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Rita da Nova

Ter | 18.05.21

One Flew Over the Cuckoo’s Nest, Ken Kesey

Nem acredito que posso escrever isto, mas consegui terminar o One Flew Over the Cuckoo’s Nest, de Ken Kesey, um dos livros que estavam a meio já há imenso tempo. Tanto tempo, que não me lembrava de nada do que já tinha lido e foi preciso começar de novo. Isto já me tinha acontecido com o Fahrenheit 451 e parece que 2021 é mesmo o ano de conseguir pegar naqueles livros que eu sei que são bons, apesar de não me terem dito assim tanto na primeira tentativa. 

 

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A história de One Flew Over the Cuckoo’s Nest é bastante conhecida, sobretudo por causa da adaptação para filme que tem o Jack Nicholson como protagonista, mas nada como recordar: acompanhamos as dinâmicas de um hospício através dos olhos de Chief Bromden, um Índio aparentemente surdo e mudo, que está internado e acaba por tratar de várias tarefas, como varrer o chão das diferentes salas. Isso permite-lhe ter uma visão alargada das relações entre enfermeiras, médicos e doentes, até porque ninguém se inibe de falar à frente dele. 

 

Tudo decorre mais ou menos na normalidade possível, quando chega Randle McMurphy e começa a destabilizar as rotinas e dinâmicas de poder que existem. Rapidamente se opõe a Miss Ratched, a enfermeira autoritária que tem mão em tudo o que se passa. Este desafio constante de McMurphy acaba por ter consequências brutais para vários dos pacientes da ala psiquiátrica, mas para saberem exactamente o quê terão que ler o livro. 

 

If you don't watch it people will force you one way or the other, into doing what they think you should do, or into just being mule-stubborn and doing the opposite out of spite.

 

Li várias análises, que questionavam se este livro seria uma crítica ao domínio do poder feminino ou uma crítica ao poder das instituições sobre a individualidade e, honestamente, concordo muito mais com esta segunda hipótese. Bastam as primeiras descrições da vida naquele sítio para entendermos que, ali, toda a gente tem que se comportar de forma igual e ser subjugado ao poder de quem manda, sem qualquer consideração sobre as necessidades e especificidades de cada pessoa. 

 

Falando nas descrições, entendi finalmente o que me fez desistir do livro ao início. Não foi tanto o facto de ser um enredo bastante duro e agressivo (que é), mas mais a escrita do ponto de vista de Bromden, à qual demorei um bocado a habituar-me. Mas valeu a pena depois de ter avançado e de estar completamente dentro do tom do livro, por isso, se gostam deste género de histórias, aqui têm uma sugestão de leitura. 

 

Está nos meus planos ver o filme e, quem sabe, a série Ratched, que estreou recentemente na Netflix e explora a personagem da enfermeira chefe desta ala. Já viram algum dos dois ou já leram o livro? Contem-me tudo ali nos comentários!