Firekeeper's Daughter, Angeline Boulley
Se há livros que nos enganam pela capa, Firekeeper’s Daughter, de Angeline Boulley, é um deles — já que, à primeira vista, pode parecer um livro de fantasia e afastar alguns leitores que gravitam mais para coisas realistas (como eu). Acho que não o teria lido se a Joana não o tivesse escolhido para livro de Maio do Clube do Livra-te.
Aliás, nada neste livro faria prever que eu gostasse tanto quanto gostei: é um young adult com nuances de policial e um ligeiro thriller, ou seja, géneros que eu não leio habitualmente. Porém, senti que foi uma leitura muito fluida — apesar de ter 500 páginas, não senti que houvesse momentos mais mortos ou descrições desnecessárias.
Mas do que trata, afinal, Firekeeper’s Daughter? Passado nos anos 2010, nos Estados Unidos, acompanha Daunis — uma rapariga de dezoito anos que é filha de pai nativo-americano e de mãe branca, o que faz com que nunca se tenha conseguido integrar totalmente em nenhuma das comunidades. A vida de Daunis está prestes a mudar — a perda de uma pessoa importante na sua vida, bem como as circunstâncias em que isso acontece, vão embrulhá-la numa investigação que nos mantém colados às páginas.
When someone dies, everything about them becomes past tense. Except for the grief. Grief stays in the present. It’s even worse when you’re angry at the person. Not just for dying. But for how.
Mais do que ter um mistério policial para ser desvendado, tem também vários ensinamentos sobre a forma como as comunidades nativo-americanas se inserem na sociedade aos dias de hoje — para mim, a melhor parte deste livro, uma vez que sabia pouquíssimo sobre o assunto. Uma das coisas que mais me impressionou foi o respeito pelas gerações passadas, mas também pelas gerações futuras. Há um sentimento de pertença e de comunidade, com os seus lados bons e lados maus, que não existe em muitos sítios.
Haverá certamente qualquer coisa em Firekeeper’s Daughter para vocês: se não for o contexto young adult, será o lado policial ou, mesmo, todo o enquadramento social e cultural em que a autora coloca a história. A parte boa é que está traduzido pela Desrotina, pelo que poderão dar-lhe uma oportunidade se preferirem ler em português. Contem-me: quem o leu? O que acharam?
----------
O que é o Clube do Livra-te?
É o clube do livro do podcast Livra-te — calma, não precisam de acompanhar o podcast para participar nas leituras. Todos os meses, cada uma de nós escolhe um livro para ler em conjunto convosco e vocês podem optar por ler a escolha da Joana, a escolha da Rita ou ambas. Depois, podem deixar a vossa opinião no grupo do Goodreads ou no Discord. Podem juntar-se a qualquer altura, venham daí!