Para Interromper o Amor, Mónica Marques
Se acompanham o Livra-te e o Clube do Livra-te, então certamente sabem que Para Interromper o Amor, de Mónica Marques, é uma das escolhas deste mês, em que decidimos escolher livros de autoras portuguesas. E foi uma descoberta muito interessante, apesar de não se ter tornado um dos meus favoritos.
Para Interromper o Amor é escrito a três vozes: João Tito e a sua mulher, Maria Antónia Quitério, formam um triângulo amoroso com Numa Rolim, uma escritora dividida entre Portugal e o Brasil, tal como a própria Mónica Marques. Não é um livro cronológico, nem se pode dizer que haja uma história tradicional a ser contada, mas há bastante profundidade nas personagens. É um livro brutalmente honesto, em que cada uma destas três pessoas diz exactamente o que pensa e sente, sem qualquer pudor — nem das coisas que fazem, nem das palavras que usam.
As pessoas que escrevem vivem nos livros que estão a escrever. Pessoas que escrevem vivem nos livros que ainda vão escrever e fazem dos livros as vidas que não podem ter. Na vida real são pessoas velhas que odeiam a vida que levam e a quem falta um monte de coisas.
Embora a escrita de Mónica Marques não seja convencional (tal como a estrutura que deu a este livro), pareceu-me uma escrita com alguma capacidade de nos cativar — e acho que isso acaba por compensar o facto de o enredo praticamente não existir ou de, pelo menos, não ser tão relevante no livro como um todo. De qualquer das formas, não consegui ficar totalmente convencida e ainda não sei ao certo porquê: suspeito que tenha sido a sensação de constante repetição, mas também pode ter sido o facto de me parecer desnecessariamente intelectual. É certo que é esse o meio em que as personagens se movem, mas a sensação geral que tive do livro foi a de arrogância.
Qual é o filme em que há alguém que não se lembra de nada? Há sempre um filme, uma música, um livro para nos contar as nossas histórias. Nunca dizemos nada de novo e somos todos iguais. Mentiras que mantenho e que são tão irrisórias.
Acho que teria de ler o primeiro livro da autora, Transa Atlântica, para tirar as teimas, mas confesso que não fiquei com muita vontade de explorar mais porque tenho a sensação de que será tudo mais ou menos parecido. Estou é muito curiosa para saber se já leram Para Interromper o Amor e o que acharam!
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