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Rita da Nova

Sex | 31.12.21

10 melhores livros de 2021

Não vou mentir, este último post sobre as melhores coisas de 2021 foi o que mais me custou a escrever — não pelo tema, mas pela dificuldade em reduzir a minha lista de melhores livros do ano a apenas dez. Li mais de 70 livros este ano (boa sorte a superar o desafio do Goodreads em 2022, Rita do futuro!) e considero que foi mesmo um bom ano em termos de leituras de que gostei.

 

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Também sinto que foi um bom ano para explorar novos autores, novos géneros e novos formatos — audiolivros, vocês ganharam o meu coração. Se já ouviram o episódio #09 do Livra-te, provavelmente nada disto vai ser surpresa para vocês, uma vez que eu e a Joana falámos das nossas melhores leituras de 2021, mas para quem não ouviu, aqui fica a revelação chocante: o livro novo da Sally Rooney, Beautiful World, Where Are You, não faz parte desta lista.

 

Como não quero demorar mais, aqui ficam os 10 melhores livros de 2021 (apresentados pela ordem em que os li):

 

1. The Vanishing Half, Brit Bennett

Tudo aqui está pensado para nos prender: desde a premissa (duas irmãs negras que conseguem passar por brancas escolhem caminhos opostos na vida), passando pela construção de personagens e pelo enredo. Fico muito feliz que já esteja traduzido para português, ainda por cima com uma capa bastante semelhante à original, porque quem gosta de dramas familiares vai certamente ter uma experiência muito boa com este livro.

 

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Podem ler a review que escrevi em:

> The Vanishing Half, Brit Bennett

 

 

2. Apneia, Tânia Ganho

Em cerca de 700 páginas, a autora consegue retratar muito bem o que se passa em anos sucessivos de batalhas judiciais pelo divórcio e pela custódia de um filho. O título é perfeito porque é mesmo assim que nos sentimos constantemente: em apneia, a sofrer lado a lado com aquela mãe e aquele filho, a acompanhar tudo o que tentam fazer para que aquele pai abusivo seja travado.

 

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Tudo o que escrevi sobre este livro:

> Apneia, Tânia Ganho

 

 

3. The Song of Achilles, Madeline Miller

Embora não leia muitos livros deste género, durante anos fui muito interessada pela mitologia grega e, por isso mesmo, este livro disse-me muito. Não apenas por recontar a história de Achiles e Pátroclo, mas sobretudo por conseguir fazê-lo de uma forma tão bonita e emocional. Antes que perguntem: não, não precisam de ser conhecedores da mitologia grega para apreciar o livro, já que a autora tem a capacidade de vos contextualizar sem parecer que estão numa aula de história.

 

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Leiam a review aqui:

> The Song of Achilles, Madeline Miller

 

 

4. Verity, Colleen Hoover

Não querendo estragar o efeito que este livro possa vir a ter em vocês, digo apenas que me deixou inquieta e curiosa ao mesmo tempo. Sim, é daqueles impróprio para quem, como eu, tem medo de tudo, mas consegue não exagerar nos lados de suspense. Garanto-vos que vão ficar agarrados do início ao fim — e com muita vontade de ler mais livros da Colleen.

 

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Tudo o que achei sobre o livro:

> Verity, Colleen Hoover

 

 

5. Know My Name, Chanel Miller

Acho que gostei ainda mais deste livro porque o ouvi, narrado pela própria da Chanel Miller — conta-nos, na primeira pessoa, toda a sua evolução de vítima anónima de abuso sexual a activista pela causa. Acho-o muito completo porque, além de nos falar de como processou emocionalmente todos os acontecimentos, a autora também explica como todo o caso judicial se desenvolveu, dando-nos assim uma perspectiva bastante completa sobre a sua história.

 

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Podem ler a review que escrevi em:

> Know My Name, Chanel Miller

 

 

6. My Dark Vanessa, Kate Elizabeth Russell

Costumo chamar-lhe o Lolita dos dias de hoje porque, tal como o livro de Nabokov, consegue por-nos a pensar sobre temas tão actuais como: o desenvolvimentos como o Me Too, a forma como nem sempre nos apercebemos do que nos está a acontecer até que alguém de fora repara, como é que processos como o grooming funcionam, entre muitas outras coisas. Não é uma leitura fácil, mas acho que foi por isso que gostei tanto.

