A Thousand Splendid Suns, Khaled Hosseini
A Thousand Splendid Suns (Mil Sóis Resplandecentes em português), de Khaled Hosseini, é um daqueles livros que me habituei a ver um pouco por toda a parte — lembro-me de ter tido muito boas reviews quando saiu e foi traduzido, ali por volta de 2007 e 2008. Na altura fiquei com curiosidade, mas os anos foram passando e outros livros foram tendo prioridade.
Foi só há pouco tempo, quando o comprei em segunda mão (e muito bem cuidado) no TradeStories, que me lembrei que poderia haver pessoas como eu, que tinham acabado por não ler esta história. Assim, decidi que seria a minha escolha para o livro de Abril do Clube do Livra-te. Apesar de ser uma história bastante pesada, com vários momentos tristes, sinto que é capaz de ser uma leitura bastante consensual na sua importância.
Thousand Splendid Suns conta, alternadamente, as histórias de Mariam e Laila, duas mulheres afegãs com passados e idades diferentes, que se vêem obrigadas a partilhar o presente porque casaram com o mesmo homem. Na primeira parte do livro conhecemos Mariam quando é apenas uma adolescente, mas depois vamos percebendo como é que o destino dela acaba por se cruzar com o de Laila — e, através das vidas destas duas mulheres e das personagens que gravitam à sua volta, temos um retrato do cenário político do Afeganistão. Sinto que esta foi uma das partes que mais valorizei no livro, já que nunca me debrucei muito na história deste país. Obviamente que não é suficiente para compreender os contornos do surgimento dos Talibãs, mas já é um princípio.
I know you're still young but I want you to understand and learn this now. Marriage can wait, education cannot. You're a very very bright girl. Truly you are. You can be anything you want Laila. I know this about you. And I also know that when this war is over Afghanistan is going to need you as much as its men maybe even more. Because a society has no chance of success if its women are uneducated, Laila. No chance.
É um livro bastante violento em vários aspectos: na forma como descreve a guerra constante em que o Afeganistão esteve ao longo dos anos, na forma como descreve a maneira como as mulheres são tratadas na sociedade, nos contornos sádicos que o marido de Laila e Mariam apresenta. Mas acredito que seja um livro necessário para dar a conhecer a realidade dos afegãos, sobretudo os que passaram por tantas mudanças e, ainda assim, tiveram coragem de abandonar o país e reconstruir as suas vidas em lugares um pouco mais seguros — bastante actual também, tendo em conta a situação que se vive actualmente na Ucrânia.
Acho que é com livros como este que me volto a apaixonar pela capacidade que a leitura tem de ser várias coisas diferentes nas nossas vidas — neste caso, é uma maneira de conhecer realidades que espero nunca experimentar, de trabalhar a empatia e de valorizar a liberdade que tenho. Também leram este livro em Abril, a propósito do Clube do Livra-te? Ou já tinham lido antes? Contem-me tudo o que acharam ali nos comentários, quero muito saber.
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O que é o Clube do Livra-te?
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