Jane Eyre, Charlotte Brontë
O Goodreads diz que eu já tinha lido Jane Eyre, de Charlotte Brontë, há muitos anos. Tenho uma vaga memória disso, mas confesso que, ao reler, apercebi-me de que não me lembrava de absolutamente nada sobre a história. Admito que também não estava com muita vontade de me dedicar a este clássico, mas sendo uma leitura conjunta do Discord do Livra-te lá me atirei.
O livro conta a história da orfã Jane Eyre, desde a sua infância até à idade adulta, mostrando-nos todas as provações e dificuldades por que se vê obrigada a passar. Embora tenha sido publicado pela primeira vez em 1847, a verdade é que a escrita soa bastante actual e, ao contrário de outros clássicos, não é impeditiva de conseguirmos compreender totalmente a história. O que mais me impressionou foi a personalidade forte e independente de Jane — o que, à data em que o livro foi escrito, terá certamente sido uma afronta aos bons costumes e à forma como era suposto que as mulheres se comportassem. A escolha de narrador na primeira pessoa, também inovadora para a altura, mostra-nos uma protagonista inteligente, mas também com toques de humor.
I do not think, sir, you have any right to command me, merely because you are older than I, or because you have seen more of the world than I have; your claim to superiority depends on the use you have made of your time and experience.
Achei os interesses amorosos da Jane absolutamente detestáveis — Mr. Rochester, estou a olhar para ti — e, por isso, não gostei da forma como acabou. Ainda assim, compreendo que na época fosse preciso ceder em algumas coisas para que as obras não fossem tão mal vistas assim. Agradeço muito que me tenham mostrado a versão audiolivro que existe de forma gratuita no Spotify, porque acredito que me teria aborrecido se o tivesse lido e não ouvido.
Agora compreendo porque é que Jane Eyre é um clássico tão consensual e tão amado, mesmo por pessoas que habitualmente não lêem livros deste género. Por curiosidade: já o leram? Se sim, o que acharam?