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Rita da Nova

Sex | 26.08.22

Invisible Women, Caroline Criado Perez

Sabiam que é muito provável que uma mulher morra de ataque cardíaco sem que os médicos o detectem? E que os acidentes de automóvel são mais mortais para as mulheres do que para os homens? Ou, até, que há um motivo para as mulheres enjoarem mais quando andam de carro? São apenas três dos variadíssimos factos que Caroline Criado Perez traz à luz do dia em Invisible Women: Data Bias in a World Designed for Men.

 

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Ouvi este livro recentemente, numa das muitas viagens de carro que fiz recentemente, e pareceu-me que devia ser daqueles de leitura obrigatória — acredito até que seja mais fácil de ouvir do que de ler, sobretudo para quem, como eu, perde o foco se vir muitos números e muitas estatísticas de seguida. De qualquer das formas, essa é a proposta e a grande mais-valia deste livro: identificar que há uma falha gigante na forma como se recolhem os dados no que diz respeito às mulheres e que, por isso, o mundo é criado e mantido tendo com base em dados e informação sobre “o ser humano comum” — ou seja, os homens.

 

One of the most important things to say about the gender data gap is that it is not generally malicious, or even deliberate. Quite the opposite. It is simply the product of a way of thinking that has been around for millennia and is therefore a kind of not thinking. A double not thinking, even: men go without saying, and women don't get said at all. Because when we say human, on the whole, we mean man.

 

Acho que nunca me tinha sentido tão frustrada, mas também tão compreendida. Ao dividir o livro em diferentes áreas, como a linguagem, o trabalho, a vida pública, a saúde, o design, etc., a autora consegue mostrar-nos um panorama geral que confirma que vivemos num mundo de homens e para homens.

 

Gostava que tivesse sido também ela um pouco mais inclusiva, referindo-se à falta de dados acerca de mulheres trans e pessoas não-binárias — bastaria uma nota no início a dizer que quando fala em “mulheres” isso inclui também mulheres trans, por exemplo —, mas, ao contrário do que li por aí, também compreendo que tenha decidido focar-se apenas em mulheres cis e não sinto que esse foco seja propositadamente discriminatório.

 

Isto para dizer que sim, devem absolutamente ler este livro. Há muitas verdades difíceis de engolir, até para nós, mulheres, que muitas vezes somos condicionadas a ver o mundo através deste enfoque nas necessidades do homem. Está traduzido para português, mas se tiverem facilidade com o inglês, eu recomendo a 100% que experimentem ouvir em vez de ler, porque sinto que é mais fácil assimilar todos os dados.

 

Já leram este? Se sim, o que acharam? Se não, ficaram com vontade de o adicionar à vossa lista?