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Rita da Nova

Qua | 28.04.21

O Vício dos Livros, Afonso Cruz

Como já tinha até falado por aqui, sexta-feira passada, dia 23 de Abril, celebrou-se o Dia Mundial do Livro. Coincidência ou não, dias antes eu tinha recebido um presente da Fnac cá em casa – um cartão oferta para assinalar a reabertura das lojas físicas e incentivar-me a “virar a página” deste capítulo tão escuro da nossa história colectiva. 

 

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Aproveitei, num dia em que tive mesmo que sair de casa, para passar numa loja e trazer comigo os últimos lançamentos de dois autores portugueses que adoro – Contra Mim, de Valter Hugo Mãe e O Vício dos Livros, de Afonso Cruz. É sobre este último que quero falar-vos hoje, já que tudo se alinhou de uma forma perfeita para que fosse a minha leitura de sexta-feira, o dia em que se celebrou os livros e o vício da leitura que alguns de nós têm. 

 

Li quase sempre livros de ficção do autor Afonso Cruz, um dos meus favoritos. Aliás, não me lembro de alguma vez ter lido coisas dele que fossem etiquetadas como não-ficção, mas gostei de o ler neste registo mais pessoal. O Vício dos Livros reúne vários pequenos textos em que os livros ou a literatura têm protagonismo, são colocados no centro e observados de diferentes ângulos – os livros como potenciadores de amor, o poder das bibliotecas, a infelicidade de sabermos que nunca vamos ler todos os livros do mundo, o que nos faz ganhar o vício da leitura, a leitura como companhia, entre tantos outros. 

 

Depois de terminar o livro, estive a ver algumas das entrevistas e conversas de Afonso Cruz em torno desta colecção de pequenas odes à leitura e aos livros, e houve uma questão que me saltou à vista: pode este livro ser instigador do vício dos livros em alguém? Honestamente, apesar de ter gostado muito de o ler, acho que não. Por uma simples razão: este livro foi escrito de um leitor para outros, há nele um sentimento de pertença a um grupo de pessoas espalhadas por todo o mundo, que não se conhecem mas partilham uma paixão. Eu acho isso ainda mais poderoso, a ideia de ser um reflexo destas pessoas todas que andam por aí. 

 

Se vocês estão a ler este blog e chegaram até este post, é porque têm algum tipo de interesse em livros ou em literatura, por isso este livro será certamente uma boa experiência para vocês. Vão lá buscá-lo e preparem-se para sentir um quentinho no coração enquanto o lêem – pelo menos foi assim comigo. 

Ter | 27.04.21

The Incendiaries, R. O. Kwon

Escolher o The Incendiaries, de R. O. Kwon, foi uma espécie de tiro no escuro porque não conheço a autora, nem nunca tinha ouvido falar do livro. Cheguei até ele porque o Kobo mo sugeriu e, como estava a 0,99€ e era curtinho, decidi dar-lhe uma oportunidade entre leituras mais demoradas. O que eu não contava era que, apesar de ter poucas páginas, conseguisse ser tão pesado. 

 

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Na realidade, eu devia ter antecipado porque a sinopse diz: “A powerful, darkly glittering novel of violence, love, faith, and loss, as a young woman at an elite American university is drawn into acts of domestic terrorism by a cult tied to North Korea”. Ninguém olha para isto e pensa é isto mesmo, uma coisa levezinha para me entreter, mas eu achei que fazia sentido e depois levei uma bela bofetada dada pela R. O. Kwon.

 

Essencialmente, acompanhamos o namoro entre Will e Phoebe, que se conhecem quando ambos entram na Edwards University. Will tenta por tudo ser bem sucedido nesta escola prestigiada e, não tendo grandes posses, tem que servir às mesas enquanto estuda. Transferiu-se de uma universidade católica depois de ter começado a desacreditar na religião. Paralelamente, Phoebe demonstra um interesse cada vez maior na matéria e começa a juntar-se a uma espécie de culto encabeçado por um antigo aluno chamado John Leal. 

 

People with no experience of God tend to think that leaving the faith would be a liberation, a flight from guilt, rules, but what I couldn't forget was the joy I'd known, loving Him.

