Bad Feminist, Roxane Gay
Continuamos aqui na senda dos livros-que-eu-comprei-porque-estavam-extremamente-baratos-no-Kobo? Continuamos, pois, e hoje trago-vos Bad Feminist, de Roxane Gay. Embora goste bastante de ler coisas dentro do tema, o formato de crónicas ou ensaios não é aquele que escolho com mais frequência. Apesar disso, posso dizer-vos que gostei bastante da experiência de acompanhar a autora ao longo destes textos.
Bad Feminist parte exactamente desta ideia da autora sobre si própria, de que é “má feminista” porque não cumpre os padrões que se têm instituído sobre o que é ser feminista. A cor favorita dela é o cor-de-rosa, preocupa-se com o seu aspecto físico, gosta de ouvir músicas cujas letras nem sempre colocam a mulher na melhor das posições, compete com outras mulheres porque se sente ameaçada. Roxane Gay começa por fazer estes disclaimers todos e eu acho isso extremamente honesto e corajoso.
I embrace the label of bad feminist because I am human. I am messy. I’m not trying to be an example. I am not trying to be perfect. I am not trying to say I have all the answers. I am not trying to say I’m right. I am just trying—trying to support what I believe in, trying to do some good in this world, trying to make some noise with my writing while also being myself.
Os textos não são todos exclusivamente sobre o feminismo enquanto conceito, conseguem ser bastante práticos, divertidos e relacionáveis. Além disso, a autora dá sempre a perspectiva destes temas enquanto negra, o que enriquece bastante os ensaios e os tornam interseccionais. A política e cultura pop são algumas das áreas em que ela mostra todo o trabalho que o feminismo ainda tem de fazer.
O que mais gostei neste livro, para além do humor de Roxane Gay, foi sem dúvida da noção de que todos erramos neste caminho, de que somos humanos, mas que se as nossas intenções forem boas, se quisermos mesmo mudar e compreender, então o maior passo já está dado. É um caminho em aberto, longe de estar começado, quanto menos terminado, mas é bom ter inspirações destas. Não concordo com tudo o que Gay diz, mas esse também é o lado bom de ler opiniões de outras pessoas – a forma como nos ajudam a enriquecer as nossas e, ao mesmo tempo, a fazer-nos repensar aquilo que achávamos ser o mais correcto.
Recomendo muito a toda a gente, mas especialmente a todas as mulheres que alguma vez duvidaram que “feminista” fosse a palavra mais certa para se descreverem. Depois de lerem, vão perceber que sim. Alguém desse lado já leu? Se sim, o que acharam?