Reservámos o nosso último dia de road trip pela Islândia para conhecer a Snæfellsnes Peninsula, considerada uma espécie de best off do país em versão concentrada? Porquê? Porque, apesar de não ser muito grande, consegue reunir as diferentes paisagens que podemos ir observando pela ilha — vulcões, praias de areia preta, cascatas, etc. Isto para dizer que, se não conseguirem muitos dias para uma viagem à Islândia, pode valer a pena considerar um percurso centrado em Reykjavik, Golden Circle e Snæfellsnes Peninsula, já que estas zonas ficam todas a distâncias bastante razoáveis de carro.
Falando-vos então daquilo que fizemos: sabendo que tínhamos apenas um dia para ver a península, decidimos ir praticamente directos de Akureyri, parando apenas na Víðimýrarkirkja, uma igreja considerada um exemplo da arquitectura islandesa, e no desfiladeiro de Kolugljúfur, que tem uma cascata de força impressionante.
Daí foram cerca de 2h30 até ao Visitor Center da Snæfellsnes Peninsula, onde parámos para beber água e decidir o que fazer a seguir. Em resumo, percorremos a península no sentido dos ponteiros do relógio a partir desta paragem. A primeira coisa que visitámos foi a Búðakirkja, uma igreja preta bem perto do mar.
Os dois pontos seguintes serviram para ver formações rochosas impressionantes: começámos na aldeia de Arnarstapi, onde há um percurso junto à falésia para observar o Gatklettur, uma formação rochosa em forma de arco. De seguida fomos até ao viewpoint que tem as melhores vistas para o Lóndrangar, uma série de pináculos rochosos que parecem mesmo um castelo.
Continuando no mesmo tipo de paisagens, fomos até à Djúpalónssandur, uma praia de areia preta que, além de lindíssima, ainda tem no seu areal os despojos de uma traineira de pesca que naufragou em 1948. Uma das coisas de que mais gostei na Islândia foi esta extrema confiança nos locais e nos turistas: estes despojos da história do país são deixados tal e qual aconteceram, com a esperança de que as pessoas não os danifiquem ou mudem de sítio.
Fizemos ainda duas paragens rápidas antes de chegarmos a Grundarfjörður, a vila onde ficaríamos a dormir: a primeira foi a praia de Skarðsvík, provavelmente a praia mais parecida com as nossas que vimos em toda a viagem, e os murais de street art em Hellissandur.
Bem perto do nosso alojamento, o GrundarfjörðurBed and Breakfast, ficavam ainda a montanha Kirkjufell e aKirkjufellfoss, porque não era possível terminar a viagem sem uma última cascata.
E assim acabam os relatos da nossa passagem pela Islândia, um país que adorei conhecer — ficaram bastantes coisas por fazer, mas nem por isso os nossos dias deixaram de ser preenchidos. Gosto de voltar com a sensação de que, se alguma vez quiser voltar, haverá mais coisas para ver e fazer. A caixa de comentários continua aberta para as vossas questões e comentários sobre a viagem. Ficou alguma coisa por responder?
Eu prometi, eu cumpro: chegámos ao penúltimo post sobre a viagem à Islândia, desta vez sobre tudo o que fizemos entre os Eastfjords e a North Coast da Islândia. A meteorologia voltou a estar do nosso lado, pelo que foi um dia bastante recheado, com vários pontos interessantes — embora toda a ilha seja essencialmente vulcânica, foi nesta área que tivemos mais contacto com essa característica.
Mas começando pelo princípio: saímos do Hótel Eyvindará relativamente cedo, com o objectivo de comprar mantimentos para o resto do dia. Depois disso, a nossa primeira paragem foi a cerca de duas horas, para ver duas cascatas: a Dettifoss e a Selfoss. É claro que, ao fim de alguns dias, as cascatas começam a parecer todas mais ou menos a mesma coisa, mas gostei sobretudo do percurso até chegar a estas — a neve ainda não tinha começado a derreter e a paisagem era toda branca.
A nossa ideia era parar na Grjótagjá, uma gruta de águas bem azuis e quentes, onde, aliás, foi filmada a cena romântica entre Jon Snow e Ygritte em Game of Thrones. Porém, antes disso, vimos vários carros parados à beira da estrada, pessoas a caminhar e fumo a sair do chão, por isso parámos e descobrimos mais um ponto turístico: as crateras de Hverir. São crateras vulcânicas e o cheiro a enxofre não permite uma visita muito prolongada, mas se nos conseguirmos abstrair disso, as cores da terra são muito bonitas e dão excelentes fotografias.
Depois de descermos à gruta — se o fizerem tenham muito cuidado, que é escorregadio e muito apertado — começámos a contornar o lago Myvatn, sempre com o vulcão Hverjfall como pano de fundo. Gostei muito deste passeio de carro à volta do lago, porque senti que as paisagens mudaram bastante nesta zona da Islândia. Parámos em mais um conjunto de crateras, Skútustaðagígar, onde é possível fazer vários percursos a pé. Entendem agora porque é que dizia que só aqui tive realmente consciência da essência vulcânica da Islândia?
E como já estava a faltar uma cascata, passámos pela Goðafoss, a cerca de meia hora de carro do ponto anterior. Foi uma das que mais gostei em toda a viagem, é realmente imponente e fez-me lembrar a Gullfoss, que vimos no Golden Circle.