 

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Tudo o que escrevi sobre este livro:

> My Dark Vanessa, Kate Elizabeth Russell

 

 

7. Autumn, Ali Smith

Este livro reúne várias coisas que, para mim, são ingredientes para um sucesso imediato: uma vibe outonal, uma escrita aparentemente simples, mas carregada de significado, e uma relação de amizade entre um velhote e uma rapariga na casa dos 30. A Ali Smith conseguiu manter-me presa do início ao fim e parar várias vezes para apreciar a beleza do que tinha acabado de ler.

 

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Fica aqui a book review que escrevi:

> Autumn, Ali Smith

 

 

8. The Seven Husbands of Evelyn Hugo, Taylor Jenkins Reid

O meu favorito da autora até agora, consegue transportar-nos para as décadas de 50, 60 e 70 em Hollywood através de Evelyn Hugo e dos seus sete maridos. Adorei a originalidade de cada capítulo ser dedicado à história dela com cada marido, bem como da desmistificação que faz da bissexualidade. Vão à confiança porque vale mesmo, mesmo a pena.

 

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Leiam a review aqui:

> The Seven Husbands of Evelyn Hugo, Taylor Jenkins Reid

 

 

9. On Earth We're Briefly Gorgeous, Ocean Vuong

Acho que este foi dos livros mais bonitos que li, sobretudo pela forma delicada e poética como o autor consegue descrever os episódios que vão acontecendo a esta família vietnamita que mora dos Estados Unidos da América. Basta dizer-vos que está escrito na forma de uma carta de um filho a uma mãe que não sabe ler para vos passar o que senti, certo?

 

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Tudo o que achei sobre o livro:

> On Earth We're Briefly Gorgeous, Ocean Vuong

 

 

10. Memorial, Bryan Washington

Gosto muito quando os livros conseguem ser tão reais quanto a vida. Neste, conhecemos Ben e Mike, dois namorados cuja relação parece estar a esmorecer sem percebermos bem porquê — na realidade, nem eles sabem o que está a acontecer. Acredito que a maioria das relações termine mesmo assim: não por um motivo especial, mas pelos efeitos que o tempo e o contexto vão tendo em nós.

 

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Podem ler a review que escrevi em:

> Memorial, Bryan Washington

 

Entretanto, se quiserem ouvir-me a falar um pouco mais sobre este top, bem como conhecer os favoritos de 2021 da Joana, podem sempre ouvir o episódio do Livra-te em que partilhamos as nossas escolhas:

 

 

Caso tenham curiosidade, deixo-vos também os meus favoritos de 2020. E entretanto, como sempre, já sabem que vou querer saber quais foram os vossos dez livros preferidos deste ano — quem sabe não acrescento mais alguns à pilha de livros por ler?

Qui | 30.12.21

A Visit from the Goon Squad, Jennifer Egan

Jennifer Egan passou-me completamente ao lado durante muito tempo, até que me recomendaram vivamente que a lesse e decidi dar uma oportunidade — convenhamos que ter os livros a 2,99€ no Kobo ajudou (e muito) à decisão. Para começar, escolhi a obra dela que ganhou um Pulitzer em 2011, A Visit from the Goon Squad.

 

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O que eu mais gostei neste livro, e na escrita da autora, foi do facto de cada capítulo ter um estilo diferente — às vezes é contado na primeira pessoa, outras vezes é um narrador, mas a perspectiva e a voz vão sempre mudando. No geral, o livro conta a história de Bennie Salazar, ex-músico e actualmente produtor, e da sua assistente Sasha — que é cleptomaníaca. Porém, andamos sempre entre passado e presente, para descobrirmos como é que cada um deles chegou onde está no presente do livro.

 

Por vezes já nem sequer estamos a conhecer melhor estas duas personagens através de outras, já estamos mesmo só a conhecer estas outras personagens que se cruzaram com o Bennie ou com a Sasha a certa altura. Mais do que uma narrativa coerente, Jennifer Egan traz mini contos sobre este universo de personagens com um tema central — o facto de todos envelhecermos.

 

There's a fine line between thinking about somebody and thinking about not thinking about somebody, but I have the patience and the self-control to walk that line for hours - days, if I have to.

 

Com um enredo bastante ligado à música e às artes, parece que este receio de envelhecer ou esta vontade de permanecer para sempre jovem é ainda mais evidente. Uma vez que mistura diferentes estilos e géneros num só livro, quase que parece que são mesmo estas pessoas a relatarem-nos as suas histórias e a mostrarem-nos o efeito do tempo nas suas vidas.

