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Rita da Nova

Qui | 17.03.22

Let Me Tell You What I Mean, Joan Didion

A minha primeira experiência com Joan Didion deixou-me completamente rendida: pelo tema e pela forma como a autora abordou um tema tão difícil como o luto. Quis imediatamente ler mais coisas dela e, por coincidência, Let Me Tell You What I Mean foi uma das recomendações da próxima convidada que vamos receber brevemente no Livra-te — ainda segredo, claro.

 

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Parti para a leitura sem saber do que se tratava e fui surpreendida com vários textos, maioritariamente escritos em 1968 e publicados na coluna Points West, que a autora escrevia para o Saturday Evening Post em parceria com o marido. Os temas destas crónicas variam muito: Didion fala sobre eventos a que assistiu, como uma reunião de Jogadores Anónimos ou uma reunião de retornados da II Guerra Mundial, fala dos jornais americanos, de memórias de infância, da experiência de trabalhar na Vogue ou do facto de ter sido rejeitada por Stanford.

 

Make a place available to the eyes, and in certain ways it is no longer available to the imagination.

 

Há outros textos de outros anos, uns mais antigos e outros mais recentes, e foi um desses, intitulado Why I Write, que mais me tocou: Didion tinha uma perspectiva muito interessante sobre o trabalho do escritor, sobre a sua necessidade de observar tudo e todos — no fundo, de ser quase um corpo estranho que não entra bem na história, mas que está responsável por contá-la. Acho que essa tarefa do escritor está muito bem demonstrada na forma como relata as experiências de todos os outros textos deste livro.

 

Had I been blessed with even limited access to my own mind there would have been no reason to write. I write entirely to find out what I’m thinking, what I’m looking at, what I see and what it means. What I want and what I fear.

 

Obviamente, ler Let Me Tell You What I Mean não é uma experiência tão directa ao coração como foi ler The Year of Magical Thinking, mas também não esperava que fosse. De qualquer das formas, foi uma excelente forma de entrar um pouco mais na cabeça da autora, de a conhecer fora de eventos traumáticos como a morte do marido ou a doença da filha. E sim, fiquei com ainda mais vontade de ler ficção escrita por esta mulher.

 

Há fãs de Joan Didion desse lado? Se sim, por onde me recomendam começar?