Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Rita da Nova

Qui | 30.06.22

NYC // Rota das Livrarias

Acho que já não é segredo para ninguém que gosto de fazer rotas literárias nas minhas viagens e, até, planear os meus dias para que seja possível encaixar visitas a livrarias. Voltámos recentemente a Nova Iorque e, como já conhecíamos os principais pontos turísticos, consegui conhecer imensas livrarias — e, claro, trazer a mala cheia de livros novos. Por isso, hoje trago-vos um dois em um: um roteiro de livrarias que podem conhecer quando forem a Nova Iorque e uma espécie de haul de livros comprados.

 

livrarias-nova-iorque.jpg

 

BOOKOFF

Esta livraria não estava nos meus planos iniciais, mas descobri-a logo no primeiro dia e não podia deixar de dar lá um salto. Claro que “um salto” se tornou numa intensa busca por livros, uma vez que é uma loja em segunda mão com tudo o que possam imaginar — livros, vinis, mangas e BD, etc. O segundo andar é todo dedicado a livros e, mais tempo houvesse, mais livros traria, até porque comprar livros novos nos Estados Unidos não é propriamente barato e encontram-se livros em excelentes condições em segunda mão.

 

bookoff.JPG

 

O que comprei lá: The First Person and Other Stories, Ali Smith; Red at the Bone, Jacqueline Woodson; Revolutionary Road, Richard Yates.

 

 

STRAND BOOKSTORE

Já lá tinha estado na minha primeira ida a Nova Iorque e parece que ainda me apaixonei mais desta vez. É uma livraria independente, onde podem encontrar desde novidades a livros em segunda mão, passando por títulos que provavelmente já não encontram noutros sítios — o Guilherme andava louco à procura de um livro mais antigo e só havia lá.

 

strand-bookstore.jpg

 

O que comprei lá: dois blind dates with a book, para abrir no Livra-te com a Joana (Felix Ever After, Kacen Callender; While We Were Dating, Jasmine Guillory).

 

 

MCNALLY JACKSON

É uma cadeia de livrarias independentes e há várias espalhadas pela cidade — nós fomos à Prince Street e à de Williamsburg, e são duas experiências completamente diferentes porque cada uma delas tem uma organização própria.

 

mcnally-jackson.JPG

 

O que comprei lá: Giovanni’s Room, James Baldwin.

 

 

BARNES & NOBLE

Provavelmente é a cadeia de livrarias mais conhecida nos Estados Unidos e percebe-se porquê: é enorme e tem tudo o que possam imaginar. Embora a maioria das pessoas adore a da 5th Avenue, eu sou mais apaixonada pela de Union Square — já lá tinha estado da outra vez e regressei. Ainda assim, em termos de promoções, continuo a preferir a Waterstones no Reino Unido.

 

barnes & noble.JPG

 

O que comprei lá: Beach Read, Emily Henry; This Is How You Lose the Time War, Amal El-Mohtar & Max Gladstone; Girl in Pieces, Kathleen Glasgow; The Dinner List, Rebecca Serle.

 

 

POSMAN BOOKS

Também não estava nos planos, mas quando entrámos no Chelsea Market lembrei-me que existia e que tem uma oferta enorme de não-ficção. Tem também vários souvenirs diferentes do habitual, bem como acessórios para quem gosta de ler.

 

posman-books.JPG

 

O que comprei lá: The Fran Lebowitz Reader, Fran Lebowitz.

 

 

SHAKESPEARE & CO.

Há duas, uma na Broadway e outra na Lexington Avenue e, adivinhem… fomos a ambas! São livrarias independentes, com uma série de eventos associados — não apanhámos nada que nos interessasse, mas há sempre coisas a acontecer!

O que comprei lá: One True Loves, Taylor Jenkins Reid; Topics of Conversation, Miranda Popkey.

 

 

THREE LIVES & COMPANY

Fica em Greenwich Village, um dos meus bairros favoritos de Manhattan, e os senhores passaram o tempo todo a falar de livros e de outras livrarias enquanto lá estivemos. É pequenina, mas nota-se perfeitamente que é uma livraria de bairro e isso é amoroso.

