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Rita da Nova

Sex | 04.11.22

My Wife Said You May Want to Marry Me, Jason B. Rosenthal

“Acho que este é o livro mais deprimente que já ouviste”, disse-me o Guilherme numa viagem de carro em que eu estava a ouvir My Wife Said You May Want to Marry Me, de Jason B. Rosenthal. Mas como eu leio essencialmente coisas que poderiam ser entendidas como profundamente tristes ou deprimentes, venho dizer-vos porque é que esta é, ainda assim, muito bonita.

 

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Em Março de 2017, Amy Krouse Rosenthal escreveu um artigo para a coluna Modern Love do NY Times — intitulava-se You May Want to Marry My Husband e era uma espécie de carta aberta da escritora e guionista a quem quisesse casar com o marido dela. Amy K. Rosenthal morreria dez dias depois da publicação deste texto, uma vez que batalhava contra um cancro terminal. Se acham que é uma das coisas mais bonitas que leram na vida, então sugiro que respirem fundo porque a resposta do marido Jason B. Rosenthal, primeiro em forma de artigo e, depois, em forma de livro não lhe fica nada atrás.

 

Em My Wife Said You May Want to Marry Me, Jason dá a sua versão da história com Amy: não apenas os meses que passaram em cuidados paliativos, mas começa mesmo no momento em que se conheceram. É difícil fazer uma review racional deste livro porque me parece injusto avaliar a forma como o autor colocou a sua história e o seu processo de luto em palavras, mas senti que conseguia dar uma perspectiva muito interessante. É que, além de relatar os acontecimentos e dizer como se sentiu, Jason B. Rosenthal consegue ser analítico e explicar como é que devemos lidar com uma pessoa próxima de nós que esteja a passar pelo luto.

 

A word of advice if you have a friend whose loved one is dying: SAY SOMETHING. ANYTHING. It doesn’t have to be that hard. “Man, I am so sorry” is good. “I am thinking about you” works. But total silence and darting away as fast as you can is what I’ll politely call poor form, and your friend (in this case, me) won’t forget it.

 

Ainda assim, houve ali momentos em que o autor falou de como enveredou pelo caminho das palestras motivacionais como forma de lidar com a perda, e ainda que eu não seja ninguém para julgar, já não consegui ter qualquer ponto de ligação com ele, pareceu-me muito The American Dream e história do self-made man, mas a um custo muito elevado. Senti que foi meio despropositado, sabem?

 

Parece-me uma boa leitura para quem perdeu um ente querido há pouco tempo ou para quem, como eu, nunca passou por isso e quer preparar-se o mais possível para quando algo semelhante acontecer. A versão audiolivro tem a vantagem de ser narrada pelo autor, com um excelente auto controlo para não desatar a chorar a meio da gravação.

 

Já tinham ouvido falar deste artigo na coluna Modern Romance e deste livro?