Asymmetry, Lisa Halliday
Lembram-se dos blind dates with a book que eu trouxe de Edimburgo, para eu e a Joana abrirmos “em directo” no Livra-te? Pois bem, senhoras e senhores, parece que eu finalmente li o meu — Asymmetry, de Lisa Halliday. Nunca tinha ouvido falar do livro ou da autora antes de o trazer embrulhado para casa, mas fico feliz por ter conhecido.
Começo por dizer que este é um daqueles livros que vale mais pela escrita e pelas observações sobre a condição humana do que propriamente pelo enredo — se gravitam mais naturalmente à volta de livros que têm um enredo detalhado e em que tudo faz sentido no final, talvez não seja o livro certo para vocês. Como eu até gosto de livros que são mais no plot, just vibes, senti-me logo embrenhada neste, embora ao fim de umas vinte páginas não estivesse assim muito entusiasmada.
Asymmetry está dividido em três partes, que são três narrativas quase independentes, mas têm relação entre si (se lerem, gostaria de saber como as relacionaram). Em Folly, Lisa Halliday conta a história de Alice, uma editora jovem, e Ezra Blazer, um escritor famoso. A diferença de idades entre os dois dá o mote para reflexões sobre a mortalidade que achei muito interessantes. A segunda parte, Madness, relata a tentativa de Amar, iraquiano e norte-americano, de estar dois dias em Londres antes de visitar a família no Iraque, isto depois do 11 de Setembro. A última parte, mais pequena, é toda escrita em formato de entrevista e explora a vida de Ezra Blazer através da música.
Everyone’s hourglass was running down. Everyone’s but Beethoven’s. As soon as you are born the sand starts falling and only by demanding to be remembered do you stand a chance of it being upturned again and again.
Gostei muito do título porque a questão da assimetria está sempre bastante presente no livro: a assimetria entre novo e velho, entre vivo e morto, entre o Oriente e o Ocidente, entre ser-se homem e ser-se mulher. E não se limita a tratar estas questões apenas do ponto de vista das questões amorosas, mas desenha também um cenário político.
Não está traduzido para português, mas se gostam de livros com narrativas pouco convencionais, talvez sejam capazes de gostar deste. A escrita é muito boa e muda consoante a parte que estão a ler, o que achei bastante interessante. Já tinham ouvido falar deste livro?