Boy Parts, Eliza Clark
Comecei a ler Boy Parts, de Eliza Clark, com a sensação de que iria ser um livro meio estranho, mas acho que não estava preparada para isto. Não me interpretem mal: eu adorei a experiência de ler este livro, mas não posso negar que é bem chalupa. Ora atentem bem a premissa: Irina é fotógrafa e passa os dias a recrutar homens e rapazes comuns para sessões fotográficas explícitas.
Ao mesmo tempo que tem a oportunidade de estar algum tempo de licença paga no seu trabalho a tempo inteiro num bar, Irina é convidada para fazer uma exposição das suas fotografias — e este convite é o ponto de partida para que a personagem principal nos leve ao seu passado através de fotografias antigas que tirou. É então que ficamos a perceber como é que começou a fotografar homens e como é que esses homens tiveram (ou não) impacto na vida dela.
É um livro muito cru, nada na vida desta personagem é romantizado: ela tem claramente problemas com álcool e drogas, tem comportamentos destrutivos e usa a sexualidade como forma de poder. Está escrito de uma forma incrivelmente sarcástica, o que me deu muita vontade de continuar a acompanhar o que Eliza Clark vier a escrever no futuro.
There’s a soft part of your brain. A place where you’re still just a child. Once someone’s poked the soft spot, the dent doesn’t go away. Like sticking your fingers in wet concrete.
De qualquer das formas, não posso deixar de vos alertar para o facto de ser um livro muito explícito. Falo de cenas de sexo estranhas, descrições de abuso de drogas, traumas, etc. Por isso, se forem facilmente impressionáveis, é melhor partirem com cuidado para esta leitura — eu não sou e gostei bastante do livro, mas houve alturas em que fiquei meio: 🥴.
Já conheciam a autora ou este seu livro de estreia? Se sim, o que acharam?