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Rita da Nova

Ter | 31.08.21

Malibu Rising, Taylor Jenkins Reid

Depois de ter lido Daisy Jones & The Six (já agora: a série deverá chegar no final deste ano), fiquei com muita curiosidade e vontade de ler mais coisas de Taylor Jenkins Reid – por isso, quando Malibu Rising foi lançado, comprei-o quase imediatamente no Kobo. Aproveitei o tema de Agosto d’Uma Dúzia de Livros – um livro veranil – para me agarrar finalmente a ele. 

 

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Posso já começar pelo veredicto final: não amei. E depois de ter amado a experiência de Daisy Jones & The Six e de ouvir falar tão bem de outros livros dela, como de The Seven Husbands of Evelyn Hugo, confesso que estava à espera de mais. Os livros da autora, pelo menos os que li, são muito mais centrados na criação de ambientes e na escrita dela, quase sempre em formatos diferentes do normal, do que propriamente assentes numa narrativa forte e num enredo que nos deixa presos. Não há mal nenhum com isso, mas sinto que este ficou um pouco aquém.

 

Malibu Rising acompanha o festão que Nina Riva, protagonista do livro, dá anualmente na sua mansão em Malibu. Nina tem três irmãos – Jay, Hud e Kit –, de quem se viu forçada a cuidar por várias circunstâncias da vida (que vou deixar que descubram no livro). Estes quatro irmãos são bastante conhecidos em Malibu, não apenas pela reputação que construíram para eles próprios, mas sobretudo por serem filhos de Mick Riva – um músico famosíssimo, mas um pai não assim tão fantástico. 

 

When there is only you, you do not get to choose which jobs you want, you do not get to decide you are incapable of anything. There is no room for distaste or weakness. You must do it all. All of the ugliness, the sadness, the things most people can’t stand to even think about, all must live inside of you. You must be capable of everything.

 

Neste ano em particular, os quatro irmãos têm todos motivos para não estarem assim tão entusiasmados com a festa; e esses motivos vão sendo deslindados à medida que a narrativa se desenrola, culminando em encontros e desencontros no próprio evento. Vamos seguindo esta família desde as sete da manhã do dia da festa até às sete da manhã do dia seguinte, mas sempre com flashbacks do seu passado que ajudam a entender porque é que estão onde estão no presente e porque é que são como são. 

 

Podem certamente calcular que a festa não tem um final tão tranquilo como se gostaria, mas traz também um momento decisivo na vida dos irmãos Riva. Achei o desenrolar dos acontecimentos bastante previsível, mas mais uma vez adorei a forma como Taylor Jenkins Reid cria personagens e ambientes, quase como se tivesse vivido aquilo tudo. Também o formato do livro, contado quase hora a hora, foi algo que achei fora do comum. 

 

Ou seja, para resumir: se tiverem interesse na premissa e quiserem um livro veranil, que vos leva directamente para as praias de Malibu nos anos 80, então este é o livro certo para vocês. Porém, vão com cuidado e não esperem um enredo perfeito ou surpreendente (pelo menos para mim não foi). Contem-me lá: se já leram este livro, concordam comigo? E outra pergunta, devo ir à confiança para The Seven Husbands of Evelyn Hugo ou as minhas expectativas vão bater na parede? 

Sex | 27.08.21

Uma Dúzia de Livros // Setembro: um livro com uma palavra no título

Já estavam à espera deste post da praxe? Eu sei, eu sei, por norma chegam mais cedo, mas Agosto está a ser um mês de férias e descanso para toda a gente menos para mim. Passado este momento de choramingona (desculpem, mas às vezes é mesmo preciso), chegou a altura de falarmos sobre as nossas leituras de Setembro. 

 

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Acho que, pela primeira vez no Uma Dúzia de Livros deste ano, me forcei a olhar para o Excel onde organizei toda a minha biblioteca caseira para escolher um livro. Eu quero sempre fazer esse compromisso de não comprar mais livros e usar o desafio para avançar os que tenho cá à espera (alguns eternamente), mas nem sempre consigo. Porém, como não tinha nada debaixo de olho, achei que era uma boa oportunidade para me manter fiel à minha pilha TBR. 

