Quando a Penguin Livros (obrigada! 🙋♀️) me enviou O ar que me falta, de Luiz Schwarcz, bastou-me ler o subtítulo para perceber que ia gostar de o ler. "História de uma curta infância e de uma longa depressão", é assim que o livro é descrito e foi esta forma crua de expor as coisas que me levou a pegar logo nele assim que terminei a minha leitura anterior.
Nestas memórias, Luiz Schwarcz, fundador da editora Companhia das Letras, conta-nos alguns episódios da sua infância que o levaram à depressão com que convive há décadas. Mas um dos factores principais é claro: a separação dos pais e a forma como sempre achou ser sua obrigação mantê-los juntos. O autor não segue uma ordem cronológica, preferindo encadear os acontecimentos uns nos outros quase ao sabor dos seus pensamentos, mas consegue ir mostrando como é que a depressão surgiu e como o foi afectando, mesmo nos dias de hoje.
O preparativo para a descida incluía uma golfada de ar nos pulmões e um sentimento de cumplicidade com a natureza. Mas, por motivos pouco ou nada racionais, isso não acontecia comigo naquele momento. Eu me abaixei para apertar as botas e disfarçar para o meu instrutor, ou para mim mesmo, a angústia que tomava conta da minha respiração e do olhar. Levei mais tempo que o normal, apenas para recuperar o fôlego, tentando eliminar o travo que fechava minha garganta justamente quando eu esperava pelo contrário. O contato com o ar puro no alto, a velocidade da descida, eram um bom antídoto para a depressão da qual sou portador. Não esquiei muitas vezes na vida, mas estar na montanha e ainda praticar um esporte durante grande parte do dia tem efeito terapêutico, é sinônimo de alegria e descontração. Nas alturas sou responsável apenas por usufruir da natureza.
É muito interessante ver como a carga do passado da família de Luiz está muito presente dentro dele, embora tenha já nascido no Brasil, em território seguro. Ambos os pais, judeus, tiveram que escapar ao destino quase certo dos campos de concentração, o que acabou por pautar muito a educação do autor desde jovem.
Apesar de não ser um tema muito alegre, acho que é uma excelente representação do que é a depressão crónica, mostrando-nos que nem sempre está presente e quase nunca é uma condição visível. Se se interessam por estes temas e gostam de memórias narradas na primeira pessoa, recomendo muito este pequeno livro. Já tinham ouvido falar?
É verdade, é verdade! O tão aguardado podcast literário chegou, finalmente. Andava há quase um ano com esta ideia na cabeça, mas ainda não tinha ficado convencida com as ideias e formatos que tinha tido – até que me juntei à Joana da Silva e tudo começou a fazer sentido.
A nossa ideia com o LIVRA-TE é falar de livros de forma descomprometida e bastante leve, um pouco como já fazíamos na nossa conversa de WhatsApp. Os episódios vão ter diferentes formatos: uns mais temáticos (por exemplo, livros para ler no Outono), alguns sobre os nossos perfis enquanto leitoras, noutros vamos responder a tags literárias. Claro que também queremos trazer convidados de vez em quando e até já temos alguns nomes em mente – não invalida que vão deixando também as vossas sugestões, tanto de pessoas como de temas que gostavam de ver abordados (aqui ou em livratepodcast@gmail.com).
Espero que gostem tanto deste projecto como nós, porque se ouvirem vão perceber que nos divertimos muito a gravar isto. Vou deixar-vos com o primeiro episódio, onde nos apresentamos e respondemos à tag das vinte questões literárias. Sim, falámos de um montão de livros, mas na descrição do episódio no SoundCloud têm lá a listinha completa.
Podem acompanhar o LIVRA-TE nas plataformas habituais: Spotify, SoundCloud, Apple Podcasts e Google Podcasts (estes último ainda pendente de aprovação da plataforma, prometo deixar aqui o link assim que for possível). Alguém já ouviu? O que acharam? Quero saber tudo!
Estamos a dois meses do final do ano e eu cada vez mais sinto que este desafio e clube de leitura existe precisamente para isso, para me relembrar da passagem do tempo. E confesso que, no momento em que escrevo este post, ainda não li o livro do mês passado – acho que me estou a guardar para o fim-de-semana de Halloween.
Falando de coisas melhores e menos assustadoras, uma pergunta: costumam oferecer livros a outras pessoas? É que eu sou mesmo a favor desse tipo de presentes, sobretudo quando conheço relativamente bem a pessoa – sou fã de oferecer livros em datas especiais, como aniversários ou Natal, mas também só porque sim ou porque achei que aquela pessoa gostaria de ler aquele livro. Por outro lado, também adoro receber livros, acho até que sou das pessoas a quem é mais fácil oferecer alguma coisa.