 

Isto para dizer o seguinte: se são sensíveis a livros que mudam constantemente de ponto de vista ou de linha temporal, talvez este não seja para vocês. Se, pelo contrário, gostam do desafio de não saberem bem onde o próximo capítulo vos vai levar, saibam que a autora vai lançar uma espécie de continuação de A Visit from the Goon Squad em Abril de 2022 — chama-se The Candy House e é suposto replicar a organização deste, mas num ambiente mais actual e tecnológico.

 

Já tinham ouvido falar desta escritora? Tenho, também no Kobo, o The Invisible Circus, para ver como é a escrita dela noutro registo.

Ter | 28.12.21

Os Casos do Beco das Sardinheiras, Mário de Carvalho

Imaginem um beco tipicamente lisboeta, habitado pelas personagens tipicamente portuguesas que todos nós conhecemos — é esse o ponto de partida de Os Casos do Beco das Sardinheiras, de Mário de Carvalho, um livro de que já tinha ouvido super bem e decidi, finalmente, ler. Apesar de ter sempre notado um humor subjacente em tudo o que li do autor, diria que este livro é o mais engraçado dele que li até agora.

 

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No Beco das Sardinheiras acontecem situações do arco da velha: o eixo da Terra altera-se, uma máquina de costura consegue congelar tudo à sua volta, um gato gigante anda pelo bairro e tantas outras coisas que simplesmente “vão acontecendo”. Nesta colectânea de pequenos contos passados no Beco das Sardinheiras, escritos entre Dezembro de 1981 e Fevereiro de 1982, Mário de Carvalho consegue mesmo entrar na cultura lisboeta, transversal a qualquer bairro da cidade — tanto que não interessa se este beco ainda é em Alfama ou se já fica na Mouraria.

 

Nestes onze pequenos contos, que partilham personagens, o local e o conhecimento de quem é quem e do que já foi acontecendo, o escritor leva-nos numa incursão por expressões tipicamente lisboetas que cada vez ouvimos menos. Cresci com alguns destes dizeres típicos (e com outros tantos do Norte imortalizados pela minha avó) e sabe muito bem ler um livro tão característico da cidade em que nasci e cresci.

 

Se gostam de ler autores portugueses, aqui está o livro perfeito: não chega a ter 100 páginas e é o plano perfeito para uma tarde de final de Outono ou início de Inverno. Quem sabe não o emprestam depois aos vossos familiares mais velhos, que certamente irão gostar de conhecer o Beco das Sardinheiras. Desse lado há alguém que já o tenha lido? Quero saber tudo!

Sex | 24.12.21

5 melhores surpresas de 2021

Mais uma sexta-feira dedicada a trazer as melhores coisas deste ano? Sim! 🙋‍♀️ Como acredito que há sempre espaço para nos surpreendermos com a vida e com as pessoas que fazem parte dela, opto por trazer as 5 melhores surpresas — e embora este tenha sido mais um ano atípico, sinto que foi um ano em que deixei que a minha paixão pelos livros e pela leitura se traduzisse em cada vez mais projectos e conteúdos dedicados ao tema.

 

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Porque continuar mais tempo por casa se tem traduzido em coisas boas, aqui ficam (sem ordem específica) as 5 melhores surpresas de 2021:

 

 

1. Audiolivros

Quem vai acompanhando os episódios do Livra-te e as book reviews que deixo por aqui já sabe que, depois de me ter apaixonado pela leitura em e-reader, este ano foi altura de me render aos audiolivros. Mais uma vez, tudo sempre na lógica de complementaridade, até porque percebi que gosto bastante de ouvir livros de não ficção — um género que não me prende assim tanto no formato físico (seja livro ou e-book). Também aprendi que os audiolivros entram bem na minha rotina quando estou a regar as plantas ou a conduzir.

 

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Podem ler todas as minhas reviews de audiolivros nestes posts:

> Becoming, Michelle Obama

> Know My Name, Chanel Miller

> Everything I Know About Love, Dolly Alderton

> Greenlights, Matthew McConaughey

> Modern Romance, Aziz Ansari

> Yes Please, Amy Poehler

 

 

2. A capacidade de ser Família de Acolhimento Temporário

Já por aqui vos falei bastante do meu lado de voluntária numa associação focada na captura e esterilização de gatos de rua — o MEG, Movimento de Esterilização de Gatos —, mas acho que nunca vos tinha falado abertamente sobre ser FAT (Família de Acolhimento Temporário), algo que fazemos há mais ou menos dois anos. Começámos por acolher a Bagheera, que acabou por ficar connosco, mas desde então recebemos mais de 10 gatos: uns com o propósito de sociabilizar e outros para fazer recobro de doenças, tudo antes de poderem ser adoptados.