 

Em Setembro vamos, então, ler um livro com apenas uma palavra no título. Não estava particularmente entusiasmada com o tema, confesso, mas depois de explorar as minhas opções percebi que tenho muito por onde escolher. Ainda estou indecisa entre Drácula de Bram Stoker, Calypso de David Sedaris, Insatiable de Daisy Buchanan, Queenie de Candice Carty-Williams e Autobiografia de José Luís Peixoto. Quem sabe não faço o desafio extra de ler todos estes, já que têm géneros tão diferentes uns dos outros?

 

E porque sei que nem sempre é fácil decidir o que ler, trago-vos os artigos do costume para vos dar algumas ideias. Tentei encontrar fontes de livros em português, mas não fui muito bem sucedida. De qualquer das formas, espero que estes ajudem: 

 

> 100 Must-read books with one-word titles, do Book Riot;

> One Word Title Books, uma lista do Goodreads;

> One word book titles, da Seattle Public Library.

 

Agora vamos lá a saber: já têm ideia do que querem ler ou ainda vão investigar um pouco mais?

 

Para terminar, queria só dizer-vos que estou mega feliz por, mais uma vez, a Feira do Livro de Lisboa acontecer na minha altura favorita – a rentrée. Já tenho alguns livros do dia seleccionados para começar a fazer a lista de compras deste ano e prometo partilhar convosco a experiência e as aquisições que fizer! Vocês já sabem o que querem trazer ou vão mais à descoberta?

 

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Ainda não sabes o que é o Uma Dúzia de Livros?

É uma mistura entre clube e desafio de leitura onde, a cada mês, lemos um livro dentro de um tema. Cada pessoa tem liberdade para escolher o livro que melhor se encaixa em cada mês e temos um grupo no Goodreads onde vamos trocando impressões sobre as nossas leituras. Vêm sempre a tempo de se juntar!

Qui | 26.08.21

Restaurantes // O Boteco

Vocês querem ver que este é o meu regresso à escrita sobre restaurantes? Se calhar alguns (muitos) de vocês já não apanharam a altura em que este blog era mais comida do que outra coisa, mas espero que gostem deste revival. 

 

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E como é que isto tudo aconteceu, perguntam vocês? Importa primeiro explicar que a escrita gastronómica foi deixando de me fazer tanto sentido ainda antes da pandemia, sobretudo porque às tantas sentia que acabava por escrever sempre o mesmo tipo de texto, só mudava o sítio e os pratos. Por outro lado, houve alturas em que quase nunca jantava em casa, recebia imensos convites para experimentar novos restaurantes – não me estou a queixar, mas sendo mais introvertida, acabava por ficar exausta de estar quase sempre fora de casa.

 

Mesmo agora que as coisas começam a voltar à normalidade, e apesar de saber que houve muitos restaurantes que não aguentaram os efeitos da pandemia, não me vejo a voltar a 100% ao formato de reviews de restaurantes que este blog tinha anteriormente. De qualquer das formas, isso não significa que não vá mostrando aqui algumas das boas experiências que vou tendo, como foi o caso do convite que recebi para conhecer O Boteco, do Chef Kiko. 

 

Já por aqui disse algumas vezes que o Chef Kiko é um dos meus favoritos – gosto muito da forma como explora diferentes gastronomias e culturas, mantendo sempre alguma coerência e um fio condutor entre todos os seus restaurantes. A Cevicheria e O Talho já são referências de boas refeições em Lisboa e gostei de saber que este novo espaço no Chiado também promete vir a sê-lo. 

 

Fiquei a saber que o Chef Kiko nasceu no Brasil e que essa ligação é a principal inspiração para nos trazer um restaurante focado na comida brasileira – não apenas a Picanha, mas também alguns petiscos e pratos de tacho tão típicos (apenar de reinventados com o seu cunho). O próprio espaço faz uma mistura interessante entre o Brasil e o próprio Chiado. 

