I'm Glad My Mom Died, Jennette McCurdy
I’m Glad My Mom Died apareceu-me há uns tempos nas novidades do Goodreads e fiquei logo fascinada pelo título e pela capa. Só então reconheci a autora: Jennette McCurdy, actriz de séries juvenis como iCarly. Correndo o risco de ser um título completamente click-bait, decidi investir o meu tempo (e o meu free trial no Scribd) na mesma — e ainda bem que o fiz.
Jennette McCurdy começa este livro de memórias no momento em que a mãe, doente com cancro há muitos anos, entra em coma e os médicos avisam a família de que, provavelmente, não resistirá. A partir daí, leva-nos a conhecer a relação com a mãe desde muito cedo na infância, aí pelos dois ou três anos, quando a mãe decide que Jennette deve ter uma carreira no mundo da representação, algo que ela nunca teve.
Aos poucos, vamos compreendendo os contornos desta relação tóxica e abusiva entre uma mãe narcisista e uma filha emocionalmente dependente. Acho que quem não tem uma relação convencional com a própria mãe, mesmo que não tenha estes contornos, vai identificar-se com vários pontos deste livro. Jennette criou um caminho na representação para agradar a uma mãe que nunca estava satisfeita, e foi essa necessidade de aceitação que moldou o resto da vida dela — desde os distúrbios alimentares de que ainda sofre, até às relações tóxicas que desenvolveu com homens.
Why do we romanticize the dead? Why can't we be honest about them? Especially moms, they're the most romanticized of anyone. Moms are saints, angels by merely existing. No one could possibly understand what it's like to be a mom. Men will never understand, women with no children will never understand. No one buts moms know the hardship of motherhood and we non-moms must heap nothing but praise upon mom because we lowly, pitiful, non-moms are mere peasants compared to the goddesses we call mothers.
Este livro consegue um equilíbrio muito bom entre uma honestidade bruta e humor para aligeirar o ambiente. Além de trazer a luz do dia vários meandros das produções destas séries infantis, bem como das típicas relações entre pais-agentes e filhos-agenciados, é uma espécie de ode à necessidade de entendermos as nossas relações familiares, de compreendermos porque é que elas nos fazem mal e como podemos lidar com isso de forma saudável.
Liguei-me muito a este livro, ainda por cima estive a ouví-lo narrado pela autora, e, antes que perguntem, não precisam de conhecer a actriz ou a série iCarly para aproveitarem ao máximo a experiência de leitura. E vamos lá a saber: ficaram com curiosidade de o ler?