 

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Acho que este foi o ano em que mais repeti a frase “nunca mais vou ser FAT”, até que surgia sempre mais um gatinho para ajudar. Um dos piores momentos do meu ano aconteceu precisamente na sequência de acolher uma gata, a Cemi, que viria para cá fazer recobro depois de uma cirurgia para remover o nariz, numa tentativa de controlar um tumor. Acontece que o tumor reincidiu e a Cemi foi ficando — e eu não vos consigo explicar a ligação que eu e aquele mau feitio criámos uma com a outra. Fizemos tudo o que podíamos para que o tumor fosse controlado, mas a certa altura já não havia grande coisa a fazer. Quando o sofrimento é maior do que a qualidade de vida, para mim torna-se óbvio o que fazer. A Cemi partiu há coisa de um mês e meio e é a primeira vez que falo abertamente sobre o tema fora do meu círculo fechado. É estranho como um animal que só esteve cerca de sete meses na minha vida conseguiu causar um impacto tão grande, mas acreditem que teria feito tudo de novo.

 

Onde é que está a surpresa aqui, perguntam vocês? Na vontade de continuar, diria. Recebemos entretanto um novo inquilino, também ele quase pronto para começarmos à procura da sua família para sempre. A dor e o luto não poderiam impedir-me de fazer uma das coisas que mais gosto de fazer na vida, não é mesmo?

 

 

3. Literary Man

Andava há que tempos para conhecer este hotel no centro de Óbidos, cheguei inclusivamente a marcar lá um fim-de-semana, mas aconteceu uma coisa chamada “pandemia” e os planos ficaram em suspenso. Depois de escrevermos o nosso livro do Terapia de Casal, achei que este era o sítio perfeito para passar um fim-de-semana prolongado a avançar um projecto que tenho para o ano.

 

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Se gostam de ler e só estão bem perto de livros, aconselho-vos a ler o que escrevi sobre o The Literary Man:

> The Literary Man, Óbidos

 

 

4. Parcerias com Kobo e FNAC

Parece que as melhores surpresas deste ano andam todas à volta dos livros e, é assim, não me estou a queixar. Definitivamente que poder trabalhar tão de perto com marcas como a FNAC e a Kobo, que me desafiam a falar sobre livros ou a promover a leitura de e-books através de giveaways, foi uma das coisas em que tive mais prazer de criar conteúdo.

 

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Podem sempre ler as escolhas de e-books em parceria com a Kobo e a FNAC:

> Três e-books para Julho

> Três e-books para Agosto

> Três e-books para Setembro

> Três e-books para Outubro

> Três e-books para Novembro

> Três e-books para Dezembro

 

Ou, se preferirem, os artigos que fui escrevendo para a FNAC:

> Vantagens de ter um Kobo? A Rita da Nova explica-te

> As leituras de verão de Rita da Nova

> As leituras da rentrée literária da Rita da Nova

> Prendas de Natal: 10 sugestões de livros da Rita da Nova

 

 

5. O sucesso dos (meus) podcasts

Não vou armar-me aqui em falsa modesta e dizer que nunca na vida esperei que houvesse pessoas a ouvir os meus dois podcasts — Terapia de Casal e Livra-te —, mas é efectivamente uma surpresa para mim como é que há tanta gente a gostar do que fazemos com esses dois projectos. É incrível receber mensagens e e-mails todas as semanas sobre os episódios que lançamos, assim como foi indescritível ver a quantidade de pessoas que esteve nos episódios ao vivo do Terapia de Casal, já para não falar das que ficaram horas numa fila para falar um pouco connosco e ter os seus livros autografados. Embora eu tenha noção de que trabalhamos bastante para que estes conteúdos cheguem às pessoas da melhor forma possível, é inegável que nunca pensei receber tanto amor em troca. Muito obrigada, mesmo!

 

 

Agora, vá, vou calar-me, mas quero saber quais foram as vossas melhores surpresas deste ano! Vale tudo, desde que vos tenham surpreendido pela positiva. Partilham comigo ali nos comentários?

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