 

Will rapidamente percebe os controlos extremistas deste grupo em que Phoebe se vê mais e mais envolvida, pelo que a partir de metade do livro acompanhamos os esforços dele para afastar a namorada daquelas pessoas. A novela é escrita a três vozes – Will, Phoebe e John Leal – e eu acho que grande parte da profundidade que senti vem, precisamente, de termos todos estes pontos de vista num livro tão pequeno. Ainda assim, também acredito que seja isso que o torna tão completo, já que consegue mostrar-nos o que pode fazer com que alguém se junte a um culto. 

 

Andei a procurar, mas não encontrei informações de que tenha sido traduzido para português. Por isso, se tiverem o hábito de ler em inglês e quiserem experimentar uma leitura um pouco diferente, tanto no tema como na forma de contar uma história, acho que deviam dar uma oportunidade a este The Incendiaries. Já tinham ouvido falar dele ou da autora?

Sex | 23.04.21

Dia do Livro // Livros que não me interessam

FELIZ DIA MUNDIAL DO LIVRO! 📚 Pronto, agora que já tirei o entusiasmo do sistema, está na hora de falar sobre livros, não é mesmo? 

 

Embora este blog já seja mais sobre leituras do que outra coisa, gostava de aproveitar este dia para assinalar uma espécie de upgrade à maneira como eles são abordados aqui neste cantinho. Isto não significa que deixe de publicar aqui as opiniões sobre os livros que vou lendo, até porque adoro fazê-lo, apenas que quero trazer ainda mais conteúdos relacionados com livros. Esta semana deixei uma caixinha de perguntas nas Instagram Stories, para darem as vossas sugestões, mas podem sempre fazê-lo aqui pelo blog. 

 

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Como queria abanar um pouco as coisas, e ao contrário do que tenho feito em anos anteriores (em que respondi ao desafio da Sofia com várias categorias de livros ou ao desafio Estante Cápsula da Andreia), este ano queria trazer um desafio diferente. A minha amiga Joana enviou-me esta tag do YouTube e eu soube logo que tinha que a trazer aqui para o blog. 

 

Mais do que falar-vos sobre os meus livros favoritos, os autores sem os quais não vivo ou mostrar-vos a minha estante, achei que seria interessante responder a estas questões sobre os livros e autores em que tenho pouco ou nenhum interesse. Vi este disclaimer a ser feito em muitos dos vídeos que respondiam a esta tag e acho que devo fazê-lo também: lá porque eu digo que não tenho interesse nestes livros ou escritores, não significa que esteja a criticá-los; apenas que, para mim e dentro das minhas leituras, não fazem muito sentido. Vamos a isso? 

 

1. Um livro que TODA A GENTE adora, mas que não tens qualquer interesse em ler.

Já sei que me vou lixar com este porque, por norma, eu acabo por adorar os livros de que toda a gente anda a falar, mesmo que ao início me arme em snob e evite lê-los. Aconteceu-me isso com Where the Crawdads Sing, que adorei. Mas há alguns tipo Terceira Índia e Nova Índia da Iris Bravo ou até o Eat, Pray, Love da Elizabeth Gilbert, com os quais não tenho curiosidade nenhuma. 

 

2. Um livro (ou autor) clássico que não tens grande interesse em ler.

Oi, William Faulkner, tudo bem? O problema não és tu, sou eu – tenho tanta coisa para ler, que só a ideia de ir ler O Som e a Fúria me aborrece. Eu acredito que seja muito bom, mas não puxa por mim. 

 

3. Um autor cujos livros não tens nenhum interesse em ler. 

Além do William Faulkner, há alguns autores que arrumo mais ou menos na mesma gaveta dentro da minha cabeça – Henry Miller é o primeiro nome de que me lembro.

 

4. Um autor de quem leste alguns livros e percebeste que não é para ti. 

Por falar em Henry Miller, depois de ler Henry and June da Anaïs Nin percebi que dificilmente vou ler um livro dela sem estar em esforço constante. O mesmo em relação aos livros do Karl Ove Knausgård, que achei que ia adorar, mas custou-me muito a ler. De qualquer das formas, dele ainda tenho cá o segundo livro da série A Minha Luta porque gostava de lhe dar uma nova oportunidade. 

 

5. Um género em que não tens interesse ou um género a que tentaste dar uma oportunidade, mas não conseguiste. 

Terror como género mais abrangente, tanto em filmes como em séries, deixa-me mesmo super desconfortável. Embora me custe menos ler livros de terror do que ver filmes, a verdade é que não sinto que me acrescente grande coisa. É uma pena porque o Guilherme é um grande conhecedor do género e temos imensos livros supostamente bons cá em casa. 

