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Rita da Nova

Sex | 11.11.22

A Court of Thorns and Roses, Sarah J. Maas

Bem, mas que grande aventura que isto foi. Decidi ler A Court of Thorns and Roses, de Sarah J. Maas, para tentar perceber o fenómeno desta série — que já conta com uns cinco ou seis livros. Vou fazer os disclaimers todos: eu sabia que era fantasia e sabia que a escrita da autora deixava muito a desejar, pelo menos neste primeiro livro, mas quis ir na mesma. Por isso, de todas as vezes que eu me queixar destas coisas ao longo deste post, saibam que eu tinha plena consciência daquilo em que me estava a meter.

 

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Começando pela premissa do livro: Feyre tem 19 anos, é humana e vive responsável por caçar para alimentar a família — o pai e as duas irmãs mais velhas, visto que a mãe morreu e a família entrou na ruína financeira há alguns anos. Um dia, ao caçar na floresta, Feyre mata um lobo que não devia — e uma criatura monstruosa vem buscá-la e leva-a consigo para a Corte da Primavera, longe das terras onde os mortais habitam. Obviamente, ou não fosse este livro apelidado várias vezes de faerie porn, afinal o monstro é Tamlin, o Grande Senhor dessa corte, e dá-se uma espécie de fenómeno A Bela e o Monstro.

 

Só que depois acontecem várias coisas que vão fazer com que Feyre tenha que provar que ama Tamlin, mas eu estragaria (mais) o livro se contasse. Digo apenas que nunca tinha lido um livro em que o autor martelasse tanto nas mesmas coisas. Aqui fica uma lista de algumas que foram repetidas até à exaustão:

  • O facto de Feyre e a família estarem na miséria e/ou terem muita fome;
  • O facto de as irmãs de Feyre serem impossíveis de aturar;
  • O facto de as fadas não conseguirem mentir (spoiler alert: afinal até podem);
  • O facto de Feyre ter feito uma promessa à mãe antes da sua morte.

 

Eu entendo que, no género fantástico, seja preciso repetir algumas informações porque, além de construir uma narrativa, o autor tem de criar um mundo com regras próprias — e tem de as explicar a quem está a ler. Sarah J. Maas até faz isso, mas não como deveria: prefere repetir factos que o leitor percebe à primeira e passa muito depressa em coisas que podiam (e deviam) ter sido mais bem explicadas. A gota de água é que Feyre é a personagem principal mais frustrante que eu alguma vez conheci — e tenho a certeza de que este livro sofre com a escolha de ponto-de-vista na primeira pessoa.

 

Deixo-vos uma citação só para verem a constante deambulação mental da rapariga:

I don't know why I feel so tremendously ashamed of myself for leaving them. Why it feels so selfish and horrible to paint. I shouldn't--shouldn't feel that way, should I? I know I shouldn't, but I can't help it."
The rose hung limply from my fingers. "All those years, what I did for them . . . And they didn't try to stop you from taking me.

 

Não sei o que vos diga, apenas que ia com a expectativa de ser um livro mau e, nisso, não desiludiu. Ainda assim, depois de tudo o que aqui disse, compreendo a 100% que esta série seja um fenómeno tão grande: é uma leitura leve, há romance e tensão sexual a cada dois parágrafos e, no final, corre sempre tudo bem. Se quiserem experimentar esta leitura enquanto limpa palato entre livros mais pesados, acho que é uma excelente opção. Agora, se tiverem o sentido crítico minimamente apurado, preparem-se para sofrer.

 

Posto isto, talvez vá ao segundo daqui a uns meses porque, supostamente, melhora bastante. Mas é como o que se diz em relação a ter um filho: enquanto me lembrar das dores de ter parido o primeiro, vou ficar aqui quietinha. Espero não ter melindrado fãs da saga A Court of Thorns and Roses, mas gostava de saber se já leram e, se sim, o que acharam.