 

three-lives-company.JPG

 

O que comprei lá: Sorrow and Bliss, Meg Mason.

 

 

OUTRAS LIVRARIAS

Passámos por algumas livrarias em que não comprámos nada, estivemos só a ver, mas merecem destaque aqui pelo blog e a vossa visita: Rizzoli Bookstore, Mysterious Bookshop (apenas com livros de mistério e thrillers) e 192 Books.

 

Embora os livros no mercado norte-americano sejam bem mais caros do que no Reino Unido, a verdade é que as capas são incríveis e a maioria das livrarias tem secções onde vende os livros ligeiramente danificados por preços mais em conta — vale sempre a pena espreitar essas secções! Entretanto prometo escrever mais sobre esta segunda ida a Nova Iorque, mas até lá podem deixar todas as perguntas que tiverem nos comentários.

Ter | 28.06.22

Swimming in the Dark, Tomasz Jedrowski

Se eu acho que tenho um novo livro favorito? Sim, chama-se Swimming in the Dark e é o único livro do polaco Tomasz Jedrowski. Foi-me algumas vezes recomendado como sendo o Call Me By Your Name passado na Polónia, mas posso desde já dizer que gostei bastante mais da experiência de ler este.

 

swimming-in-the-dark-tomasz-jedrowski.JPG

 

O livro é uma espécie de carta de Ludwik para Janusz, recordando a forma como se conheceram, como se apaixonaram e, inevitavelmente, como acabaram por se separar. Passa-se na Polónia dos anos 80, pelo que tem todo o contexto histórico do declínio dos regime comunista, mas senti que foi apenas o suficiente para que as atitudes e decisões das personagens façam sentido.

 

This is how I lived back then– through books. I locked myself into their stories, dreamt of their characters at night, pretended to be them. They were my armour against the hard edges of reality. I carried them with me wherever I went, like a talisman in my pocket, thinking of them as almost more real than the people around me, who spoke and lived in denial, destined, I thought, to never do anything worth recounting.

 

Além da escrita, que é incrível, aquilo de que mais gostei foi a forma como as duas personagens têm perspectivas tão diferentes em relação à vida e ao futuro — apaixonando-se, torna-se claro que esse amor não durará para sempre. Nesse sentido achei, sim, o livro parecido com Call Me By Your Name, uma vez que explora a força dos primeiros amores, mas também a dor que advém do seu fim. Não chega a ter 200 páginas, o que só vem mostrar que os livros não têm de ser enormes para conseguirem realmente passar uma mensagem e para nos embrenhar na escrita dos autores.

 

Little sparks cause fires too.

 

Há muito tempo que não me acontecia ter vontade de reler um livro mal tinha acabado de o ler pela primeira vez, o que só mostra o quão apaixonada fiquei por esta história. Já tinham ouvido falar? Foi traduzido recentemente para português — fico muito feliz, assim mais pessoas poderão amar este livro como eu amei.

Sex | 24.06.22

Ordinary People, Diana Evans

Vocês também têm livros na vossa lista que estão constantemente a ser empurrados por outros que chegam e ocupam o lugar? Até há pouco tempo, Ordinary People, de Diana Evans, era esse livro na minha vida. Também já tinha ouvido opiniões não muito boas, o que acabava por me tirar a vontade de o ler. Agora que o terminei posso garantir que é uma leitura interessante e que foi melhor do que esperava.

 

ordinary-people-diana-evans.JPG

 

Eu sei que o título pode parecer que este livro é só um rip-off de Normal People ou que a autora está a tentar navegar o efeito Sally Rooney, mas sendo ambos do mesmo ano, só posso assumir que tenha sido uma coincidência — até porque, na essência, pouco têm a ver um com o outro. Em Ordinary People, Diana Evans explora a vida e o casamento de dois casais, ambos em momentos conturbados das suas vidas em conjunto.

 

Michael e Melissa estão a tentar lidar com as mudanças que um recém-nascido traz com o seu nascimento, enquanto Damian e Stephanie parecem estar dessintonizados — Stephanie parece feliz com o estado das coisas, ao passo que Damian tenta lidar com a morte do pai. O mais interessante é que os casais são amigos, pelo que há vários momentos em que as duas histórias se cruzam e influenciam.

