gosto muito da ideia de poder abrir o diário, agora completo, e saber exactamente o que fiz ou como me estava a sentir num certo dia. Nunca fui muito de escrever diários quando era pequena, mas este formato conquistou-me e mal posso esperar para estar aqui daqui a cinco anos, a falar-vos de mais algumas coisas acerca deste meu pequeno hábito.

 

Mais que não seja, terei sempre um álibi caso seja acusada de um crime que não cometi. 😌 E vocês, também registam os vossos dias? Se sim, em que formato?

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