I Feel Bad About My Neck, Nora Ephron
A Joana já me tinha falado várias vezes de um ensaio da Nora Ephron, chamado Moving On, em que a autora conta a história de amor que teve com um apartamento em Nova Iorque — onde viveu vários anos e do qual lhe custou muito sair. Sabendo que estava publicado neste I Feel Bad About My Neck, e uma vez que o vi em destaque na Barnes & Noble, decidi trazê-lo e lê-lo entre livros de ficção.
Confesso que não sou a maior consumidora de comédias românticas e que, por isso, o meu conhecimento do universo de filmes de Nora Ephron é bastante reduzido, mas gostei muito de a ler em formato de ensaios sobre o que é isto de ser mulher — sobretudo o que é que é isto de ser mulher numa altura avançada das nossas vidas, quando nos confrontamos diariamente com sinais de velhice.
Nora Ephron tinha um sentido de humor muito apurado e todas as crónicas presentes neste livro têm esse denominador comum: mesmo que os temas sejam tão diferentes quanto a paixão da autora pela cozinha ou o facto de ver mal, ela consegue sempre passar a sua personalidade através da escrita. Achei uma coincidência especialmente feliz quando comecei a ler um ensaio chamado On Maintenance — acerca de todas as coisas que as mulheres se vêm obrigadas a fazer para manter uma aparência física minimamente cuidada — enquanto estava no cabeleireiro, a preparar-me para um casamento.
Here are some questions I am constantly noodling over: Do you splurge or do you hoard? Do you live every day as if it's your last, or do you save your money on the chance you'll live twenty more years? Is life too short, or is it going to be too long? Do you work as hard as you can, or do you slow down to smell the roses? And where do carbohydrates fit into all this? Are we really all going to spend our last years avoiding bread, especially now that bread in American is so unbelievable delicious? And what about chocolate?
É certo que os tempos mudaram e que as pressões de que nós — mulheres — sofremos actualmente são um pouco diferentes daquelas de que a geração da autora sofreu, mas há qualquer coisa de intemporal na forma como Nora Ephron fala de todos estes temas e nos passa a sua visão sobre eles. Por exemplo: identifiquei-me muito com o texto intitulado I Hate My Purse, em que fala de nunca ter conseguido dar-se bem com malas ou carteiras tipicamente femininas, preferindo andar com um saco qualquer (as mil tote bags que tenho espalhadas pela casa não me deixam mentir).
O veredicto final é o de que este livro se lê muito bem, é bastante divertido e haverá certamente uma ou mais crónicas com que se irão identificar. Fui tentar perceber se está traduzido para português e vi que sim, embora me pareça esgotado. Alguém sabe se ainda é possível encontrá-lo? Posto isto, fiquei com alguma vontade de ler a autora em versão ficção — tenho o Heartburn no Kobo, já leram?