Esse é, precisamente, o tema deste mês: um livro que te foi oferecido. Como gosto de dar e receber presentes só porque sim, acho que vou ler First Person Singular, de Haruki Murakami, que o Guilherme me trouxe uma vez porque achou que eu ia gostar. São oito histórias contadas na primeira pessoa, sem que seja certo se são memórias do próprio autor ou apenas ficção.
Para terminar, e quase em jeito de teaser, com a chegada ao fim de mais uma edição d'Uma Dúzia de Livros, podem esperar uma coisa bem diferente para o próximo ano – mas está dependente de outras novidades que vou anunciar ao longo desta semana, por isso brevemente saberão. Até lá, por que não deixam ali em baixo a vossa escolha de leitura para Novembro?
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Ainda não sabes o que é o Uma Dúzia de Livros?
É uma mistura entre clube e desafio de leitura onde, a cada mês, lemos um livro dentro de um tema. Cada pessoa tem liberdade para escolher o livro que melhor se encaixa em cada mês e temos um grupo no Goodreads onde vamos trocando impressões sobre as nossas leituras. Vêm sempre a tempo de se juntar!
Por esta altura já devem saber de todas as novidades que eu e o Guilherme anunciámos nos últimos dias, mas este blog continua a ser o meu cantinho e nada como partilhar aqui também convosco. Foi muito complicado manter segredo destes desenvolvimentos do nosso podcast, que lançámos em Setembro de 2019 e agora está tão crescido (🥺).
Comecemos, então, pelo livro – uma vez que é ele que dá, depois, origem às datas ao vivo. A editora Manuscrito, do grupo Editorial Presença, veio falar connosco no início deste ano, com a ideia de podermos criar aqui uma coisa gira em formato livro, inspirada na dinâmica do podcast. Daí a estarmos a começar a escrever foi um instante e durante todo o processo tivemos bastante acompanhamento da Marta e da Cátia – este livro é de nós os quatro, não apenas meu e do Guilherme.
Está organizado da seguinte forma: eu escrevi quinze textos sobre coisas que me irritam no Guilherme e ele escreveu outros quinze. No final de cada texto há um Direito de Resposta, para manter a dinâmica de discussão que temos no podcast. No final de cada tema, podem seleccionar se são #TeamRita ou #TeamGuilherme, para nos ajudar a tirar as teimas de uma vez por todas. Apesar de alguns temas cruzarem com coisas que podemos já ter falado no podcast, não quisemos que o livro fosse cópia exacta dos episódios, por isso há temas novos ou abordados de outra forma.
O livro vai começar a chegar às livrarias no dia 3 de Novembro, mas já está em pré-venda na Fnac, na Wook e na Bertrand – vão dando um olho porque, além da promoção normal de pré-venda, às vezes as lojas fazem alguns descontos extra. Mal posso esperar para que leiam!
A outra novidade, que também já fomos falando, mas nada como reforçar, é a Tour do Livro. Não queríamos fazer episódios do podcast ao vivo só porque sim, nem queríamos ter apenas lançamentos de livro tradicionais. Assim, surgiu a ideia de fazer uma mistura das duas coisas e estou muito, muito entusiasmada para que chegue Novembro. Claro que gostávamos de ir a mais sítios, mas acreditem que estes são os possíveis para já.
Vou deixar todas aqui em baixo, com link directo para a Ticketline:
> Lisboa | 9 de Novembro | Maria Matos (com a Joana Marques como convidada, ela que foi a primeira terapeuta do podcast e escreveu o prefácio do nosso livro)
Se ainda não se cansaram de nos ler sobre o livro e a tour, podem sempre ouvir o Episódio 100 do Terapia de Casal, onde falamos sobre tudo isto:
Um agradecimento especial à Manuscrito e aos We Blog You (responsáveis pelas ilustrações e capa), mas também à Inês Costa Monteiro (que fotografou a capa) e à Raquel Batalha, que nos pôs bonitos para ela – coincidência das coincidências, foi a Raquel que me maquilhou para o nosso casamento. Depois, um obrigada gigante ao Henrique e ao Nuno da SetList, que montaram a Tour do Livro em menos de nada, com um profissionalismo e honestidade enormes.
E, por fim, um abracinho a todas as pessoas que já compraram o livro em pré-venda ou que já garantiram bilhetes para nos ver ao vivo... não vos merecemos! ❤️