Passámos ainda em Húsavík, uma cidadezinha piscatória bem catita, que poderão recordar do filme Eurovision Song Contest: The Story of Fire Saga. Chegados a Akureyri, a cidade onde passaríamos a noite, deu ainda tempo para beber um café na Penninn Eymundsson, a cadeia de livrarias de que já vos tinha falado. Depois de feito o check-in no Hotel North, um dos que mais gostámos em toda a viagem, demos ainda um saltinho à Hot Tub antes de jantar qualquer coisa pelo quarto (óbvio!).
Acreditam que já só fica a faltar uma publicação sobre a nossa viagem? É verdade, ainda tenho de vos falar da Snæfellsnes Peninsula — até lá, já sabem que podem usar a caixa de comentários para pôr todas as vossas dúvidas!
A internet insistiu, a Joana insistiu, e eu lá cedi: finalmente li Open Water de Caleb Azumah Nelson, um livro que é uma autêntica carta de amor. Mas, claro, uma carta de amor em que nem tudo é dito porque as emoções nem sempre se podem transformar em palavras e frases coerentes.
Um homem e uma mulher conhecem-se num bar em Londres, ela namora com um amigo dele. São ambos negros e estão ambos ligados às artes — ela é bailarina, ele é fotógrafo e poeta. Ele apaixona-se de imediato, ela talvez — não é certo, a situação é complicada, afinal ela namora com um amigo dele. Mas tornam-se imediatamente melhores amigos e o amor cresce a partir do conforto de terem tanto em comum. É uma história tão real que os protagonistas não precisam de ter nome.
You were careful not to breach a border, except you all know something has opened; the seed you pushed deep into the ground has blossomed in the wrong season. You think of how you will tell this story to those who ask, because there will be questions. You wonder if it felt right will be sufficient. You wonder if the defence of nothing happened will be sufficient.
Gostei muito da maneira como este livro aborda o racismo, bem como a forma como o trauma pode afectar a maneira como estas pessoas se relacionam com outras. Não há muito mais que vos possa dizer para vos convencer a ler este livro, a não ser que a escrita de Caleb Azumah Nelson é das mais bonitas que já li — tem a capacidade de dizer muito com poucas palavras, algo que eu admiro imenso. Vejo frequentemente dizerem que é difícil de acreditar que este seja o seu primeiro livro e concordo a 1000%. Diria até que o livro vale bem mais pela escrita do que pelo enredo — há ali algumas falhas, mas eu perdoei-as todas por causa da qualidade da escrita.
Não está traduzido, mas o inglês é bastante acessível, caso queiram dar-lhe uma oportunidade (acho que deviam). Quem já leu? O que acharam?
Como vos tinha dito no post anterior (esta é a altura de irem ler tudo sobre o nosso segundo dia na costa sul da Islândia), o dia em que partimos em direcção aos Eastfjords já foi bastante mais simpático connosco. Acordámos no Viking Café com alguns raios de sol a espreitar e, depois de um excelente pequeno-almoço, começámos mesmo por visitar a zona circundante.
É que este alojamento e café, além de um dos melhores pequenos-almoços da viagem, tem também a vantagem de estar mesmo perto de Vestrahorn, uma montanha incrível, com dois pontos imperdíveis: uma Aldeia Viking construída para um filme que nunca aconteceu e a península de Stokknes, com uma praia muito bonita (e onde às vezes é possível ver leões marinhos). O acesso a esta área é pago, mas se ficarem alojados no Viking Café, fica de graça — nós não sabíamos, foi mais uma surpresa óptima daquele sítio.
Foi neste momento da viagem que os pontos a visitar se foram tornando mais espaçosos, o que implicou viagens de carro um pouco mais longas. A nossa primeira paragem do dia estava a cerca de 1h30 de Vestrahorn — trata-se da cidade de Djúpivogur, onde é possível ver um conjunto de estátuas de aves da região, o monumento Eggin í Gleðivík. Não diria que é imperdível, mas se estiverem de carro vale a pena passar.
A nossa ideia era seguir daí para a cidade de Fáskrúðsfjörður, considerada uma cidade francesa dentro da Islândia, já que até as placas com os nomes das ruas estão escritos em francês. Só tive pena de a visitar na sexta-feira santa, já que tudo estava fechado e não deu para ter uma noção real da vida daquele sítio. Daí demorámos aproximadamente 40 minutos a chegar a Egilsstaðir, a cidade onde íamos ficar a dormir.
Aproveitámos para almoçar e comprar jantar numa estação de serviço, a única coisa que estava aberta, fizemos check-in no Hótel Eyvindará — onde fomos recebidos por uma senhora mais velha e incrivelmente simpática. Mal nos acomodámos, já que o objectivo era fazer o trilho que nos levaria ao Stuðlagil Canyon, um dos pontos mais conhecidos da Islândia.
No total, entre ida e volta, são cerca de 10km — porém, ainda havia tanta neve no caminho, que fomos com cuidado para não haver acidentes. No caminho até ao início do percurso ainda vimos um conjunto de renas a atravessar a estrada à nossa frente, acho que nunca me vou esquecer desse cenário. Chega-se bastante bem ao canyon e sei que no Verão é possível descer até ao rio, mas é muito escorregadio.
Regressados ao hotel, a única coisa que nos apetecia era ficar de molho na Hot Tub — e foi exactamente isso que fizemos. Soube-nos pela vida depois da caminhada e antes de descansarmos para o dia seguinte, onde iríamos começar a subir para a North Coast. Já sabem: tudo o que fizemos nesse dia ficará para o próximo post e, enquanto isso, podem usar e abusar da caixa de comentários para deixar as vossas dúvidas!