Circe, Madeline Miller
Ouvi falar de Circe, de Madeline Miller, muito antes desta minha incursão por reinterpretações da mitologia grega, mas sei que me ficou sempre na cabeça como um livro que gostaria de ler. Parece que o meu instinto estava certo: agora que o terminei, entendo que seria uma parvoíce continuar a adiar a leitura.
Circe foi editado em 2018, antes de The Song of Achilles, mas não lhe fica nada atrás. Aqui conhecemos a história de Circe, filha do Deus Hélio, a representação do sol. Mas enquanto todos os seus filhos têm algum tipo de poder especial, Circe é uma criança estranha: feia e deslocada, facilmente passa despercebida. Porém, quando Circe descobre que afinal possui poder — o poder da magia e bruxaria —, Zeus condena-a ao exílio em Aiaia, uma ilha deserta.
That is one thing gods and mortals share. When we are young, we think ourselves the first to have each feeling in the world.
Durante todo o livro acompanhamos as histórias do isolamento de Circe — que não só é condenada à separação, mas, sendo imortal, sofre também com a passagem dos mortais pela sua longa vida. Além das aventuras e desventuras da personagem principal, este livro é uma ode às mulheres que não parecem pertencer, às “bruxas” que a sociedade quer sempre afastar por pensarem e fazerem diferente da norma.
I had no right to claim him, I knew it. But in a solitary life, there are rare moments when another soul dips near yours, as stars once a year brush the earth. Such a constellation was he to me.
Além de me ter apaixonado imediatamente pelo tema do livro, apaixonei-me também pela forma como está escrito. Não é segredo para ninguém que amei The Song of Achilles, mas devo dizer que achei este livro ainda mais poético, se isso é possível. Quase que nem dá para acreditar que é o primeiro livro de Madeline Miller. (Uma nota: dá para perceber exactamente o momento em que Madeline Miller tem a ideia de escrever The Song of Achilles, o meu coração de fan girl adorou!)
Em suma: leiam este livro, por favor. Não é só um reconto da história de Circe, é muito mais do que isso — é uma homenagem a todas as mulheres que foram mal interpretadas e, por isso, passaram pela vida sem nunca se sentirem verdadeiramente acompanhadas. Ainda por cima está traduzido para português, por isso não têm desculpa! Se já o leram, contem-me o que acharam porque quero muito saber.