 

Sometimes in the lives of ordinary people, there is a great halt, a revelation, a moment of change. It occurs under low mental skies, never when one is happy. You are walking along on a crumbling road. The tarmac is falling away beneath your feet and you have started to limp, you are wearing rags, a cruel wind is blowing against your face. It feels as though you have been walking for a very long time. You are losing hope. You are losing meaning, and the only thing keeping you going is that stubborn human instinct to proceed. Then, immediately up ahead, you see something, something bright and completely external to your own life. It is so bright that it makes you squint. You see it. You squint. And you stop.

 

Achei que o livro tenta dar palco a questões mais mundanas, a coisas por que pessoas casadas passam e que, na maior parte das vezes, não são entusiasmantes ou glamourosas o suficiente para serem o centro das narrativas. Estes casais podiam ser conhecidos meus e isso foi o que mais gostei neste livro: embora não seja a melhor coisa que li na vida, acho-o verdadeiramente relacionável.

 

Em resumo: demorou, mas foi — e ainda bem! Sei que está traduzido com o título Pessoas Comuns, pelo que podem dar-lhe uma oportunidade mesmo que prefiram ler em português. Não sei se é uma recomendação transversal a todas as pessoas que acompanham aqui o blog, mas será certamente bom para quem se interessa por relações. Já conheciam?

Qui | 16.06.22

Beloved, Toni Morrison

Toni Morrison era um daqueles nomes sonantes que estava na minha wishlist literária há imenso tempo e que, em poucos meses, passou de desejo a acção: falei sobre ela com a Joana quando fomos a Braga, depois a minha amiga Patrícia ofereceu-me Beloved e eu decidi que seria a minha escolha de Maio do Clube do Livra-te.

 

beloved-toni-morrison.JPG

 

Acho que não teria chegado lá tão cedo se não fosse esta sequência de eventos e, embora não tenha sido uma leitura fácil, fiquei contente por finalmente ter lido algo da autora. Neste livro em particular, considerado a sua obra mais conhecida, Toni Morrison explora o pós-Guerra Civil americana através da história de Sethe e das decisões que teve de tomar para proteger a sua família enquanto tentava fugir da escravatura.

 

Some things go. Pass on. Some things just stay. I used to think it was my rememory. You know. Some things you forget. Other things you never do. But it's not. Places, places are still there. If a house burns down, it's gone, but the place — the picture of it — stays, and not just in my rememory, but out there, in the world. What I remember is a picture floating around out there outside my head. I mean, even if I don't think it, even if I die, the picture of what I did, or knew, or saw is still out there. Right in the place where it happened.

 

Mais uma vez: não é uma leitura fácil — não apenas pelo tema, mas também pela escrita de Toni Morrison. Embora seja bonita, não se pode dizer que flua sem percalços. Como o narrador muda várias vezes de perspectiva, consoante a personagem em que se foca, é um livro que exige bastante foco e concentração. De qualquer das formas, acho que vale a pena passar pelas dificuldades de leitura: apesar de parecer meio estranho em alguns momentos, sinto que a importância dos temas acaba por prevalecer.

 

Gostei sobretudo do dilema que a autora coloca de forma muito subtil: vale mais ser escravo e ter condições de vida ou ser livre e viver na miséria? Obviamente que penderíamos naturalmente para a liberdade, mas algumas personagens do livro acabam por mostrar que, por vezes, não é uma escolha tão linear assim.

 

E agora quero saber: se já leram Beloved, o que acharam?

 

----------

O que é o Clube do Livra-te?

É o clube do livro do podcast Livra-te — calma, não precisam de acompanhar o podcast para participar nas leituras. Todos os meses, cada uma de nós escolhe um livro para ler em conjunto convosco e vocês podem optar por ler a escolha da Joana, a escolha da Rita ou ambas. Depois, podem deixar a vossa opinião no grupo do Goodreads ou no Discord. Podem juntar-se a qualquer altura, venham daí!

Pág. 1/3