 

6. Um livro que compraste, mas que nunca vais ler. 

Tenho cá vários que comprei baratíssimos em segunda mão, mas que nunca me lembro que existem (ou faço por esquecer). A Mulher de Trinta Anos, de Honoré de Balzac, Filhos e Amantes de D. H. Lawrence ou Debaixo de uma Redoma de Anaïs Nin são alguns deles. 

 

7. Uma série que não te interessa ou uma série que começaste, mas não acabaste de ler. 

Tudo o que seja assim mais fantasioso perde logo a minha atenção, mas tenho tido uma experiência interessante com Harry Potter, pelo que não vou dizer que não a nenhuma série de livros à partida. Posso dizer, sim, que comecei a ler Game of Thrones (acho que li os dois primeiros) e rapidamente desisti porque já tinha o universo da série na minha cabeça e eram tantos livros, que acabei por deixar de lado. 

 

8. Um lançamento recente que não te desperta qualquer interesse. 

Vi que o Daniel Silva lançou um livro chamado A Ordem, mas honestamente não tenho nenhuma vontade de ler esse nem outros do mesmo género. Já tive a minha fase Código Da Vinci e por mim está bom, obrigada. 

 

 

O que acharam desta subversão do Dia Mundial do Livro? Gostei da ideia de estabelecer bem o que é que quero ler e o que não me interessa, uma vez que isso vai fazer com que a minha lista de livros para ler seja de facto apelativa para mim e, mais do que isso, fará com que as minhas compras sejam muito mais conscientes. Às vezes também é bom reflectir sobre o que não queremos na nossa vida, por isso também quero saber o que responderiam a esta tag! 

Qui | 22.04.21

Uma Dúzia de Livros // Maio: um livro proibido

Não é impressionante que, ainda hoje, haja livros a serem banidos ou censurados? Quando pensamos neste acto, associamo-lo imediatamente a livros que foram editados durante regimes mais opressores, mas até histórias inspiradas no movimento Black Lives Matter têm tentado ser silenciadas. Nesse sentido, talvez o tema de Maio d’Uma Dúzia de Livros – que está mesmo aí a chegar – seja o mais importante que tivemos até agora. 

 

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A proposta é ler um livro que foi proibido (censurado, banido, como quiserem dizer). Quando estava a pesquisar várias listas para me inspirar e partilhar convosco, dei por mim com a sensação de privilégio por já ter lido vários deles, sem que isso fosse um problema ou tivesse que o fazer às escondidas. Não sei quanto a vocês, mas a mim só me dá vontade de ler ainda mais, de aproveitar os livros que tenho à minha volta porque nunca se sabe o que pode acontecer. 

 

Encontrei demasiadas listas com livros que alguma vez foram banidos ou que foram alvo de tentativas de censura algures no mundo. Títulos como Harry Potter e 50 Shades of Grey incluídos, para verem o quão recente pode ser. Guardei estas para partilhar convosco: 

 

> Banned Book Lists do Goodreads, que no fundo é um conjunto de várias listas, dentro de diversos géneros ou temas;

> 12 Books That Have Been Famously Banned, do site Culture Trip;

> 50 banned books from recent history (including Harry Potter), uma lista bastante exaustiva do site Stylist. 

 

Como sempre, aqui a vossa amiga está muito indecisa sobre o que ler, mas acho que vou finalmente tentar acabar o One Flew Over the Cuckoo’s Nest, que não só tenho pendente cá por casa, como foi banido de uma escola secundária nos Estados Unidos e uma professora foi despedida porque o usou como material de estudo. A acusação dizia que o livro continha violência, crime, conteúdo sexual, morte, drogas, entre outros. É assim, não vou mentir, parece-me bem!

 

Já têm alguma ideia do que vão ler ou ainda vão dar uma vista de olhos pelas listas? Contem-me tudo aqui em baixo 👇

 

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Ainda não sabes o que é o Uma Dúzia de Livros?

É uma mistura entre clube e desafio de leitura onde, a cada mês, lemos um livro dentro de um tema. Cada pessoa tem liberdade para escolher o livro que melhor se encaixa em cada mês e temos um grupo no Goodreads onde vamos trocando impressões sobre as nossas leituras. Vêm sempre a tempo de se juntar!

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