 

 

No couvert não poderia faltar o Pão de Queijo, devidamente acompanhado por Pão de centeio, Manteiga de Alho, Dip de Salsicha Toscana (maravilhoso!) e Queijo Coalho com Óregãos. E como queijo nunca é demasiado, nós ainda pedimos Dadinhos de Tapioca com Goiabada para entrada. Por falar em goiaba, fiquem a saber que é uma das minhas frutas favoritas de sempre e que andei à caça de todos os pratos d’O Boteco que tivessem este ingrediente. Aliás: mal nos sentámos e nos quiseram oferecer uma caipirinha, parei de ouvir assim que me disseram “temos de goiaba”. 

 

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Para completar as entradas passámos ainda pela Salsicha Toscana com Farofa, porque farofa também é outra das maravilhas da gastronomia brasileira (e eu sinto que não a valorizamos tanto quanto deveríamos). 

 

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Estes petiscos são demasiado bem servidos, por isso chegámos já bem embalados ao prato principal. Decidimos, então, pedir apenas um para partilhar, mas se calhar deveríamos ter pedido um que não fosse tão grande. É que o Naco de Picanha Confitada, preparado durante doze horas, serve uma família inteira, quanto mais duas pessoas que já tinham andado a petiscar aqui e ali. Acompanhá-lo com Arroz de Alho e estava incrível, desfazia-se tudo no garfo, quase que nem era preciso cortar. Acho que nunca tinha comido picanha que não fosse a típica grelhada e fiquei muito curiosa por provar as outras confecções todas do menu. 

 

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Adorava ter comido duas das sobremesas: o Mil-folhas de Doce de Leite com Goiaba (claro, não é?) e a Mousse de Chocolate com Paçoca porque Paçoca também é tudo na vida. Mas, infelizmente, este meu estômago pós-pandémico já não está habituado a refeições tão compostas. A parte boa é que já fiquei com plano completo para um regresso ao Boteco.

 

E vocês, já conheciam este espaço? Abri-vos o apetite? Contem-me tudo!

Ter | 24.08.21

Greenlights, Matthew McConaughey

Quando partilhei que estava a começar a ouvir audiolivros, o livro do Matthew McConaughey foi um dos primeiros que me sugeriram – não me lembro ao certo quem (sorry), mas lembro-me que a pessoa dizia que era como ouvir uma peça de teatro. Curiosa, pu-lo na lista e, depois de o ter ouvido, posso dizer que é mesmo tal e qual como mo descreveram. 

 

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Greenlights é uma espécie de livro de memórias combinado com livro de aprendizagens que o actor foi recolhendo ao longo da vida. Baseado em vários diários que foi coleccionando, McConaughey mostra como foi criando uma forma de estar baseada na perspectiva que tem sobre o que lhe vai acontecendo. Segundo ele, temos duas hipóteses: encarar as mudanças e acidentes de forma negativa ou olhar para eles como eventuais oportunidades para outra coisa qualquer (as chamadas greenlights ou “sinais verdes”). 

 

We all step in shit from time to time. We hit roadblocks, we fuck up, we get fucked, we get sick, we don’t get what we want, we cross thousands of “could have done better”s and “wish that wouldn’t have happened”s in life. Stepping in shit is inevitable, so let’s either see it as good luck, or figure out how to do it less often. 

 

Não estava muito familiarizada com o percurso do actor, embora conhecesse vários dos papéis que foi interpretando, e é muito curioso ver como se tornou actor e a forma como foi, de facto, transformando bloqueios em oportunidades. Não que eu concorde a 100% com esta perspectiva tão optimista da vida ou com o lado tão crente de McConaughey, mas de forma geral achei um livro bastante bem construído – pelo menos não é o típico livro de memórias. 

 

Além de tudo isto, a versão audiolivro é uma delícia. Nota-se que o autor fez de tudo para que fosse completamente adaptada ao formato – as entoações dele, a maneira como narra, é mesmo como me disseram: como se estivéssemos a ouvir uma peça de teatro. Remeteu-me muito mais a actuações de poetry slam, por exemplo, do que a uma narração normal. 

 

Honestamente, acho que não teria gostado tanto da experiência se tivesse lido apenas (mais um caso em que comprar o audiolivro compensou e muito). Em resumo, este é mesmo daqueles em que recomendo a verão áudio, mas não se preocupem: o sotaque texano do Matthew McConaughey está bem suave, podem ir à confiança!

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